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Crítica | Cavalgada dos Proscritos

por Guilherme Coral
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estrelas 3

Nos trazendo um relato ficcional de um trecho da vida dos membros da gangue James-Younger, da qual o famoso Jesse James fazia parte, Cavalgada dos Proscritos opta por uma ênfase em cada um dos indivíduos apresentados, os desmistificando. Não temos aqui relatos de lendas do Oeste e sim uma pequena amostra de como esses homens ganharam esse status, se encaixando perfeitamente na era dos finais sem glória, que, em linhas gerais, vai de 1971 a 1980.

O roteiro assinado por quatro mãos (Bill Bryden, Steven Smith, Stacy Keach, James Keach), contudo, não sabe trabalhar com fluidez o foco nos diversos personagens da gangue, nos trazendo uma narrativa demasiado fragmentada, que acaba provocando constantes quebras de imersão ao longo da projeção. Há uma montagem incerta na transição entre as sequências, que visivelmente atrapalha nossa percepção da temporalidade da obra, empregando elipses nada claras que mais confundem o espectador, sem garantir a devida noção de passagem do tempo. Esse fator diretamente influi em nossa identificação com diversos personagens, tirando grande parte do drama não só de seu desfecho, como do restante do longa-metragem em si. A direção de Walter Hill consegue ainda salvar na retratação dos personagens, em especial com Cole e Jim Younger (David e Keith Carradine), com quem conseguimos estabelecer uma maior proximidade.

Isso, contudo, não é o suficiente para nos trazer a tensão desejada quando se trata da perseguição à gangue. Temos aqui uma estrutura similar àquela de Butch Cassidy, mas em nenhum ponto sentimos o sufoco que se faz evidentemente presente no filme de 1969.

Ainda assim, a história, que transita entre os irmãos Young (personificados por David, Keith e Robert Carradine) e os James (James e Stacy Keach), consegue nos prender por grande parte de sua duração. Se a montagem entre as cenas sofre inúmeros problemas, a interna é consideravelmente mais precisa, nos trazendo extasiantes sequências de ação, que mantém nosso olhar fixo a cada segundo do filme. A crueza dos tiroteios auxilia essa qualidade, sabendo empregar a violência de forma orgânica a fim de nos passar uma notável amargura. O sangue é central em tais momentos, provocando uma sensação de maior realismo a cada plano. Uma cena em específico,

A fotografia de Ric Waite é crucial para cumprir esse papel de sobriedade da obra, sabendo trabalhar com movimentos sutis de câmera intercalados com enquadramentos mais estáticos. O close somente dá lugar ao plano geral nas sequências de cavalgada pelas planícies e nesse ponto, Waite emprega filtros levemente amarelados para ressaltar o contraste entre os terrenos verdejantes e as estepes mais desérticas que se fazem presentes no longa.

Cavalgada dos Proscritos é um filme que diverte, permanecendo no limiar entre o raso e o profundo, contando com uma gama de personagens subutilizados. Alguns, como aqueles retratados por Keith e David Carradine, chamam a atenção, mas não conseguem nos trazer a identificação necessária para realmente nos sentirmos imersos na narrativa. O que se destaca é a montagem interna e a fotografia, bem empregados a fim de salvar uma experiência que poderia cair em desgraça.

Cavalgada dos Proscritos (The Long Riders – EUA, 1980)
Direção:
 Walter Hill
Roteiro: Bill Bryden, Steven Smith, Stacy Keach, James Keach
Elenco: David Carradine, Stacy Keach, Dennis Quaid, Keith Carradine, Robert Carradine, James Keach, Randy Quaid, Kevin Brophy, Harry Carey Jr.
Duração: 100 min.

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