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Crítica | Cantinflas (2014)

por Guilherme Coral
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estrelas 2,5

Em seu segundo longa-metragem, Sebastian del Amo nos traz um retrato da vida de um dos maiores artistas mexicanos, Mario Moreno “Cantinflas”. Com uma fama equiparada àquela de Charles Chaplin, o ator participou de mais de cinquenta filmes, inclusive o ganhador do Oscar de Melhor Filme, A Volta ao Mundo em 80 Dias (1956).

Cantinflas abre com um panorama geral do cinema da época, nos situando na primeira metade dos anos 1950, durante a pré-produção do filme baseado na obra de Júlio Verne. Nossa perspectiva permanece em Michael Todd (Michael Imperioli, o Christopher Moltisanti de Família Soprano), o produtor do longa metragem. Seu projeto, financiado pela United Artists, busca escalar dezenas de atores famosos ao redor do mundo em pequenas pontas (que seriam completamente de graça). Já tendo conquistado Elizabeth Taylor (Bárbara Mori), cabe a ele trazer o astro mexicano Cantinflas (Óscar Jaenada) para a jogada.

Nesse ponto voltamos para a década de 1930, onde um ainda jovem Mario Moreno não encontrou sua verdadeira vocação. Com essa narrativa dupla acompanhamos o crescimento do ator ao longo dos anos, ao mesmo tempo que assistimos os esforços de Todd em conseguir o famoso ator para o papel. O longa, contudo, já demonstra seu maior problema desde já. Ele conta com um grande ar de artificialidade que assola os dois tempos narrativos. Trata-se de uma visão demasiado romantizada, algo como o imaginário de um leigo sobre o processo cinematográfico, que imagina tudo como um grande tapete vermelho.

Óscar Jaenada, no papel principal, por mais que esteja perfeitamente caracterizado como Cantinflas, custa a nos convencer e na comédia gera uma notável apatia, que nos deixa muito aquém do trabalho do verdadeiro homem. O ponto forte na retratação dessa figura é o lado dramático da obra, que demonstra a mudança de Moreno ao longo dos anos, deixando para trás sua família e amigos, focando, cada vez mais, em sua profissão. É o clássico conto da fama e o dinheiro subindo à cabeça da pessoa e nesse quesito, a obra não falha.

A divisão em dois pontos de vista, por sua vez, falha em nos entregar um resultado desejável, ao passo que as narrativas custam a se unir de forma orgânica. Ironicamente, em diversos pontos da obra, preferimos a trama focada em Michael Todd, ainda que esta seja, de fato, a mais romantizada de todas, nos mostrando inúmeras figuras ilustres da época. Impossível não deixar soltar um sorriso com uma única aparição que não irei revelar por aqui. Este lado do longa-metragem chega a nos lembrar, em diversos momentos, O Jogador, de Robert Altman, ainda que não construa um tom tão envolvente.

Algo que se destaca perante a tantos deslizes é o trabalho fotográfico de Carlos Hidalgo. O ponto de vista centrado em Mario Moreno primeiramente assume uma tonalidade envelhecida de imagem, como um grande flashback que permanece pela maioria do filme. Aos poucos, contudo, as cores vão assumindo tons mais próximos ao real, na tentativa de criar um melhor encaixe entre as duas narrativas. Sob este aspecto, é uma tentativa bem sucedida, ainda que o roteiro falhe em construir uma união harmônica.

Cantinflas definitivamente não faz jus ao grande ator que busca homenagear. Com pontos positivos cercados por inúmeros problemas, trata-se de um longa-metragem que, por pouco, diverte. Se quiser conhecer o ator mexicano a melhor pedida continua sendo assistir um de seus filmes.

Cantinflas (idem – México, 2014)
Direção:
Sebastian del Amo
Roteiro: Edui Tijerina, Sebastian del Amo
Elenco: Óscar Jaenada, Michael Imperioli, Ilse Salas, Bárbara Mori, Ana Layevska, Adal Ramones, Mauricio Argüelles, Luis Arrieta, Julian Sedgwick
Duração: 102 min.

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