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Crítica | Como o Grinch Roubou o Natal (1966)

A primeira adaptação do clássico literário natalino de Dr. Seuss.

por Leonardo Campos
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No âmbito das histórias natalinas, a maioria das narrativas preconiza o lado encantador deste período do nosso calendário, conhecido por ser uma época de renovação. Segundo o calendário do cristianismo, formatado também para outras linhas religiosas, esta época é considerada como o momento ideal para repensar a vida. Rever atitudes, organizar novos caminhos e levar em consideração a importância da caridade, da bondade e do amor ao próximo. Há, no entanto, personagens que não estão nada interessados neste viés, como é o caso do Grinch, a criatura verde que decide criar o caos para acalmar o seu tormento diante de tanta felicidade entre aqueles que comemoram o Natal. Delineada no clássico literário do escritor Dr. Seuss, intitulado Como o Grinch Roubou o Natal, este antagonista da felicidade também inspirou uma animação homônima, da década de 1960, produção de 26 minutos divertida e com muitas reflexões.

Dirigido por Chuck Jones e baseada no livro mencionado, publicado em 1957, a animação ainda não envelheceu para os padrões atuais, mesmo após mais de meio século de seu lançamento. Na trama, uma criatura com coração gélido e muito pequeno, situação que justifica a sua falta de apego e amor ao Natal, é avessa ao momento em questão, em especial, pelas irritantes confraternizações, cheias de pessoas que cantam sem parar, rodeadas de presentes, guiadas por sentimentos de fraternidade.

Lá de sua caverna, no topo de Whoville, ele contempla com assombro a alegria de quem comemora algo que em sua visão, é um grandioso assombro. Assim, tem uma ideia de projeto bastante inusitado. Ele traja o seu cachorro de rena, assume o figurino do Papai Noel e numa determinada noite, rouba todos os presentes e itens da ceia natalina, crente que fará a infelicidade dos habitantes da vila um momento de intensidade, plenitude para os seus anseios de devastar os festejos natalinos.

O que ocorre é o inverso. As pessoas na cidade continuam a comemoração sem se importar com o caos instaurado pelo Grinch. Ao voltar para a sua colina, ele escuta de longe os cânticos e os encontros cheios de abraços. Como isso pode ter acontecido. É então que ele percebe a falha em seu projeto. As pessoas na vila não se importavam com a troca de presentes e a mesa farta. Na linha tradicional de encontro com os valores natalinos, o que mais importava para todos era manter a unidade. Essa é a grande ideia do Natal conforme a teoria. E aqui, reside a crítica humorada de Dr. Seuss, traduzida para esta animação com acompanhamento musical de Eugene Poddany e design de produção de Maurice Noble, uma história que pode, sim se pensada como uma fábula moralista, tal como o conto clássico de Charles Dickens, mas ideal para os nossos tempos constantemente caóticos e repletos de falta de integridade por parte de muitos humanos.

Em linhas gerais, o espírito natalino estava nas pessoas, não nos presentes, algo que contagia a criatura verde que, no desfecho, cede e adentra pela confraternização, reformulando as suas concepções sobre os festejos.

Como o Grinch Roubou o Natal (How The Grinch Stole Christmas) — EUA, 1966
Direção: Chuck Jones
Roteiro: Bob Org, Irv Spector, Dr. Seuss
Elenco: Boris Karloff, June Foray, Thurl Ravenscroft
Duração: 26 min.

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