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Crítica | Curtas-metragens de Charles Chaplin (1919)

por Guilherme Coral
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O presente bloco de textos traz críticas para sete curtas-metragens de Charles Chaplin lançados entre Junho de 1919 a Setembro de 1921.

Um Idílio Campestre

estrelas 1,5

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Cartelas com breves descrições seguidas de “etc, etc, etc” povoam os primeiros minutos de Um Idílio Campestre, uma tentativa de gag em si, mas que funciona para ilustrar a sensação de cansaço passada por Chaplin em sua obra. Com poucas piadas que efetivamente funcionam, seu antepenúltimo curta parece uma obra secundária, apoiada nos clássicos que vimos antes e nas obras-primas que veríamos pouco depois em seus longas.

A trama gira em torno da vida no campo, uma pequena vila rural onde, é claro, temos Carlitos como personagem principal. Para retratar diferentes aspectos dessa vida, Chaplin se apoia em uma estrutura narrativa de arcos separados entre si. São poucos os elementos coesivos dentro do curta, algo que, definitivamente, não funciona a seu favor. Para piorar, algumas elipses confusas acabam por quebrar totalmente a imersão da audiência, que luta para passar por esses 41 minutos arrastados, que beiram um teatro do absurdo em diversas sequências.

Um Idílio Campestre (Sunnyside) – EUA, 1919
Direção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Edna Purviance, Olive Ann Alcorn, Albert Austin, Henry Bergman
Duração: 41 min.

Um Dia de Prazer

estrelas 2,5

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Em Um Dia de Prazer, Chaplin nos traz uma pequena crônica de uma família saindo para passar um tempo junto. O que vemos, contudo, são constantes tentativas de lazer, já que tudo na cidade parece conspirar para tirar o lazer almejado pelo marido e mulher. A obra como um todo espelha sua trama, tendo bastante dificuldade para produzir risadas no espectador, que passa pelos seus 24 minutos como uma figura praticamente apática.

Tal grave deslize da obra é, em maior parte, gerado pelo roteiro que aposta em longas gags repletas de repetição. Já podemos ver isso nos primeiros minutos com uma extensa sequência de Carlitos tentando fazer o carro funcionar. A piada funciona por instantes, mas logo acaba perdendo sua graça. O texto, contudo, é apoiado pela fotografia e edição que apostam em inúmeras cenas em velocidade acelerada. A mais notável destas é a do passeio de barco, cuja rapidez e movimentos somente causa desconforto na audiência, podendo chegar a uma certa náusea, quando o objetivo, claramente, não era este.

Um Dia de Prazer segue o exemplo de seu curta anterior, parecendo demonstrar um certo cansaço do realizador nesta linguagem (de curta metragem), expondo uma séria dificuldade em manter seu espectador imerso em sua obra. É um curta que vale para aqueles que desejam conhecer a obra de Chaplin como um todo, e não como uma comédia em si.

Um Dia de Prazer (A Day’s Pleasure) – EUA, 1919
Direção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Edna Purviance, C. Allen, Naomi Bailey, Sallie Barr, Henry Bergman
Duração: 24 min.

Os Ociosos

estrelas 5,0

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O último curta de Charles Chaplin, lançado em 1921, recupera o espírito de outrora do realizador, trazendo uma nova vitalidade que também passaria para seu primeiro longa-metragem, O Garoto. Essa característica já podemos enxergar na ótima trilha sonora composta pelo próprio Chaplin, trazendo distintas melodias que oscilam do cômico ao melancólico, ilustrando perfeitamente as diferenças vistas na imagem.

Na trama, Charlie ocupa dois papeis, o clássico e solitário Vagabundo e um homem da elite em recentes problemas com a esposa por sua bebedeira e esquecimento. A diferença entre os dois é marcado não só pelas roupas, mas pela própria personalidade – por mais que vejamos pouco do rico, ele é uma figura mais fechada (com o perdão do trocadilho para aqueles que já viram a obra), enquanto que o Vagabundo é o mesmo de sempre: carismático, distraído e, muitas vezes, animado.

O curta traz inúmeras sequências que conseguem, sem dificuldade, tirar sinceras risadas de sua audiência – mérito, o qual, vai direto para a precisa direção de Charlie. Aqui devo ressalvar toda a cena do golf e do baile, que conseguem prender o espectador do início ao fim. Ouso dizer, contudo, que a maior qualidade da obra está em sua coesão, trazendo eventos bem encaixados e uma evidente linha narrativa, ao contrário dos comuns esquetes.

Um filme simples, com produção evidentemente mais cara, Os Ociosos, é a perfeita despedida de Chaplin para a linguagem do curta-metragem. É uma obra que já traz elementos que veríamos logo em seguida em seus longas, apoiando-se em uma trama menos fragmentada. Definitivamente uma fuga do cansaço evidente em suas duas produções anteriores.

Os Ociosos (The Idle Class) – EUA, 1921
Direção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Edna Purviance, Charles Aber, Joe Anderson, Laura Anson, Walter Bacon
Duração: 32 min.

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