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Crítica | Brendon – Vol.2: Lágrimas de Escuridão

História de alquimistas.

por Luiz Santiago
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Como deixei claro em Nascido em 31 de Fevereiro, não é sempre que Brendon está perambulando ou numa missão em ambientes urbanos, de modo que algumas histórias nos darão a impressão de estamos mais na Idade Média do que numa Terra da metade (ou fim?) do século XXI após passar por uma grandiosa destruição causada por um meteorito. Neste Lágrimas de Escuridão, o elemento de fantasia fica ainda mais evidente na série e vemos o protagonista visitar uma pequena cidade onde irá vender ovos de uma criatura aracnídea mutante para um alquimista. Ou seja, não é uma missão onde Brendon precisa caçar ou matar alguma pessoa terrível, mas uma quase simples transação comercial (traz à memória um pouquinho de The Witcher, até) que acaba na condenação do personagem à morte.

A abordagem dessa história muda bastante em comparação com a anterior. Exceto pela permanência da realidade de “Terra destruída“, toda aquela cara cosmopolita desaparece e parecemos estar em um reino medieval europeu qualquer, com um aventureiro enfrentando a maldade corrente dos seres humanos, a justiça cega e corrupta das vilas e um pouquinho de elemento místico vindo de um integrante do povo. Aliás, outra história que me veio à mente, enquanto lia essa aqui, foi Terra Perdida, terceira aventura de Brad Barron, também da Bonelli. Em ambas as tramas o protagonista chega a uma localidade isolada, se vê diante de alguns problemas e de uma mulher bonita, sexy e que tem um filho. A receita para muita confusão encadear-se.

Nessa edição, os muitos detalhes do Universo de Brendon começam a aparecer mais e deixar a história verdadeiramente chamativa. Ao abrir totalmente as portas para a fantasia, Claudio Chiaverotti nos engaja mais facilmente, talvez por deixar o enredo mais simples e dar bastante atenção aos personagens, inclusive para o protagonista, que tem mais diálogos e muito mais ação para além de lutas e fugas, fazendo com que a gente entenda um pouco mais de seus pensamentos, atitudes e sentimentos. Pena que a arte de Giuseppe Franzella não é tão expressiva ao acompanhar essa jornada, deixando algumas cenas visualmente menos impactantes, quando tinham tudo para destacar-se com louvor.

Em termos gerais, esta é uma história um tantinho superior a …31 de Fevereiro. A atenção que logra despertar no leitor vem através do drama dos assassinatos, da posição de Brandon diante do que está acontecendo — especialmente depois de ser condenado a tomar o veneno que o mataria em 24h senão pudesse provar sua inocência — e de Anja O’Flanagan, que é o pivô de muitos problemas aqui retratados. Tendo integrado o Exército Nympha e saído de lá porque não aceitavam a maternidade, a mulher vive aqui em um intenso trauma, situação que gera uma ótima reviravolta/revelação no final da edição, algo digno de filme.

Lágrimas de Escuridão nos mostra o fim de uma linha de manipulações feitas por um feiticeiro mal intencionado e uma interessante adição de elementos sobrenaturais na vida de Brendon, que vive rejeitando ou colocando de lado toda possibilidade “mística”, mas que acaba cedendo (ou fingindo ceder?) a um aspecto desse lado da existência. Se já tinha mantido o nosso interesse na primeira edição, agora a série nos ganha pelo leque de possibilidades que indica ter. Falta agora uma necessária explicação, nem que seja de pequenas migalhas a cada edição, sobre o protagonista, que exceto em relação à sua “profissão” nesse mundo destruído, ainda é um completo mistério para nós.

Brendon – Vol.2: Lágrimas de Escuridão (Lacrima di Tenebra) — Itália, 1º de agosto de 1998
Editora:
Sergio Bonelli Editore
Roteiro: Claudio Chiaverotti
Arte: Giuseppe Franzella
Capa: Corrado Roi
100 páginas

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