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Crítica | Brendon – Vol.1: Nascido em 31 de Fevereiro

Um homem em uma Terra devastada por um meteorito.

por Luiz Santiago
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Nascido em 31 de Fevereiro é a estreia da série Brendon, criada por Claudio Chiaverotti (roteiro) e Massimo Rotundo (arte) para a Sergio Bonelli Editore. Brendon é um daqueles heróis enigmáticos da Bonelli, de quem sabemos pouco e a quem acompanhamos, com olhos atentos e ansiosos, por diversas andanças em um território terrivelmente hostil. A realidade da série é uma Terra pós-apocalíptica que, em meados do século 21, sofreu o impacto de um meteorito que levou o mundo para um estágio de vida e tecnologia similares ao da Idade Média.

O protagonista, Brendon D’Arkness, é contratado por pessoas para matar inimigos, mas como é de praxe em qualquer quadrinho ou narrativa dessa natureza, ele não precisa estar em serviço para atravessar uma situação ruim. Às vezes, apenas a sua presença em um lugar já dá início a uma série de situações tenebrosas que ele acaba enfrentando, quase morrendo, mas saindo solitariamente vencedor no final. Nessa primeira aventura, o texto de Claudio Chiaverotti não nos dá muitas informações sobre o personagem, limitando-se apenas a arranhar a superfície do que aconteceu com a Terra para que chegássemos a esse cenário de destruição e perigo.

É muito importante ter os detalhes dessa destruição em mente, porque nem sempre Brendon estará visitando regiões que anteriormente tinham sido grandes centros urbanos (já na edição dois, Lágrimas de Escuridão, isso acontece), e nessas ocasiões, o caráter mais “medieval” aparece de forma intensa. Nessa estreia, porém, fica bastante claro o fato de estarmos no futuro e em uma Terra que passou por uma grandiosa destruição. Conhecemos não só o protagonista mas também o seu cavalo Falstaff e o curioso Christopher, um autômato que tem aparência de um fantoche e que cuida da “residência” de Brandon, ou seja, as ruínas de um castelo. No centro das atenções aqui está uma seita misteriosa ligada à “vida eterna” ou “vida depois da morte” e  uma misteriosa mulher com uma máscara de titânio no lugar do rosto.

Embora a história seja interessante (mas não tanto quanto outras narrativas da Bonelli que abordam essa premissa de “Terra destruída” ou “Terra diferente da que conhecemos hoje“, como Nathan Never e Brad Barron), não há muita coisa para o leitor se apegar. Aliás, fica até um pouco difícil a gente se aproximar de Brendon, talvez por termos poucas informações a seu respeito ou talvez pelo roteiro não dar a ele diálogos ou situações que façam-no se destacar para além da força bruta. Fora a atmosfera promissora gerada pela novidade de estarmos conferindo um novo título, nada nessa aventura merece grandioso destaque… ou melhor… apenas uma coisa merece. E esta é a arte de Massimo Rotundo.

O nível de detalhes, a riqueza na criação das cidades destruídas e o dinamismo dos traços e da finalização são os principais ingredientes do trabalho fenomenal de Rotundo aqui, sendo majoritariamente responsável por nos fazer mergulhar com gosto nessa realidade devastadora. Através da arte, ele nos transmite a sensação de abandono, de sujeira, de ruínas de um mundo que já foi tecnológico e desenvolvido e que agora está entregue a um atraso inimaginável. A ideia para a criação desse universo é chamativa e pode gerar coisas notáveis com o passar das edições. Nessa estreia, porém, conseguiu apenas despertar alguma curiosidade, o que no geral já é algo importante, mas para “nível Bonelli“, ainda é pouco.

Brendon – Vol.1: Nascido em 31 de Fevereiro (Nato il 31 Febbraio) — Itália, 14 de junho de 1998
Editora:
Sergio Bonelli Editore
Roteiro: Claudio Chiaverotti
Arte: Massimo Rotundo
Capa: Corrado Roi
100 páginas

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