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Crítica | Deadpool: Perseguição Circular

por Luiz Santiago
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estrelas 2,5

Perseguição Circular (The Circle Chase) foi a primeira aventura solo de Deadpool depois de aparecer pela primeira vez no último arco do Vol.1 de Novos Mutantes e em algumas outras edições onde ele não protagonizava a trama, apenas fazia algo como um cameo. Em conversa com o editor-chefe da Marvel à época, Tom DeFalco, Fabian Nicieza conseguiu espaço para uma minissérie em 4 edições com o Mercenário Tagarela em busca do “testamento de Tolliver”, ao mesmo tempo em que é caçado por diversas pessoas e grupos, tendo sua cabeça posta a prêmio por vários motivos.

A trama se inicia na antiga Iugoslávia, em plena Guerra Civil, iniciada em 1991. Como as informações sobre Deadpool ainda eram poucas e vinham unicamente de suas participações em outras revistas, Perseguição Circular serve como abertura oficial de um banco de dados para o personagem, trazendo informações inéditas sobre o passado do vermelhinho e apresentando características interessantes sobre seu modus operandi, lutas, ideias, relacionamentos e sua relação com Fuinha, a quem encontra na Iugoslávia logo na primeira edição.

Em poucas páginas o objetivo principal da trama é estabelecido e o leitor entende o que terá em mãos. É interessante ver a falação de Deadpool e sua fuga maluca de coisas que nem ele sabe exatamente por quê o está perseguindo. Se, ligado à tal herança/testamento de Tolliver, o roteiro seguisse entre Deadpool e essa caçada em busca de vingança e do prêmio máximo, Perseguição Circular certamente seria muito melhor. Acontece que no decorrer das páginas, mais heróis, vilões, mercenários, empresários e toda a sorte de indivíduos ligados direta ou indiretamente à tal busca fazem sua aparição na minissérie, tornando impossível o texto de Nicieza parecer orgânico e se fechar bem.

Para piorar a situação, todo o grande barulho feito para a grande arma deixada por Tolliver nos é entregue em um tom de anticlímax que inicialmente decepciona, para mais adiante, à medida de a “Unidade Zero” começa a funcionar, nos animar novamente e então, mais adiante, fazer essa animação cair por terra pela forma como a minissérie chega ao fim, com as coisas resolvidas… mas nem tanto.

O arroubo romântico do final da saga não só quebrou o ritmo de uma perseguição sanguinolenta e traiçoeira como foi feito tarde demais, sem tempo para disfarçar o mal que esse bloco narrativo trouxe para a minissérie.

A arte de Joe Madureira só vem ganhar real destaque nas duas edições finais da trama, quando a arte-final é assumida por Harry Candelario, fazendo uma criação de atmosfera excelente e dando maior dinâmica aos desenhos. Quase todas as cenas de luta são interessantes, a maior parte delas clamando por uma diagramação inteligente, mas não é isso que acontece. Aliás, a forma como Joe Madureira organiza as páginas, principalmente nos rounds 1 e 2, são insatisfatórios, não valorizando a fluidez da ação dentro dos quadros e perdendo a oportunidade de ligar narrativas de forma visualmente mais apresentável. Pelo conjunto, a arte acaba acompanhando o roteiro na linha mediana da classificação final.

Cheia de referências à cultura pop americana dos anos 80 e 90, cheia de piadas de cunho moralmente questionável, palavrões e uma narrativa que se sairia muito melhor se trouxesse menos gente para o círculo de perseguição, essa primeira minissérie do Deadpool quase se saiu bem. Não é uma aventura ruim, mas sua linha de eventos, especialmente os da reta final, impedem que o público entre mais na loucura do personagem e se indigne muito mais com as desnecessárias pontas soltas e os excessos do autor.

Deadpool: Perseguição Circular (Deadpool: The Circle Chase) — EUA, 1993
Roteiro: Fabian Nicieza
Arte: Joe Madureira
Arte-final: Mark Farmer (#1 e 2) e Harry Candelario (#3 e 4)
Cores: Glynis Oliver
Letras: Chris Eliopoulos
Capas: Joe Madureira
4 edições de 24 páginas cada uma.

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