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Crítica | Brad Barron – Vol. 1: Não Humanos

por Luiz Santiago
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Criada em 2005 e composta por 18 volumes, mais alguns especiais, a série Brad Barron é uma fantástica publicação da Bonelli que aborda o gênero de ficção científica à la anos 1950. Criação de Tito Faraci (roteiro) e Fabio Celoni (desenho do protagonista e capista de toda a série), com Bruno Brindisi desenhando esta primeira edição, Brad Barron traz para o leitor um tipo de realidade que ficou cristalizada nos cinemas de meados do século XX: humanos lutando contra os mais absurdos alienígenas, reflexo artístico de um momento político delicado no mundo, a Guerra Fria.

Nesta edição de abertura, intitulada Não Humanos, Tito Faraci nos apresenta o problema fixo da série (o mundo invadido e dominado por uma raça chamada morbs) através de uma interessantíssima alteração de perspectiva, primeiro com uma cena na casa da esposa e filha do protagonista, e dois para o mundo já dominado pelos invasores e Barron como prisioneiro. A partir daí, o texto usa o flashback para explorar alguns detalhes familiares e fornecer material visual ao diálogo interno do personagem, um biólogo e ex-militar que voltou da 2ª Guerra e que prometeu numa mais entrar em outra… Até o momento em que os morbs chegaram à Terra e levaram tudo o que ele tinha de mais precioso.

Apesar de ter um início chamativo — como disse antes, o recurso para mostrar passado e presente é muito bem utilizado pelo autor –, Não Humanos demora um pouquinho para deslanchar de verdade. É o tempo de o leitor perceber o objetivo dos morbs, entender a dinâmica da invasão em termos geográficos e principalmente conhecer Brad Barron, que tem todas as características do herói machão cinquentista dos sci-fi B. Quando chegamos ao capítulo Ataque à Terra, já temos uma boa noção de tudo isso, e aí a leitura se torna mais engajada e divertida, especialmente porque Bruno Brindisi passa a explorar um dos maiores trunfos das publicações da Bonelli, que é dar atenção verdadeira para a movimentação dos personagens, às vezes com algumas páginas sem diálogo ou narração alguma, apenas onomatopeias e uma ótima condução rítmica/diagramação nos guiando e fazendo o nosso coração bater mais forte.

Já o capítulo Caçador e Caça eleva essa percepção para um outro nível, o de expansão de possibilidades da série, com Barron conseguindo escapar da prisão/vigilância/controle dos morbs e preparar-se para uma grande jornada, aquilo que deverá ser o corpo das publicações adiante.

Não Humanos abre esse título sci-fi da Bonelli com uma boa dose de ação e muitas possibilidades para se explorar, tanto do lado dos vilões (me interessa bastante a divisão deles entre uma casta científica e outra militar) quanto do lado do herói. Imaginamos o que ele deverá encontrar pelo caminho e como se dará a próxima luta contra os invasores. Uma aventura de aura clássica com toda a experiência dos quadrinhos modernos em termos de condução e conteúdo da narrativa. Certamente vale a pena conferir.

Brad Barron – Vol. 1: Não Humanos (Non Umani) — Itália, maio de 2005
Roteiro: Tito Faraci
Arte: Bruno Brindisi
Capa: Fabio Celoni
Editora original: Sergio Bonelli Editore
No Brasil: Graphite Editora, 2019
96 páginas

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