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Crítica | Caçados (2007)

por Leonardo Campos
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Os leões não estão presentes tão numerosamente no subgênero horror ecológico, em comparação aos ratos, serpentes, aranhas e outras criaturas da natureza, mas é um animal com gigantesco potencial simbólico nas culturas orientais e ocidentais. Intitulado rei da selva e descrito como farejador de graça física e extraordinária beleza, os leões também são animais mencionados como garras ansiosas pela caça e com bocas sôfregas por sangue. É como James Paterson os descreve no romance Zoo, uma versão turbinada e revertida da Revolução dos Bichos, de George Orwell. Mamíferos carnívoros, esses seres vivem entre 10 e 14 anos. Conhecidos pelo rugido alto e imponente, possuem uma estrutura que denota força e vitalidade, dominância no reino selvagem e perigo para os seres humanos que se aproximam sem o devido treinamento e cautela. Dentre as produções mais conhecidas sobre o assunto, temos A Sombra e A Escuridão, narrativa que precede Caçados no que tange aos animais selvagens em confrontos mortais com os humanos.

Assim que o filme terminou, pesquisei alguns detalhes sobre estas criaturas, tendo em vista compreender mais o horror interno, perpetrados na vida dos personagens. Os leões são animais com hábitos alimentos crepusculares e noturnos, criaturas que exibem beleza formidável e forte dominância nos territórios que habitam. Geralmente dormem na maior parte do dia. Em Caçados, horror ecológico lançado em 2007, os felinos são transformados em monstros e aterrorizam a vida de um grupo de turistas que resolve descumprir determinadas regras regionais do passeio adquirido e acabam encarcerados dentro de um automóvel, numa zona distante de qualquer sinal de urbanização, celular, etc. É como esse mote, estruturado pelo roteiro de Beau Bauman e Jeff Wadlow, que o cineasta Darrell Roodt comanda o divertido e básico filme com leões famintos, com os instintos aguçados e prontos para tornar a vida dos personagens perdidos em pleno safari africano, num inferno desafiador tanto em termos físico quanto psicológicos.

Para a acrescentar drama humano na trajetória, temos como ponto central os filhos de Tom Newman (Peter Weller), um homem que precisa avaliar a instalação de uma usina hidrelétrica na região e aproveita a oportunidade para levar os jovens Jessica (Carly Schroeder) e David (Conner Dowds) para se divertir e conhecer a sua nova esposa, Amy (Bridget Moynahan). Como já é de se esperar, o contato entre os garotos e a madrasta não é nada favorável para o sucesso da viagem. Ocupado com seu agendamento, Tom programa um passeio pela região, exótica para o olhar dos estadunidenses em território novo. Ele não vai para o programa, o que o impede de compartilhar os momentos de horror que deixam os personagens aterrorizados diante de uma ameaça em potencial. Neste esquema narrativos, muitas perseguições, sustos, algumas mortes e o resgate final com direito ao marido e um caçador contratado para ajudar na missão.

A situação é perigosa, mas acaba ajudando o grupo a se unificar. É clichê, sabemos, dos mais recorrentes, mas funciona como entretenimento, sem entediar o espectador, como acontece com muitas produções do segmento. Ao sair para urinar e mudar o rumo da trilha oficial do passeio, o pequeno David jamais imaginou o que poderia acontecer com as pessoas envolvidas naquele ato de diversão. O guia do passeio, a primeira vítima do processo, demonstra para os acuados que os leões não estão para brincadeira. Captados pela direção de fotografia de Michael Alan Brierley, setor que impõe o famoso ponto de vista da criatura em Caçados, acompanhamos a sufocante aventura com a trilha sonora adequada de Tony Humecke, condução auditiva impulsionada pelo design de som de Nick De Beer, eficiente em tornar os felinos onipresentes.

O design de produção de Tiann van Tonder também dá conta do recado, ao gerenciar bem todos os setores que se dividem entre os cenários naturais e as gravações em estúdio, repleta de efeitos visuais adicionais, supervisionados pela equipe de Desmond Allan, igualmente adequado para os interesses narrativos deste filme consciente de sua estrutura dramática forjada dentro de limites próprios, parte de uma temática largamente abordada no cinema, não com leões, mas com outros animais selvagens diversos. Ademais, ao longo de seus 92 minutos, Caçados nos apresenta todas as convenções do subgênero horror ecológico, em especial, na presença de um caçador nada humilde, Crawford (Jamie Bartlett), homem que se acha maior que os felinos, mas corre sérios riscos de se tornar comida para os poderosos animais selvagens africanos.

Caçados (Prey/Estados Unidos, 2007)
Direção: Darrell Roodt
Roteiro: Beau Bauman, Darrell Roodt, Jeff Wadlow
Elenco: Bridget Moynahan, Carly Schroeder, Conner Dowds, Jamie Bartlett, Marius Roberts, Peter Welles
Duração: 93 min.

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