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Crítica | Case Comigo (2022)

Um Lugar Chamado Aquele Filme que Você Já Viu.

por Felipe Oliveira
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Infelizmente esnobada no Oscar 2020 por seu papel como Ramona no filme As Golpistas, Jennifer Lopez soma em sua carreira outros papéis marcantes como na cinebiografia Selena, ou no terror A Cela. Tendo passado por vários gêneros, Lopez tem uma recorrência em seus trabalhos nas telas ao protagonizar comédias românticas. Nada melhor do que um subgênero que tem a receita perfeita que tira figuras opostas de suas zonas de conforto e apresenta-lhes o caminho mágico de um amor improvável e que no fim consegue aquecer o coração. 

Baseado no livro homônimo de Bobby Crosby, Case Comigo tem o pontapé genérico certeiro que faz jus a uma boa comédia romântica. Lopez vive uma prestigiada cantora do pop latino, Kat Valdez, que prestes a embarcar em um novo casamento ao lado de Bastian (Maluma), outro estrela latina, no Madison Square Garden, descobre que seu par não era o cara dos sonhos, e dando um tiro no escuro, decide se casar com um cara da multidão. O título “case comigo” é sobre uma declaração e votos de matrimônio, uma afirmação direta a um pedido de dois pombinhos apaixonados, é sobre a reação impulsiva da desilusão amorosa. É também sobre muitas outras “camadas” supérfluas que Marry Me poderia ser, se tivesse ao menos o mínimo de personalidade até em fazer o esperado.

A ideia de uma estrela pop junto ao cara comum como soma da fórmula do amor verdadeiro não ter nada original, não é o problema aqui. Muito pelo contrário, é uma decisão atraente, provocante justamente para contrapor as bases do universo de pessoas tão distintas que se apaixonam. Já era bastante curiosa a concepção de Lopez e Maluma estrelando um filme, então entra Owen Wilson como elemento definitivo para essa reunião, que não tinha nada demais em sua premissa, mas que se tornou chamativa pelos nomes envolvidos. Mas não há nome para dar um pouco de tempero a Marry Me, que mais se parece com uma colcha de retalhos buscando se fazer de momentos do que se mostrar comprometido com a história.

O roteiro adaptado quer ser mais um pouco ao incrementar o argumento de subversão ao subgênero que se aventura, através do ato de Kat provocando sobre essa quebra de papéis com a mulher sendo a primeira a dar o passo, e não esperando ser surpreendida pelo homem certo. Como Amor de Aluguel, a fórmula empurra essa “mentira” até que seja verdade, e já que se trata de uma figura pública, o número inesperado no final do casamento é encarado como a coisa do momento que todo mundo quer saber, agora que Kat leva a decisão a sério, e não como uma saída rápida pelo vexame causado pelo ex-noivo.

Então, o simpático professor de matemática Charlie (Wilson), que só estava acompanhando a filha no evento, agora se vê nessa realidade inversa à sua: agenda, smartphone, conferências, declarações públicas, e fotos. Então a grande cantora latina aprende a se desvincular das praticidades da fama, os apliques capilares e até entende que para bater um smoothie no liquidificador tem de fechar a tampa! — que coisa, não? — e por fim, para a moral que se destina: a descoberta do amor verdadeiro é para todos. Todo esse conceito está em Case Comigo, que não quer ser nada além de uma história aconchegante e de final feliz pros personagens, e nem se importa de ser cafona para alcançar este feito, no entanto, é algo que demora a apresentar essa familiaridade genérica parecendo perdido muito no que era mais esperado de conferir no filme: seu elenco.

É o primeiro papel de atuação de Maluma em um longa-metragem, além de ter emprestado sua voz para a animação Encanto, mas, não há nada no personagem de Bastian que não pareça ter saído de um videoclipe. Aliás, Marry Me é como um roteiro de videoclipe, só que estendido para uma versão que não sabia a hora de acabar e foi se envolvendo nas possibilidades que a ideia poderia resultar. De alguma maneira, acharam que a química e excelentes performances que Maluma e Lopez entregaram em parcerias musicais poderiam ter um alcance semelhante aqui, mas foram escolhas que mais contribuíram para a plasticidade da abordagem.

O filme estabelece de maneira ágil, graças a uma edição que não quer perder tempo, que Kat e Bastian são grandes estrelas prestes a se casar, em seguida, a história vai ao ponto que interessa. Tudo poderia ser visualizado em um clipe com a figura feminina dando a volta por cima encontrando a pessoa ideal, mas em certos momentos, o desenrolar parece estar acompanhando pequenos episódios da rotina de uma artista, com Jennifer Lopez sendo ela mesma performando uma personagem que após o baque matrimonial, a cada dez frases, oito são frases perfeitinhas desse choque de realidade, dando outra visão para lidar com as coisas. Então, entra Charlie, com seu Owen Wilson também parecendo ele mesmo. O resultado é uma reunião de astros que não parecem se esforçar para ter personalidade na composição.

Química? Só se for na fórmula já apressando as substâncias da equação da comédia romântica de que os pombinhos estão destinados a ficarem juntos. Mas por baixo desse envolto artificial, a direção de Kat Coiro consegue captar a graça e carisma da história que quer se encaixar no molde tradicional do subgênero, e ainda inserir uma subversão para sua protagonista que está prestes a ter uma repaginada na vida.

Case Comigo (Marry Me – EUA, 2022)
Direção: Kat Coiro
Roteiro: John Rogers, Tami Sagher, Harper Dil
Elenco: Jennifer Lopez, Owen Wilson, Maluma, John Bradley, Sarah Silverman, Chloe Coleman, Michelle Buteau, Khalil Middleton
Duração: 112 min

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