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Crítica | “Currents” – Tame Impala

por Handerson Ornelas
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Tame Impala pode ser chamada de uma das bandas de maior hype na atualidade. Simplesmente porque atualmente dominaram o estilo que se comprometeram seguir: a psicodelia. Seus álbuns Loneirism, Innerspeaker e seu EP homônimo são carregados de lo-fi e psicodelia para aqueles amantes do gênero nos anos 60 e 70. E ainda por cima camuflam tudo no cenário indie rock atual, o que faz aumentar o sucesso do grupo. O terceiro LP do grupo, Currents, provavelmente era uma das coisas mais aguardadas desse ano, principalmente após os singles liberados, mostrando um lado um tanto diferente da banda.

É impossível não perceber, Currents se trata de um caminho diferente do Tame Impala. Se antes o alvo era o rock psicodélico de 60 e 70 seguindo o lado psicodélico dos Beatles, no novo álbum a abordagem reveza entre anos 70 e 80, com aquele forte apelo aos sintetizadores. E Kevin Parker, a grande mente por trás do grupo, não está errado na mudança de estrutura. Se trata do quarto trabalho em estúdio, um novo caminho tem, sim, que ser trilhado, mesmo que não agrade todos os tipos de fãs.

Os sintetizadores apitando logo nos primeiros segundos de álbum com Let It Happen – segundo single – deixa bem claro a ideia do disco. Tal faixa é de longe uma das melhores. A bateria bem encaixada em meio a todo aspecto eletrônico e ao vocal doce de Kevin Parker cria uma sonoridade que reveza entre ser dançante e psicodélico. Na verdade, o ponto forte do álbum está nas 4 canções antes liberadas, já que poucas das “novidades” superam tais canções. Se trata do velho problema do cinema sobre trailers mostrarem conteúdo em excesso que agora vem migrando para o mundo da música. Eventually, com seu refrão pop carregado de lo-fi, é tão boa que continua a ser cantarolada desde o momento que foi disponibilizada. Outro single, Disciples, de forte apelo pop, curta duração e perdida na interceção dos anos 70 e 80 é sábiamente usada como faixa de ligação. Já o bom e mais famoso single, Cause I’m A Man, tenta manter uma ligação com as características dos álbuns antigos, mas não engana com seus onipresentes sintetizadores.

Provavelmente esse é o grande erro de Currents. Tirando as canções liberadas anteriormente pela banda, não sobra algo muito mais impactante. Mas claro, há gratificantes surpresas. Uma delas se chama The Moment, com uma ótima vibe meio New Wave, parecendo quase uma canção do Tears For Fears. Outro exemplo é The Less I Know Better, com sua excelente letra, sua ótima métrica (repare como os versos se encaixam bem na melodia) e seu baixo que rouba a cena com um poderoso groove. Aliás, o baixo também faz um ótimo trabalho na derradeira New Person, Same Old Mistakes, o que dá um ar heróico a tal instrumento, já que a guitarra parece quase em extinção no novo trabalho, ainda que quando esta apareça, seja sempre de ótima forma. O resto do disco é formado de faixas de curta duração que atuam como conexão entre canções (que inclusive poderiam ter maior duração como Nangs Gossip) e pela mesma viagem forte pelos anos 80 e psicodelia já citada, como em Reality In Motion e Love Paranoia, cheio de refrões pop e sintetizadores na linha do synthpop.

Currents é definitivamente um Tame Impala diferente e que vai dividir opiniões. Mas o fato é que a iniciativa de Kevin Parker foi corajosa nessa curva, e a homenagem a esse lado anos 80 e synthpop foi muito bem trabalhada, ainda que não tenha atingido seu potencial máximo. Não é o álbum definitivo que se esperava da banda, mas também não fica atrás na ótima discografia. A comparação com os outros trabalhos quase soa injusta visto o tamanho da diferença de abordagens. De qualquer forma, Currents é mais um destaque para 2015 e sua fantástica capa vai refletir as ótimas melodias do álbum sempre que o olhar bater sobre ela.

Aumenta!: Let It Happen
Diminui!: Yes, I’m Changing
Minha canção preferida: The Less I Know The Better

Currents
Artista: Tame Impala
País: Austrália
Lançamento: 17 de julho de 2015
Gravadora: Modular, Universal, Fiction, Interscope
Estilo: Rock Psicodélico, Synthpop

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