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Crítica | Convergência: Flash e A Força de Aceleração

por Luiz Santiago
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SPOILERS! para as duas histórias aqui criticadas, Flash e A Força de Aceleração. Para ler mais críticas sobe a saga Convergência, clique aqui.
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Convergência: The Flash

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Em duas edições, esta mini-minissérie de Convergência traz um importante personagem de toda essa saga de retorno do Multiverso para a DC Comics. Estamos falando do Barry Allen da era Pré-Crise, que estava morando no século 30, casado e feliz ao lado de Iris. Ele retorna para o século 20 a fim de visitar os pais e é aí que Telos sequestra as cidades, como foi explorado em A Máquina Divina. Preso em um século onde não morava, sem poderes (retirados por Telos) e em uma cidade que não era sua — ele havia ido a um evento em Gotham City — Barry passa um ano tentando organizar sua vida e dar assistência ao DPGC, até que chega o momento de luta entre ele e Harvey Dent, o SuperMan da Terra-9.

Dan Abnett trabalha dois tons dramáticos básicos nessas edições. Primeiro, o lamento de Barry em relação ao seu novo mundo, suas novas [faltas de] escolha… sua vida. O dilema de alguém que está fora do tempo em diferentes níveis e a constante vontade de ajudar falam mais forte e o “distrai”, mas isso não torna o personagem menos amargurado. Para quem se lembra dos diálogos internos e comportamento do Flash Pré-Crise verá como esse aspecto do personagem foi bem trabalhado de forma interessante aqui. A arte de Federico Dallocchio, mesmo não tendo grandes atrativos, é boa e serve bem ao propósito da revista.

O grande erro desse duo está na edição dois, que alterna um momento de pancadaria silenciosa — e anticlimática — com um interessante diálogo racional sobre possibilidades de vitória de um ou outro herói, citações de Star Trek e questionamentos políticos e sociológicos sobre essa “eugenia” a que eles estão sendo forçados a participar. Esse diálogo, no entanto, funciona apenas parcialmente e se perde no desfecho enigmático da revista. E não digo isso porque “não sabemos” o que vai acontecer, porque obviamente sabemos, mas o roteiro não pavimenta melhor esse caminho com referências exatas à Crise nas Infinitas Terras e a Ponto de Ignição. É como se houvesse alguma surpresa nessa “importância máxima” do Flash, embora não haja surpresa alguma, pelo menos do nosso ponto de vista, como leitores. E tudo fica ainda pior pela forma solta e descompromissada que a história termina.

A trama central destas edições até tem sua graça, mas está bem longe de ser uma das melhores aventuras do Flash em momentos de crise.

Convergence: The Flash – Out of the Running & Race to the Finish (EUA, junho e julho de 2015).
Publicação no Brasil: Panini Comics, 2016
Roteiro: Dan Abnett
Arte: Federico Dallocchio
Cores: Veronica Gandini
Letras: Tom Napolitano
Capas: Michael Allred, Laura Allred, Jonboy Meyers
22 páginas

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Convergência: A Força de Aceleração

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Em exploração de espaço e uso da mitologia do Flash para abarcar o enredo de Convergência, estas duas edições de A Força de Aceleração, que possuem foco em Wally West da linha Pré-Ponto de Ignição, são bastante superiores ao trabalho feito por Dan Abnett na minissérie anterior. Com roteiro de Tony Bedard, o enredo segue o mesmo padrão e abertura visto em Out of the Running, com Barry Allen, mas com uma nova carga de problemas e sentimentalismo (positivo!) ainda maiores, porque aqui Wally está preso em Gotham com os seus dois filhos, os gêmeos Iris (Impulso) e Jai West, que compartilham com ele o registro de energia da Força de Aceleração.

Todo o conceito de ligação entre os três é excelente e bem desenvolvido. Como a narrativa aqui é mais rica e mais divertida que a da versão de Barry contra o Super da Terra-9, fica fácil par ao leitor aceitar algumas falhas do roteiro na passagem da edição #1 para a edição #2 e o desenrolar da luta de Wally + Fastback (Timothy Joseph Terrapin), um tartaruga velocista de Follywood, Califurnia, na Terra-C + os gêmeos West contra a Mulher-Maravilha (Diana of Themyscira) da linha de Ponto de Ignição. A única coisa que realmente incomoda é a ausência de uma ação punitiva por parte de Telos ao final, que não destruiu as Amazonas ou a cidade de Diana. Pode-se argumentar que nem ela e nem suas guerreiras se renderam, mas foi definitivamente o “Time Flash” que ganhou a luta e, pelas regras, apenas um pode vencer, não há alternativas.

Tom Grummett e Sean Parsons assinam uma arte cartunesca e de finalização com traços suaves, ganhando uma maravilhosa aparência de “irrealidade onírica” nas cores quentes e contrastantes de Rain Beredo. Sentimos falta de páginas duplas que mostram grandes momentos entre os personagens, mas não dá para reclamar do trabalho artístico em nenhuma das duas edições.

Mesmo terminando em uma confraternização sem um verdadeiro fim, A Força de Aceleração conta uma divertida história de um pai cheio de culpa tentando proteger os filhos e querendo levá-los de volta para a mãe. O contexto familiar, toda a passagem do Flash por diversas cidades sequestradas por Telos (embora seja ruim a ideia de que ele “se perdeu” de sua Gotham ou ficou espantado demais a ponto de fazer observações estúpidas) e a improvável ajuda de Fastback tornam a leitura agradável e mostram uma outra forma de enfrentar o problema do “mata-mata” entre os mundos. Telos não curtiu isso.

Convergence: Speed Force – Zip-Ties (EUA, junho e julho de 2015).
Publicação no Brasil: Panini Comics, 2016
Roteiro: Tony Bedard
Arte: Tom Grummett
Arte-final: Sean Parsons
Cores: Rain Beredo
Letras: Dave Sharpe
Capas: Brett Booth, Norm Rapmund, Andrew Dalhouse
22 páginas

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