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Crítica | CHiPs – 1X01: Piloto

Motos, perseguições e, claro, Poncherello!

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 06
Número de episódios: 139
Período de exibição: 15 de setembro de 1977 a 1º de maio de 1983
Há continuação ou reboot?: A série ganhou um “telefilme reunião” batizado de CHiPs ’99 que foi ao ar em 27 de outubro de 1998. Em 2017, a série ganhou um remake cinematográfico com outro elenco batizado de CHiPs: O Filme.

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Um clássico enlatado americano que passava incansavelmente nas telinhas brasileiras na época em que só televisão aberta existia, CHiPs conta as desventuras de Jonathan “Jon” Andrew Baker (Larry Wilcox) e Francis “Ponch” Poncherello (Erik Strada), dois policiais motoqueiros da California Highway Patrol (a sigla verdadeira é CHP, com CHiPs sendo uma forma marota que a produção encontrou de torná-la mais “agradável” ao evitar que cada letra seja pronunciada), ou, em tradução livre, Polícia Rodoviária da Califórnia. Misturando suavemente comédia e drama na estrutura clássica de “caso da semana”, a série manteve-se no ar por cinco temporadas com Strada e Wilcox no protagonismo, com mais uma em que Strada passou a dividir a tela com Tom Reilly como Robert “Bobby” “Hot Dog” Nelson, um recruta, depois que Wilcox decidiu sair em razão do aprofundamento de seus problemas com o que ele achava que era o favorecimento franco de Strada.

Não sei se houve favorecimento de Erik Strada, mas a grande verdade é que Ponch é, já na largada, infinitamente mais interessante que Jon. Os dois formam o par clássico de filmes e séries policiais, com o loiro Jon sendo o certinho, que segue todas as regras e o moreno Ponch sendo rebelde tanto em seu trabalho como em sua vida amorosa. Fora que Strada exala carisma e, se quisermos ser duramente sinceros, Wilcox não exala nada; talvez, apenas, indiferença, com o chefe direto dos dois, o Sargento Joseph “Joe” Getraer, vivido por Robert Pine, sendo mais interessante do que ele. Mas, independente do que possamos achar de cada personagem e/ou ator separadamente, o que realmente importa é que Ponch e Jon, juntos, funcionam muito bem daquele jeito não confrontativo e nada profundo que era marca da maioria das séries dos anos 70 e 80.

No episódio piloto, o caso a ser investigado é o do furto semanal de automóveis caros que acontece em Los Angeles sempre no curioso número de seis, com eles desaparecendo misteriosamente logo em seguida. O mistério é imediatamente solucionado para o espectador, depois que a sequência de perseguição inicial, em que Jon e Ponch perdem o rastro de um Porsche Carrera furtado, pois logo somos apresentados a uma “cegonha” disfarçada de caminhão de mudança pilotada pelos três ladrões. Ao longo dos 40 minutos seguintes em uma sucessão de coincidências e deduções especialmente por parte de Ponch, o mistério é finalmente solucionado, com mais uma perseguição para fechar a simpática história. Não é, definitivamente, nada complexo, mas sim apenas algo para sentar e relaxar sem exigir muito do material audiovisual para além do básico, mas que é feito até que com bastante cuidado no quesito da ação veicular.

Curiosamente, o episódio inaugural apresenta Ponch como um policial atrapalhado, que volta e meia quebra sua moto e que está em período probatório por algo que fez seis meses antes. É durante esses meses que ele é obrigatoriamente pareado com Jon e ele mal pode esperar o fim desse prazo – em meras 48 horas – para que ele possa finalmente se ver livre do colega e singras as rodovias sozinho. Todo esse malabarismo narrativos foi criado porque, de um lado, é narrativamente muito mais interessante ter dois personagens para contracenar e criar aquela estrutura clássica de buddy cop, e, de outro, é raro que dois motoqueiros da Polícia Rodoviária da Califórnia patrulhem as ruas juntos. Quando o período em questão passa, ao final do episódio, as sequências de Ponch durante os créditos reintroduzem a situação que, então, é mantida até o final da primeira temporada, quando os espectadores já estão acostumados com os dois juntos e essa “desculpa” não precisa ser mais usada. O que me causa espécie nessa história toda é a preocupação extremada com o realismo, pois dificilmente o público cobraria esse nível de detalhe e realmente estranharia dois motoqueiros policiais juntos. Mas, pelo visto, alguém achou isso importante…

Com filmagens em locação, tomadas aéreas variadas, câmeras nos veículos para colocar o espectador no meio da ação, boas sequências de perseguição e uma dupla protagonista para lá de simpática – mas com Ponch sendo bem mais interessante do que Jon – o piloto de CHiPs mais do que dá conta do recado de fisgar o espectador para uma narrativa simples, até banal, mas que tem charme de sobra. Muito provavelmente pela força de seu piloto, CHiPs tornou-se um clássico setentista instantâneo que continuou firme e forte até os primeiros anos da década de 80 e que, no Brasil, angariou fama considerável graças a uma combinação de oferta limitada com reprises incessantes.

CHiPs – 1X01: Piloto (EUA – 15 de setembro de 1977)
Criação:
Rick Rosner
Direção: Paul Krasny
Roteiro: Paul Playdon
Elenco: Larry Wilcox, Erik Estrada, Robert Pine
Duração: 48 min.

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