Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Dampyr – Vol. 4: Noturno Vermelho

Crítica | Dampyr – Vol. 4: Noturno Vermelho

por Luiz Santiago
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E da Inglaterra, em Fantasmas de Areia, passamos para o norte da Alemanha, onde uma suja negociação de fitas de vídeo acontece, sugerindo um tipo de “terríveis filmes amadores” que, se esta história fosse escrita nos dias atuais, seriam encontrados da deep web. O início de Noturno Vermelho dá todas as cartas necessárias para que o leitor entenda o tom geral do enredo, fortemente pautado pela ação, mas de um nível bem diferente do que havíamos tido na série até o momento.

O texto de Maurizio Colombo cria uma aventura de máfias (em diversas atividades: dos vídeos criminosos ao tráfico de drogas) e foca a trama na Rússia, para onde viajam Harlan, Kurjak e Tesla, a fim de caçarem um “rei do crime” misterioso conhecido como Vurdalak, mítico e poderoso vampiro milenar que domina o submundo do crime e fomenta a guerra onde quer que possa. De maneira muito rápida, o leitor se vê engajado na viagem do trio até Moscou, impressionando-se com a fluidez com que as coisas acontecem aqui e como o roteiro consegue manter uma grande quantidade de ação em andamento. Este, aliás, é um dos ingredientes principais de Dampyr, e é algo que nunca deixa de me impressionar pela qualidade narrativa e estética (aqui, nos traços de Maurizio Dotti) com que todas essas as lutas e as fugas acontecem.

Dotti ainda merece os louros pela boa dinâmica nas representações mentais de Vurdalak, um bom contraste entre realidade e ilusão (ou “coisas inacreditáveis”) que vemos aparecer de diversas formas no decorrer da saga. Todas as negociações entre os bandidos aqui estão marcadas por duas linhas de conflito: uma humana e outra sobrenatural, e em cada uma delas temos uma surpresa através da arte, sendo a minha favorita aquela mostrada no ato final, pela carnificina que acontece e pela forma como as duas forças em ação se enfrentam.

dampyr noturno vermelho plano crítico

É neste ponto da história que o dilema em torno de Harlan fica ainda mais interessante e algo que acontecera no primeiro arco da série volta a acontecer aqui: ele suga o sangue do derrotado chefão inimigo para aumentar seus poderes e aprender mais sobre quem é… e sobre o que pode fazer. Embora meio reticente, o final acaba representando com bastante realidade o sentimento de dúvida e angústia do protagonista, especialmente depois de uma intensa e perigosa luta.

Em tempo: a capa original de Enea Riboldi para esta edição é simplesmente horrorosa. Vejam esse rosto de Harlan Draka, pelo amor de Deus! Essa boca, esses olhos terríveis. Parece um Teletubbie dos bálcãs usando uma peruca… O horror, o horror.

Dampyr #4: Notturno in Rosso (Itália, julho de 2000)
Editora original: Sergio Bonelli Editore
No Brasil: Mythos (2004) e Editora 85 (2018)
Roteiro: Maurizio Colombo
Arte: Maurizio Dotti
Capa: Enea Riboldi
100 páginas

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