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Crítica | Ciborgue: Renascimento

por Pedro Cunha
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  • Leia as críticas dos demais one-shots que abrem a fase Renascimento da DC Comics, aqui.

Quando Ciborgue foi criado, em 1980 pelo quadrinista George Perez, o personagem não possuía um apelo tão profundo quanto nos dias de hoje. Na época, o mundo não era tão conectado e a computação estava começando a dar pequenos passos. Hoje as coisas estão diferentes, com um mundo cada vez mais conectado, a informação é o poder mais precioso que alguém pode ter.

O avanço da tecnologia só fez bem para o personagem, ele ganhou um apelo que antes não possuía, sendo uma máquina que tem acesso à toda a informação que o mundo pode dar. Como se esse poder já não fosse suficiente, o herói ainda está muito bem equipado com armas de tecnologia alienígenas mais avançadas que o poderio da humanidade.

É muito comum na cultura pop vermos a seguinte trama: o homem dá poder à máquina, elas por sua vez superam o homem, pois não são limitadas como seus criadores. Ganhando cada vez mais poder os robôs assumem o controle da terra e exterminam o homem. A superioridade mecânica já foi tratada em várias obras de ficção, temos Exterminador do Futuro, Matrix e até a mais recente Ex Machina. Então por que  o Ciborgue nunca se voltou contra o homem? O roteirista John Semper Jr. faz uma pergunta que pode ser a resposta para esse intrigante questionamento.

Escrita por John Semper Jr. e desenhada por Paul Pelletier a HQ é quase que uma micro história de origem para o personagem. Ela não começa com a história que já conhecemos, aqui vemos um robô enorme tentando invadir os laboratórios S.T.A.R. Enquanto Victor tenta deter a máquina, um narrador conta toda a história do personagem. Isso pode ser um pouco decepcionante, a trama contada não é muito diferente da que já foi contada no início dos Novos 52, então no começo, tudo isso parece uma grande perda de tempo.

Seria muito pior se não fosse pela habilidade de John Semper em contar essa história, desde o começo do quadrinho o autor consegue inserir dilemas interessantes do personagem dentro da já conhecida história. A pergunta que me referi anteriormente é: quem é o Ciborgue? Essa parece ser uma indagação fácil, porém quando se trata de uma pessoa meio máquina e meio homem, esse questionamento se transformam em algo crucial.

Não deixar a máquina tomar controle do homem, essa é a maior missão que o herói possui. Victor sabe que essa linha é muito tênue, Semper soube colocar todo o conflito que o personagem possui em poucas páginas de quadrinho, deixando até uma faísca de curiosidade no final. A dúvida que fica é, Stone sabe quem ele é, mas será que as pessoas que estão à sua volta confiam totalmente na humanidade dele?

Infelizmente, o roteiro da HQ não pode ser somente elogiada, temos alguns deslizes que fazem a trama do Rebirth do personagem ser um pouco enfraquecida. Diálogos são mau escritos, principalmente em pontos fortes do quadrinho, como a morte da Mãe de Stone, e principalmente em outra ocasião, que não comentarei aqui, pois pode ser considerada como um spoiler. Mas esses são os únicos erros da edição, John Semper optou por fazer uma trama quase que totalmente narrada, eu gosto desse recurso pois ele é uma ferramenta quase que exclusiva das histórias em quadrinhos, vemos muito mais balões quadrados do narrador, do que os redondos das falas dos personagens.

A arte de Paul Pelletier é interessante, muitas vezes os artistas que trabalham com o Ciborgue caem no mesmo erro, o exagero. É muito comum vermos Victor em uma carcaça completamente desproporcional ao modelo de sua criação. Nos quadrinhos Paul consegue evitar esse erro, temos um Ciborgue que tem um desing muito interessante, não magro como no começo de sua história, mas forte e com aspectos de máquina, o herói não aparece muitas vezes no quadrinho, vemos muitas pessoas comuns, e nisso o artista mantêm o padrão da boa qualidade.

O erro de exagero que não é cometido no personagem principal, é cometido no vilão, é entendível que o personagem não tenha uma característica forte e marcante pois ele é um vilão de apenas uma edição, porém toda a pirotecnia e loucura da máquina torna a arte da HQ muito confusa em alguns painéis.

Com uma arte que não empolga, mas com um roteiro muito assertivo, Ciborgue: Renascimento é um bom prólogo para essa nova fase do personagem. O quadrinho não é o melhor one-shot da nova fase da DC Comics, mas acredito que não seja essa a missão das edições Rebirth. A tarefa delas é sim acender a faísca da curiosidade no seu leitor e, como já foi dito anteriormente, o roteiro de John cumpre bem esse papel.

Ciborgue: Renascimento (Cyborg: Rebirth #1) — EUA, 2016
Roteiro:  John Semper Jr.
Arte:  Paul Pelletier
Cores: Guy Major
Letras: Sandra Hope e Tony Kordos
Editora original: DC Comics
Datas originais de publicação: 2016
Editora no Brasil: Não publicado no Brasil até a data de publicação da crítica.
Páginas: 25 (aprox.)

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