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Crítica | Demolidor: Fechando as Portas

por Luiz Santiago
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Com este número #6, Fechando as Portas, a Panini fecha o Vol.3 da revista Daredevil, publicada originalmente nos Estados Unidos entre setembro de 2011 e abril de 2014, com um total de 36 edições. No Brasil, essas 36 edições foram divididas em 6 revistas, cuja publicação de número seis, contendo as edições #31 a 36, você verá analisada mais adiante. Os outros números/arcos que completam o volume são:

  1. Um Novo Começo (#1 a 6)
  2. Os Amigões da Vizinhança (#7 a 10.1 + Amazing Spider-Man #677)
  3. Medo e Delírio na Latvéria (#12 a 18)
  4. Teia de Mentiras (#19 a 25)
  5. O Demônio e o Vingador Blindado (#26 a 30)

…E o terceiro volume das aventuras do Demolidor chega ao seu excelente final! As trinta e seis edições que fizeram parte desta fase, escrita por Mark Waid e desenhada principalmente por Chris Samnee são um verdadeiro evento. Trazendo novos tormentos e velhos cenários de atuação do Homem Sem Medo, Waid criou uma saga densa, bem humorada (na medida do possível) e cheia de elementos característicos de nossos tempos, com problemas seculares muitíssimo bem alinhados à vida heroica do protagonista, cuja identidade secreta se torna o grande evento da edição #36.

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Sequência muito emotiva: Foggy prepara camisetas do Homem Sem Medo para o grupo de pacientes que, como ele, estão lutando contra o câncer.

Estas edições que compõem o arco Fechando as Portas surgem como uma sequência imediata aos problemas enfrentados pelo Demolidor em O Demônio e o Vingador Blindado. Os já ativos Filhos da Serpente voltam a atacar e o vilão Polichinelo (Jonathan “John” Powers), grande manipulador da mídia, surge como uma espécie de ajudante de percurso. Se nas edições anteriores Waid primou pela urbanidade, pelos problemas sociais e questões cotidianas do período em que o volume foi escrito (2011 – 2014), neste bloco final ele firma pé em um elemento importante para a história dos Estados Unidos e que até hoje, surpreendentemente, gera polêmica: a questão étnica, o preconceito racial.

Com os Filhos da Serpente em plena atividade, o drama da doença de Foggy, o mistério cada vez mais interessante em torno de Kirsten McDuffie, a busca pelas páginas do arcano Tomo Negro e participações especiais de Hank Pym, Doutor Estranho, Elektra e um grupo de seres macabros compostos por Satana, Boneco de Retalhos Humanos (leia-se Frankenstein), Zumbi, Múmia e Lobisomem, o Demolidor segue uma caçada que mistura o social e o oculto de uma forma orgânica e bastante atrativa. A questão do racismo é abordada sob diversos ângulos. Seu aspecto moral, ético e comportamental é analisado sob vários pontos de vista e o próprio Demolidor acaba sendo colocado diante de um dilema moral dentro desse âmbito que deixa o leitor apreensivo pelo que se dará a seguir.

A amizade entre Matt e Foggy é mais uma vez um dos temas de destaque. A cumplicidade entre os dois pode ser vista ao longo das edições, mesmo que Foggy não apareça tanto tempo na narrativa. Em nenhum momento, porém, o roteiro deixa o personagem de fora. Chega a ser emocionante ver a preocupação de Matt em querer encontrar o melhor tratamento para o amigo (a abordagem esperançosa que ele faz ao Doutor Estranho sobre um certo feitiço é um dos exemplos), questão que volta com força nas edições finais, até porque o plano que traz o encerramento da revista e do volume só é realizado após uma conversa entre o Homem Sem Medo e seu melhor amigo, que dá aprovação para que o plano seja executado.

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Uma ótima cena de tribunal, algo que não poderia faltar!

Samnee, Rodriguez (que também assina o excelente trabalho de coloração) e Copland tornam o ambiente de Nova York ainda mais interessante para o herói, mesclando a densidade de elementos por quadro e dando o merecido dinamismo para a diagramação que esperamos de uma revista do Demolidor. Em todas as 36 edições, este aspecto se destacou com louvor em Medo e Delírio na Latvéria e nesta Fechando as Portas, não só interligando ambientes de forma inteligente, mas criando alternativa de leituras e algumas piadas através das imagens, complementando o texto sem diminuir-lhe a expressão.

A arte-final de Alvaro Lopez e as cores de Javier Rodriguez coroam o trabalho artístico inicial, nos permitindo adentrar a cenários com verdadeiras identidades próprias, como a sequência em Stonehills ou os diferentes momentos do dia que os quadros em externas são mostrados.

A surpresa na revelação da identidade do Demolidor (o que não é, de fato, uma surpresa, pois isso já tinha ocorrido antes e sido negado por Matt Murdock), os ótimos cameos de heróis quando isso acontece e o gancho para o volume quatro (Marvel NOW!) fecham a história da melhor maneira possível. Não é um final feliz, por assim dizer –- afinal de contas, estamos falando de uma revista do Demolidor –-, mas é um final que aponta para um recomeço dentro de uma nova era. Waid trouxe a vida secular para o Demolidor de forma objetiva e marcante, ampliando suas responsabilidades como cidadão, trazendo problemas particulares bastante incômodos como o desemprego e a possível falta de dinheiro em uma situação de crise e anunciando uma mudança de ares, com a partida do herói para São Francisco. É a partir deste ponto que o futuro do Demônio Destemido será pontilhado.

Demolidor Vol.3 — #31 a 36 (fim deste 3º volume)
No Brasil:
Demolidor #6 — Fechando as Portas
Roteiro: Mark Waid
Arte: Chris Samnee, Javier Rodriguez
Arte-final: Chris Samnee
Cores: Javier Rodriguez
132 páginas

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