Home QuadrinhosArco Crítica | Detective Comics #08 a 12: Táticas de Intimidação (Novos 52)

Crítica | Detective Comics #08 a 12: Táticas de Intimidação (Novos 52)

por Luiz Santiago
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estrelas 3

Após a conclusão de Faces do Mal, o arco de abertura da Detective Comics nos Novos 52 (edições #1, 2, 3, 4 e #5 a 7) onde tivemos a apresentação do Mestre dos Bonecos e uma história de terror aliada ao foco principal da revista que é explorar conceitos detetivescos ao universo do Batman, partimos para um segundo arco híbrido de temas internos e bastante aquém do que poderíamos esperar de Tony S. Daniel após o seu louvável início no comando dos roteiros dessa publicação.

A abertura nos traz o Espantalho e Eli Strange (filho do professor Hugo Strange), num enredo que denota contaminação por algum tipo de substância, o que de fato será a coluna central do arco. Aqui, entra em cena o estranhíssimo Sr. Tóxico, que apareceu pela primeira vez no Cassino Iceberg do Pinguim (edição #06: Jogo Mortal), como um mero coadjuvante a serviço do vilão baixinho e narigudo. Aqui temos a explicação de como as atividades criminosas em jogo e o próprio Sr. Tóxico se tornaram uma ameaça não só para o Batman, mas para Gotham e talvez para todo o país.

O grande erro de Tony S. Daniel foi apostar um alto número de fichas em um vilão nada atrativo e com uma confusa trama envolvendo manipulação de partículas e citação de buracos-negro e viagens no tempo; para depois trazer à tona composições atômicas capazes de estender a frequência vital de alguém mesmo após a morte ou fazer corpos se derreterem, se expostos à toxina — o que de longe nos lembra a jogada do início do arco, com o jovem Strange e Espantalho, mas nem de perto serve para tornar o texto simpático ou com cara de uma verdadeira história do Batman.

A melhor sequência de quadros da edição #09.

Não pelo caráter de investigação, que segue fiel ao propósito central da revista, mas pelo tipo de constituição vilanesca e perigo em jogo, seria até mais interessante que este fosse um arco da Batwoman. De qualquer modo, a jogada de detetive do Morcegão é posta à prova e conta com uma parceria cada vez mais sutil com o Comissário Gordon. Aliás, o Departamento de Polícia de Gotham City aparece mais no início do arco e ganha uma caracterização dupla, uma de apoio ao Morcego e outra de estranheza ou oposição a ele.

A edição #9 marca o crossover com a revista Batman, no arco Noite das Corujas. A ação que se passa aqui é centrada no Asilo Arkham e conta com Batman tentando salvar Jeremiah Arkham dos Garras. A participação o Máscara Negra e o breve diálogo com Asa Noturna marcam a edição como último ponto realmente positivo de todo o arco, mesmo que não tenha, a rigor, muito a ver com o projeto do Sr. Tóxico a ser melhor desenvolvido dali em diante. Abaixo, segue a sequência de eventos da Noite das Corujas, na Detective Comics.

20h26 – Ilha Arkham. Jeremiah Arkham é avisado da chegada da Corte mas recusa a deixar o Asilo.

20h51 – Intervenção do Batman no Asilo, para salvar Jeremiah Arakham dos Garras.

21h49 – Batman leva Jeremiah Arkham para longe da Ilha. Ele fala com Asa Noturna e diz precisar localizar as Aves de Rapina e Lincoln March.

Apesar de dramaticamente fora do mundo comum do Batman, a arte merece os devidos louros.

O final de Táticas de Intimidação abre possibilidades para um futuro enfrentamento ou parceria do Batman com Hugh Marder. Se ele irá se arrepender de ter salvo a vida do indivíduo ou não, é algo que só saberemos a longo prazo.

As edições desenhadas por Tony S. Daniel são as mais interessantes do arco, especialmente a última, com excelente finalização de Richard Friend. Por se tratar de uma parte da trama cuja abertura para explosões e espaço para elementos de ficção científica são essenciais, temos um esforço dos artistas em criar algo entre o bizarro e o elegante e assustador, algo que funcionou muito bem. Outro destaque vai para os desenhos também de Tony S. Daniel e finalização de Sandu Florea nas edições #08 e 9. A parte externa do Asilo Arkham e a ótima caracterização do Máscara Negra no meio da história são visualmente marcantes.

A edição #12 da Detective Comics marcou o fim do primeiro ano do Morcegão após o reboot dos Novos 52. Com dois arcos e muito acontecimento em jogo, podemos dizer que a publicação teve um saldo positivo nesse seu primeiro ano, contando ainda com um bônus interessante: duas histórias desenvolvidas ao final do arco principal, uma para o Duas-Caras (edições #08 a 11: Bem-vindo ao Lado Sombrio) e uma para o Coringa (edição #12: O Rosto Que Ri).

Derrotando o inimigo através de caretas assustadoras.

No caso da primeira história, trata-se de um conto do Duas-Caras escrito por Tony S. Daniel e desenhado por Szymon Kudranski, onde o vilão busca reenquadrar-se na sociedade civil. Ele quer voltar a ser promotor. Na tentativa de chegar onde quer, o agora criminoso Harvey Dent encontra uma situação levemente mística que não combina com ele, embora faça jus à ideia de “porções iguais de luz e trevas” e “balança” relacionados à própria origem e motivação psíquica do personagem. A arte escura e de diagramação inteligente dão um toque macabro e aterrorizante à história, que, ironicamente, não pende para o terror.

O Rosto que Ri (texto de James Tynion IV e arte de Szymon Kudranski) é uma pequena preparação para o futuro retorno do Coringa, depois de 1 ano afastado. Ele se passa em uma noite de vigia do DPGC, onde está localizado a pele que o Palhaço deixara em Arkham já na edição #01 de Detective Comics, na abertura do arco Faces da Morte. A mensagem implícita é muito clara: vem chumbo grosso por aí!

Detective Comics #08 a 12: Scare Tactics (New 52)
Publicação original: EUA, junho a outubro de 2012
Publicação no Brasil: 2013
Roteiro: Tony S. Daniel
Arte: Tony S. Daniel, Ed Benes (apenas na edição #10), Julio Ferreira e Eduardo Pansica (apenas na edição #11).
Arte-final: Sandu Florea (apenas edições #08 e 9), Rob Hunter (apenas edição #10), Julio Ferreira e Eber Ferreira (apenas edição #11), Richard Friend (apenas edição #12).
Cores: Tomeu Morey

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