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Crítica | Demolidor – Noites Escuras #1 a 3

por Daniel Tristao
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Os autores que aceitam a missão de escrever histórias do Demolidor têm pela frente uma árdua tarefa: atingir as expectativas dos fãs tendo no retrovisor as aclamadas fases de Frank Miller, Brian M. Bendis e Mark Waid. Poucos personagens têm uma bagagem tão pesada, mas Lee Weeks consegue neste arco entreter com uma trama de premissa simples, porém muito bem construídas.

Publicadas no Brasil no encadernado Demolidor #9 da Panini, estas edições formam um arco fechado, escritas e desenhadas por Lee Weeks. Uma forte nevasca paralisa Nova York quando uma menina precisa passar por um transplante de coração para sobreviver. O helicóptero que transportava o órgão sofre um acidente e o advogado cego deve intervir para salvar a vida da garotinha.

A história é contada de forma não linear e com tramas paralelas que vão convergindo na medida em que avançam. Com este estilo de narrativa o autor consegue manter a atenção do leitor até o fim do terceiro número, já que o desfecho se dá somente nas duas últimas páginas. Além disso, o texto de Weeks é ágil e com bons diálogos, destacando-se os quadros com os pensamentos de Matt, como ele usa suas habilidades e como percebe o ambiente à sua volta (o que, em minha opinião, é um dos elementos mais legais do personagem).

Weeks tem algumas sacadas de narrativa que dão um toque especial à trama, tornando-a muito prazerosa de se ler. Por exemplo, no início da segunda edição Matt está andando pelas ruas geladas, logo após uma queda feia do alto de um prédio, no meio da neve, frio e vento, quando ouve um ladrão conhecido seu sendo torturado; o texto de Weeks faz o leitor acreditar que haverá um resgate, mas a sequência termina com “Não, Jonny. Sinto muito. Ninguém está vindo. Hoje, não”. Muito bom! Este recurso, quando o texto aponta para uma direção e ao término da sequência o resultado é diferente, se repete em outros momentos, o que eleva a tensão da história.

A sequência em que Matt salva a mulher de um estupro também merece destaque. Poucas e impactantes falas, um Demolidor duro e incisivo, apesar de exaurido fisicamente e o bandido pula pela alta janela pra não ter que encarar o herói. Vejo aí uma pequena síntese do lado vigilante urbano do personagem.

O desenho de Weeks é muito bom e seu estilo combina bem com o personagem (que ele já desenhou nos anos 90). A diagramação é simples, mas atende bem à proposta do autor e ajuda na narrativa. Não é uma trama genial, mas é competente e usa bem elementos importantes do personagem, o que gera identificação com os fãs. Além disso, o final não decepciona, sendo um bom desfecho para mais uma noite difícil na vida de Matt Murdock. Vale a pena a leitura.

Daredevil Dark Nights #1 – 3 (EUA, agosto, setembro e outubro de 2013)
Publicação no Brasil: Demolidor 9, Panini Comics, 2015
Roteiro: Lee Weeks
Desenhos: Lee Weeks
Cores: Lee Loughridge
Capas: Christopher Samee, Matthew Wilson, Lee Weeks e Lee Loughridge
Letras da edição nacional: Donizeti Amorim
65 páginas

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