Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Brave and the Bold #30: Liga da Justiça – O Caso do Roubo dos Superpoderes

Crítica | Brave and the Bold #30: Liga da Justiça – O Caso do Roubo dos Superpoderes

por Luiz Santiago
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Esta é a edição final da Liga na revista Brave and the Bold. Um bimestre depois, o grupo ganharia o seu próprio título e manteria o grande apelo diante do público, consolidando-se rapidamente no mercado americano. Esta edição porém, apesar de ter momentos muito bons, divertidos e informativos, quer que acreditemos em coisas muito absurdas e tem um erro de continuidade imenso, sobre o qual falarei a seguir, que atrapalha bastante na avaliação. Novamente dividida em capítulos, a história começa com o Flash correndo atrás do Mestre dos Espelhos, que aparentemente ameaçou os bancos de Central City. Então algo dá errado. Por alguns segundos, os poderes de Barry Allen não funcionam e ele é colocado em risco. Mas rapidamente como surgiu, a falha nos poderes desapareceu. Segue-se então uma série de falhas observadas no cotidiano dos membros do grupo: Lanterna Verde salvando o Cannonball Express; Mulher-Maravilha impedindo que um míssil caísse em uma cidade; Aquaman salvando um mergulhador caçador de tesouros e Caçador de Marte guiando uma ambulância por uma estrada noturna e completamente enevoada.

Notem que não tem como não ser entretido pelos motivos narrativos utilizados na revista. Fox era um mestre em buscar coisas do cotidiano e colocá-las na trilha dos heróis, o que obviamente fazia da Liga um grupo de fácil conexão com o leitor e com histórias encorpadas, cheias de elementos dramáticos que não permitiam exatamente uma leitura rápida, quase nos forçando a saborear o andamento das coisas. Para leitores que não têm paciência para nada de descrição, esse tipo de narrativa acaba sendo um problema. Ela não é completamente livre de narração de ações — confesso que é mesmo estranho ver os personagens falarem ou pensarem algo que a gente está vendo eles fazerem — mas consegue colocar isso no texto de forma bastante dinâmica.

A reunião convocada pelo Flash mostra algo diferente até então. Uma série de roubos bizarros de animais que o chato do Snapper “desvenda” como sendo animais que vivem o máximo de tempo dentro de cada espécie, o que gera um plano de ação para os heróis, que batalharão contra Amazo, o androide criado pelo Professor Ivo e que roubou os poderes da Liga, fazendo com que eles se esquecessem que tinham sido roubados. A ideia é boa, mas não se fecha por completo. Ela ganha, inclusive, uma outra camada de explicação, mais satisfatória, com o Lanterna salvando o dia. Novamente dividida em capítulos, a revista mostra o grupo resgatando ou protegendo animais muito velhos. Está claro que o malvado professor pretende descobrir o segredo da longevidade. Nesta jornada, temos:

  • Cuaraz, Peru: Mulher-Maravilha é designada para resgatar o senhor José Mendoza, o homem mais velho do mundo.
  • Fernandina, Ilhas Galápagos, Equador: Lanterna Verde e Aquaman devem proteger a apelidada “Old Ironhead”, uma amiga do Peixoso, a tartaruga marinha mais velha do mundo.
  • Rhode Island, Estados Unidos: Flash e Caçador de Marte vão até um aviário proteger a coruja mais velha do mundo. Este é disparado o pior de todos os blocos, com o Flash fazendo a coisa patética de asas e crista amarelas, com as penas de animais do aviário (haja pena amarela!) para furar o bloqueio gerado pelo poder do Lanterna, manipulado por Amazo.

E então temos o caso de Batman (designado para proteger um elefante no coração da África) e Superman, enviado para proteger uma baleia no Atlântico sul. O roteiro coloca os dois na reunião, dá tarefas para eles, mas não os mostra. Aliás, eles são apenas citados no final, mas não fazem sequer a aparição no julgamento do Professor Ivo. Este é o problema de continuidade sério que a trama apresenta e que faz com que caia na avaliação final.

Estas três edições da Liga da Justiça na revista The Brave and the Bold formam uma introdução bem marcante do grupo. Volto a ressaltar que não vimos aqui um desenvolvimento maior do relacionamento entre os heróis, mas na aventura contra Amazo, o roteiro os coloca um pouco mais soltos uns com os outros, especialmente na hora de arquitetarem o plano de ação. A despeito dos momentos estranhos e um traço ou outro de enredo truncado, a leitura dessas edições vale muitíssimo a pena e não digo isso apenas pelo valor histórico que elas possuem. São de verdade histórias muito divertidas de se ler.

Brave and the Bold Vol.1 #30: Case of the Stolen Super Powers! (EUA, junho/julho de 1960)
Roteiro: Gardner Fox
Arte: Mike Sekowsky
Arte-final: Bernard Sachs
Capas: Mike Sekowsky, Murphy Anderson
Editoria: Julius Schwartz
26 páginas

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