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Crítica | Darth Vader e o Grito das Sombras

por Guilherme Coral
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estrelas 2,5

Espaço: Planeta desértico não identificado, Planeta Ostor
Tempo: A Ascensão do Império – 17 anos antes da Batalha de Yavin (a.BY)

Como se sentiam os clones em relação aos jedi? O que passou pela mente de cada um com a execução da Ordem 66? E no que diz respeito a suas personalidades, eram eles indivíduos únicos? Darth Vader e o Grito das Sombras joga um pouco de luz sobre tais indagações, nos colocando sob a perspectiva de um dos clones – antes e depois do fatídico evento que marcou a origem do Império.

cryofshadows1Acompanhamos o soldado CT-5539, ou, como ele próprio se nomeia, Hock Malsuum. Desiludido pelo tratamento dos supostos guardiões da paz da República em relação aos clones, Malsuum segue em uma jornada solitária que apenas faz crescer seu ódio por esses usuários da Força. Com o advento do Império, o soldado passa admirar as façanhas de Darth Vader, que parece nutrir um ódio do tamanho do seu próprio e parte em missões a fim de ganhar não só o respeito do Lorde sombrio, como sua confiança. Aos poucos, contudo, Hock descobre que esse novo sistema político não busca exatamente a paz que ele imaginava.

Responsável também pelo roteiro de Darth Vader e o Nono Assassino, Tim Siedell constrói sua narrativa em forma de um livro de memórias escrito pelo protagonista. Preenchido quase que unicamente por balões de narração – com poucos diálogos – a história flui se apoiando fortemente nas imagens, o que transforma esta em uma leitura fluida e prazerosa, praticamente nos obrigando a pular de edição em edição até terminarmos as cinco que compõem a minissérie.

Infelizmente tal ritmo é quebrado em determinados pontos graças aos constantes flashbacks inseridos em cada número – algo que, em última análise, não contribui efetivamente para a trama como um todo, funcionando como uma espécie de tapa-buraco, procurando prolongar a história por mais do que se deve. O pior dos efeitos gerados por tal escolha do roteiro, porém, é a confusão gerada no leitor, que não sabe, ao certo, se posicionar em determinados momentos da leitura. A confusão se estende para o clímax da obra que vem de forma apressada e nos deixa sem saber o que está acontecendo – dúvida que somente é sanada com o término da revista.

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“Eu imaginei um exército que não conseguia atingir nenhum alvo.”

Essa pressa, por sua vez, causa um grande impacto na narrativa por limitar, na última edição, uma transformação do protagonista, que, até então, apresentava apenas uma disposição unilateral em relação ao seu “ídolo”, Darth Vader, e o Império. Não podemos deixar de sentir uma nítida sensação de mal aproveitamento de uma trama que se apresentou de maneira engajante.

O traçado de Gabriel Guzman também não ajuda, trazendo algumas incômodas desproporções, que diminuem a imponência do Lorde Sombrio, transformando-o em uma figura, ora carrancuda, ora simplesmente cabeçuda.  O trabalho nas expressões dos personagens também deixa a desejar, tirando grande parte do impacto da história e prejudicando a identificação que temos com Hock. O que realmente salva são as narrações bem escritas, colocando-nos em cima do muro em relação ao protagonista. Em última instância, porém, não é um personagem que nos marca – ao contrário de Laurita Tohm, apresentado em Darth Vader e a Prisão Fantasma.

Com um ótimo começo e um desenvolvimento que em muito deixa a desejar, Darth Vader e o Grito das Sombras não foge do comum, sendo uma história facilmente esquecível, de pouco impacto. Tim Siedell tinha muito potencial em suas mãos, mas acaba sendo vítima de uma narrativa acelerada, que, no fim, em nada acrescenta, sendo um equivalente a um filler dentro do amplo universo de Star Wars.

Darth Vader e o Grito das Sombras (Darth Vader and the Cry of Shadows – EUA, 2013)
Minissérie em 5 edições
Roteiro: Tim Siedell
Arte: Gabriel Guzman
Cores: Michael Atiyeh
Páginas: 25 (cada número)

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