Home FilmesCríticasCatálogos Crítica | Curtas-metragens de Charles Chaplin (1914) – Parte 3

Crítica | Curtas-metragens de Charles Chaplin (1914) – Parte 3

por Ritter Fan
579 views

O presente bloco de textos traz críticas para sete curtas-metragens de Charles Chaplin lançados entre maio e agosto de 1914 (como temos, no site, em separado, a crítica do último curta, apenas indicamos o título, com o link para a crítica completa.

Carlitos Ciumento

estrelas 3,5

Chaplin - Busy Day final

O título em português me fez coçar a cabeça procurando Carlitos pelos primeiros segundos de projeção, somente para descobrir que não há Carlitos no curta, apenas Charles Chaplin fazendo o inusitado papel de uma ciumenta esposa que não se furta em bater no marido mulherengo durante uma parada e em todos os demais que cruzam a sua frente.

O curta, de apenas 6 minutos, vale para ver Chaplin sem seu bigode e chapéu coco marcante e pela agilidade com que tudo acontece. A narrativa nos oferece muita pancadaria no “marido” e em um Keystone Kop desavisado, além de em uma mulher alvo da cobiça do marido. Além disso, há um salto mortal de costas por Chaplin, que encerra a projeção.  Quase não tem história, apenas a premissa, mas a energia que passa e a direção frenética de Mack Sennett são muito boas e divertidas.

Carlitos Ciumento (A Busy Day) – EUA, 1914
Direção: Mack Sennett
Roteiro: Mack Sennett
Elenco: Charles Chaplin, Mack Swain, Phyllis Allen, Mack Sennett, Billy Gilbert
Duração: 6 min.

A Maleta Fatal

estrelas 2,5

chaplin fatal mallet final

Mais um caso de tradução preguiçosa de título. Mallet, em inglês, está longe de ser “maleta”. Mas é claro que o tradutor viu a palavra e automaticamente deduziu que “só pode ser maleta” sem nem se dar ao trabalho de assistir ao curta para no mínimo estranhar que não há maleta alguma nele, muito menos uma maleta fatal. Mallet é “marreta” e o curta está cheio de marretas. Não era difícil deduzir a palavra correta.

Bom, ultrapassado esse ponto, Carlitos é um dos três concorrentes pelo amor de Mabel. E isso, claro, é só desculpa para muito pastelão, com direito a doses cavalares de chutes em bundas, tijoladas (inclusive em mulher!), um sensacional chute de Carlitos na barriga de uma criança (ponto alto do politicamente incorreto) e muita correria. O roteiro é inexistente e, com 18 minutos, a fita cansa e tem um final apressado, quase inacabado.

A Maleta Fatal (The Fatal Mallet) – EUA, 1914
Direção: Mack Sennett
Roteiro: Mack Sennett
Elenco: Charles Chaplin, Mabel Normand, Mack Sennett
Duração: 18 min.

Dois Heróis

estrelas 4

chaplin knockout final

Na verdade, Dois Heróis não pode ser chamado propriamente de um curta de Charles Chaplin. Trata-se de curta estrelando Fatty Arbuckle no papel de Pug em que Charles Chaplin faz uma famosa ponta como um juiz de luta de boxe que faz de tudo para evitar ser atingido, sem muito sucesso, porém.

Pug aceita o desafio de um falso pugilista, somente para se ver lutando contra Cyclone Finn, um pugilista de verdade, com que ele se envolve depois de muita confusão.

A coreografia da grande luta é muito divertida, mas a câmera fica estranhamente não centralizada em relação ao ringue, mas sim um pouco para a esquerda (pela necessidade narrativa do balcão também aparecer, pois é lá que fica o pistoleiro que diz que apostará em Pug e que ele tem que ganhar senão o mata), o que causa estranhamento momentâneo. Mas nada que prejudique a apreciação das acrobacias.

Os pontos altos são a já mencionada luta e, também, a perseguição pelo telhados da cidade, com os Keystone Kops atrás de Pug em um pastelão bem feito e cheio de extras, demonstrando um bom controle do espaço cênico pelo diretor. Depois desses dois momentos, a fita fica bem derivativa e padrão, mas nada que realmente atrapalhe muito o resultado final.

Dois Heróis (The Knockout) – EUA, 1914
Direção: Mack Sennett
Roteiro: Mack Sennett
Elenco: Roscoe “Fatty” Arbuckle, Minta Durfee, Edgar Kennedy, Charles Chaplin, Frank Oppermann, Al St. John, Hank Mann, Mack Swain
Duração: 27 min.

Carlitos e as Salsichas

estrelas 2,5

chaplin mabels busy day final

Mabel tenta vender cachorro quente em uma pista de corrida de carros, mas não se dá bem e a coisa piora quando Carlitos entra sem ingresso e passa a distribuir gratuitamente as salsichas.

O curta tem boas cenas de corrida que, creio, são stock footage, mas bem inseridas na fita e o roteiro, quase inexistente, se sustenta apenas pelo carisma de Chaplin e o desespero de Mabel Normand, que também dirige o curta. O trabalho de montagem é um pouco desfocado do objetivo da fita, mesmo considerando-se que ela só tem 10 minutos e poderia ter sido mais conciso ou ter feito uso de mais cenas de pastelão que forma muito claramente cortadas.

Carlitos e as Salsichas (Mabel’s Busy Day) – EUA, 1914
Direção: Mabel Normand
Roteiro: Mabel Normand
Elenco: Charles Chaplin, Mabel Normand, Chester Conkin, Slim Summerville, Billie Bennet, Harry McCoy, Wallace MacDonald
Duração: 10 min.

Carlitos e Mabel se Casam

estrelas 2

chaplin mabel married life final

Mais um título que não faz sentido, pois ele leva a crer que esse curta mostra o casamento de Carlitos com Mabel. Nada disso. Os dois já estão casados e a fita trata de ciúmes basicamente, com Mabel sendo paquerada por um cara grandão que nem liga quando Carlitos começa a bater nele com sua bengala.

Deprimido, nosso herói vai a um bar e começa a se embebedar. Enquanto isso, Mabel inexplicavelmente compra um boneco inflável para treinar boxe e consegue se nocautear sozinha, somente para Carlitos voltar, bêbado, e confundir o boneco com o paquerador do começo. É nonsense total em um curta que falta energia e inspiração.

Carlitos e Mabel se Casam (Mabel’s Married Life) – EUA, 1914
Direção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin, Mabel Normand
Elenco: Charles Chaplin, Mabel Normand, Mack Swain, Eva Nelson, Hank Mann, Charles Murray, Harry McCoy, Wallace MacDonald, Al St. John
Duração: 17 min.

Carlitos Dentista

estrelas 4,5

chaplin laughing gas

Carlitos Dentista é tudo que se pode esperar de Charles Chaplin em começo de carreira: agilidade, piadas físicas e muito incorreção política (expressão que, à época, claro, nem existia e que hoje faz do mundo um lugar bem chato). O curta é uma delícia de se assistir, já no começo, quando somos apresentados a Carlitos como assistente do bem propriamente nomeado Dr. Pain, o destista local. Antes mesmo das piadas relacionadas com dentes começarem, vemos Carlitos interagir com um varredor de carpetes (isso era uma profissão específica lá pelos idos de 1914) baixinho e extremamente engraçado só de se ver.

Mas a coisa continua, com o Dr. Pain usando o gás hilariante do título original em um paciente que, depois, não consegue acordar. Cabe a Carlitos fazer o coitado abrir os olhos e sair da cadeira (talvez a mais desconfortável cadeira de dentistas que vi na vida) usando, claro, as técnicas menos ortodoxas possíveis.  Mas a confusão vai bem além do consultório do dentista, porém, com direito a tijoladas na cara e dentes de transeuntes caindo em uma montagem extremamente bem feita que daria inveja a muitas produções atuais.

Com Chaplin na direção. Carlitos Dentista é um dos melhores curtas dessa fase inicial de sua carreira que gera em seus espectadores “deliciosos momentos sádicos de tortura dental”.

Carlitos Dentista (Laughing Gas) – EUA, 1914
Direção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Fritz Schade, Alice Howell, Joseph Sutherland, Slim Summerville, Josef Swickard, Mark Swain, Gene Marsh
Duração: 16 min.

Carlitos na Contrarregra 
(clique no título para ler a crítica)

 

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais