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Crítica | Castlevania II: Simon’s Quest

por Guilherme Coral
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estrelas 2,5

Lançado em 1986, o primeiro Castlevania foi um sucesso imediato e até hoje é reconhecido como um dos grandes clássicos do Nintendo Entertainment System (NES). Naturalmente que a Konami, responsável pelo desenvolvimento do game, não deixaria a oportunidade de criar uma franquia em cima de sua obra passar, algo que já havia sido, em termos, iniciada, já que Vampire Killer, do MSX2 chegara às lojas apenas um mês depois do primeiríssimo da série. Esse, porém, é enxergado como uma espécie de spin-off, ou simplesmente uma diferente versão do jogo original – eis que, em 1987, é lançada a primeira sequência propriamente dita, Castlevania II: Simon’s Quest.

Assim como o já citado Vampire Killer, esse segundo game da série principal dispensa a estrutura episódica, típica de arcades, de seus antecessor. Claramente a Konami decidira se apoiar em obras como Metroid, criando um universo bidimensional a ser explorado, compondo o jogo com elementos como o backtrackingpuzzles e diversos elementos de rpgs, especificamente os níveis de experiência, ganhos através da coleta de corações, os quais são derrubados pelos inimigos após a morte. Além disso, temos aqui o primeiro Castlevania que nos possibilita equipar e desequipar itens, clara evolução de um dos fatores de Vampire Killer.

O interessante de acompanhar a trajetória da franquia cronologicamente é enxergar como a Konami ainda experimentava com suas fórmulas. Qualquer um que tenha jogado tanto o game original quanto Vampire Killer irá perceber Simon’s Quest como uma grande amálgama dessas duas obras. Infelizmente, nessa junção, os desenvolvedores acabaram, também, incluindo determinados notáveis defeitos presentes nos anteriores, além de trazer alguns aspectos negativos novos, que tornam esse um game extremamente datado, com escolhas de design que chegam a ser surreais de tão problemáticas.

O maior deslize, sem a menor sombra de dúvidas, é a completa ausência de qualquer didática dentro do jogo. A forma como devemos progredir na história não é nada intuitiva e devemos depender de diálogos com npcs a fim de descobrir detalhes sobre os objetivos. O grande problema é que esses mesmos npcs mentem e, para piorar, a tradução do japonês para o inglês foi feita nas coxas, com inúmeras das dicas, se não a maior parte delas, perdidas no processo. Isso tudo faz de Simon’s Quest um game que, obrigatoriamente, requer um “detonado”/ walkthrough para ser “zerado”, ou, ao invés disso, muita sorte por parte do jogador.

Esse grande defeito, que certamente pesa em nossa percepção da obra como um todo, porém, não consegue apagar os pontos positivos do jogo, muitos dos quais foram essenciais para a evolução da franquia, abrindo espaço para que, anos mais tarde, ganhássemos o icônico Symphony of the Night. O primeiro desses elementos é a presença de mais sub-armas, como o cristal. Outro é a introdução de determinadas habilidades adquiridas através de itens, que acabaria se desenvolvendo nos inúmeros sistemas diversos de magia ao longo da franquia.

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Além disso, não temos como descartar a excelente trilha sonora – aliás, esse padrão fora introduzido no primeiríssimo game da série e se manteria por todos eles. Ainda que essa continuação conte com um número menor de músicas, temos algumas de destaque, como a icônica Bloody Tears, a qual se tornaria um dos temas da série, ganhando diversas versões com o passar dos anos.

No lado dos gráficos, a obra apresenta uma nítida melhoria em relação ao seu antecessor, com sprites mais detalhados e uma paleta de cores mais diversa. Claro que a similaridade entre as diferentes telas não ajuda, mas isso fica a cargo do game design, que consegue nos confundir tanto quanto os npcs, questão que apenas se agrava em razão da ausência de um mapa (!!!). Dito isso, deixando tais deslizes de lado, é interessante observar como esse Castlevania demonstra ser muito mais sombrio que seu antecessor, ponto evidenciado pelas cores e iluminação – mais um elemento herdado de Vampire Killer.

Digno de nota, também, é a dificuldade consideravelmente reduzida desse em relação ao jogo anterior. Ainda que, para os padrões atuais, Castlevania II seja um game difícil, os chefes se tornaram consideravelmente mais fáceis que aqueles enfrentados no original, mudança essa, que, sim, era mais do que necessária (Morte, estou olhando para você). Tal característica, evidentemente, pode atrair mais jogadores, ainda que esses mesmos certamente serão afastados pela estrutura nada didática da obra.

Castlevania II: Simon’s Quest é, portanto, um game de muitos acertos e muitos erros. Trata-se de uma clara tentativa da Konami em unir o primeiro CastlevaniaVampire Killer. Nesse processo de experimentação, contudo, os desenvolvedores pecaram na forma como devemos alcançar nossos objetivos dentro do jogo, deixando tudo extremamente críptico, requerendo do jogador que esse se apoie em walkthroughs para avançar na história. Apesar disso, é um jogo que merece ser experimentado, nem que seja para entender a evolução da franquia.

Castlevania II: Simon’s Quest
Desenvolvedora: Konami
Lançamento: 28 de agosto de 1987
Gênero: Ação, plataforma
Disponível para: Famicon Disk System, NES, Virtual Console

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