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Crítica | Dampyr – Vol. 3: Fantasmas de Areia

por Luiz Santiago
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Datada de julho de 2000, Fantasmas de Areia segue em excelência as histórias de Dampyr, cujo arco inicial formado por O Filho do Vampiro e A Estirpe da Noite está entre as melhores estreias de títulos da Sergio Bonelli Editore que eu já tive a oportunidade de ler. Nesta terceira edição da série, vemos Harlan Draka em viagem a Merwindale, Inglaterra, local para onde resolveu viajar sozinho, a fim de aprender mais sobre sua origem e sobre seu misterioso e temido pai. Há um pequeno flashback onde vemos Kurjak e Tesla e onde essa rápida informação sobre a viagem do caçador de vampiros é dada, mas rapidamente voltamos para o presente e seguimos com a macabra aventura de Draka, que além dos inimigos sobrenaturais de sempre, tem que lidar com a xenofobia dos habitantes desta pequena cidade costeira.

A apresentação da história é simples e despreocupada, mas com uma atmosfera bem sombria. Pai e filho fazem uma trilha por um costão e conversam sobre trivialidades familiares, sobre memórias de infância do mais velho e contrastes com aquilo que é divertido para o mais novo. Um intenso clima de perigo se vê desde esses quadros iniciais, especialmente quando o Sandcastle Arcade — um parque de diversões abandonado defronte ao mar — se torna a atração principal. Embora eu tenha achado o garoto com frases maduras demais para alguém da idade dele, o diálogo que tem com o pai é ótimo, assim como o jogo de “diversão para cada geração” que o roteiro cria.

Lugares abandonados, como os que temos nessa história, são sempre excelentes pontos de partida para boas narrativas de terror e conseguimos ver como isso se constrói desde a visitinha da dupla ao parque abandonado, até o fechamento do ciclo de horrores, com a grande cena de ação que se passa no mesmo local, com muito mais gente envolvida.

plano critico dampyr fantasmas de areia

O roteiro de Mauro Boselli faz uma boa ligação entre as feridas sociais da época e a caça aos seres sobrenaturais aqui. A busca de Harlan Draka acaba se dividindo em partes distintas no texto, muitas vezes caindo no espaço cheio de pessoas que ouviram muitas lendas urbanas na vida e estão dispostas a rejeitar tudo o que pareça sobrenatural. Ou tudo o que não lhe seja conhecido, de vampiros e fantasmas até indivíduos estrangeiros. E é com essa marca do preconceito local que o texto avança, chegando a uma ágil e incrível sequência no parque de diversões, com Harlan, a vampira Amber e Kostacki, o “Homem Negro de Screech Wood” em luta. A impressão de riqueza canônica desse Universo vampiresco é enorme nessa edição, e isso é impressionante porque estamos falando apenas da terceira publicação do título!

Com ótima arte de Luca Rossi e um desfecho amigável e bastante satisfatório, onde o autor não nega vítimas ao leitor, mas também não torna a aventura um desespero trágico completo, Fantasmas de Areia mostra mais uma grande possibilidade de poderes para um vampiro. E a cada nova trama, entendemos o quão incríveis podem ser essas criaturas da noite se um mergulho inteligente for feito em sua longa coleção de lendas.

Dampyr #3: Fantasmi di Sabbia (Itália, junho de 2000)
Editora original: Sergio Bonelli Editore
No Brasil: Mythos (2004) e Editora 85 (2018)
Roteiro: Mauro Boselli
Arte: Luca Rossi
Capa: Enea Riboldi
100 páginas

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