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Crítica | Chico Bento Moço #11 e 13: O Filho do Chico e A Briga do Chico com a Rosinha

por Luiz Santiago
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Após o tenebroso e injustificável arco Perdidos no Pantanal, onde a roteirista Petra Leão chupinhou de maneira canhestra o drama da série LOST à guisa de uma (horrenda) história de aventura, a revista Chico Bento Moço volta mais ou menos aos trilhos, com o drama universitário em pauta e a exploração da mitologia do Chico Moço nessa nova fase.

O arco em questão também é assinado por Petra Leão e é composto pelas edições #11 (O Filho do Chico) e #13 (A Briga do Chico com a Rosinha). O hiato do arco se deu pela criação de um estranho “suspense” na história, incitando o público leitor a especular sobre o que aconteceria, mesmo que isso já tivesse ficado bastante claro.

Entre um e outro momento, na edição #12 (Mundos em Conflito), tivemos um outro tipo de história, o primeiro crossover entre a revista do Chico Moço e a Turma da Mônica Jovem.

Talvez o modo como Petra Leão tenha iniciado o conto e o modo como a editora vendeu a revista tenha influenciado negativamente a percepção do leitor para a edição #11, especialmente após perceber o [falso] jogo de marketing da capa. A história, porém, se desenvolve sem nenhum choque sobrenatural e imitações baratas de outros produtos da cultura pop, apenas trazendo um modelo açucarado, gratuito e clichê que normalmente pontua os roteiros de Petra Leão, especialmente nas relações amorosas.

De alguma forma, essa estrutura básica e diálogos abobados segue na edição #13, mas de maneira bem sutil e quase orgânica, o que faz dela a melhor parte do arco, não só pela forma charmosa como a roteirista consegue guiar a briga (com o famoso vai-e-vem dos relacionamentos) mas também como ela cerca o Chico Moço de seu ambiente nativo, fazendo referências à época de infância do personagem, colocando de forma interessante a Rosinha em cena (com indicações para eventos da edição O Dia da Rosinha) e, mesmo que insista em clichês de fofuchismo miguxo para as falas do protagonista — algumas sem nenhuma relação com o atual momento maduro do personagem — logra um resultado final acalentador.

A arte segue o mesmo padrão das edições anteriores (à exceção do patetismo de Perdidos no Pantanal) e por isso mesmo não há muito o que dizer a respeito. Um ponto diferente, no entanto, é o maior número de “cartoons” na linha dos destaques/ataques de emoções extremas vindas dos animes, aparecendo com maior destaque na edição #13 (páginas 24, 34, 76, 89 e 96) e também a presença de quadros de fundo como flashbacks. Como existe uma ditadura artística de Mauricio de Souza em relação à arte de suas séries regulares, a única coisa que os desenhistas conseguem fazer de diferente é brincar com a diagramação das páginas, mas os traços e estilo artístico, via de regra, continuarão do mesmo jeito.

O namoro de Chico e Rosinha entra em crise devido a ataques de ciúmes e isso, somado ao azar do rapaz e sua gentiliza o coloca em maus lençóis. O resultado é uma história que começa trôpega e termina quase boa, não sem atravessar lombadas narrativas que são comuns nos roteiros de Petra Leão. O que nos conforta é que ao menos dessa vez, a autora nos entregou algo com o mínimo de substância e sanidade, quase nos fazendo perdoá-la pelo pecado cometido na crônica com a Iara e o Curupira.

Para concluir: parece que os eventos desse arco ainda vão render muito. Segundo a pequena sinopse ao final da edição #13, no próximo mês, o irmão de Anna, a jovem grávida de Genesinho, vem tirar satisfações com o odiável e irresponsável rapaz. Como gato escaldado tem medo de água fria, creio que é prudente não esperarmos muita coisa daí não. Mas, para ser sincero, eu adoraria que a trama fosse muito boa e me fizesse pagar a língua. Ou os dedos, no caso.

Até a próxima!

Chico Bento Moço #11 e 13: O Filho do Chico e A Briga do Chico com a Rosinha (Brasil, 2014)
Roteiro: Petra Leão
Arte: José Aparecido Cavalcante, Lino Paes, Roberto Martins Pereira
Arte-final: Diversos
98 páginas (cada número)

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