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Crítica | Dexter: New Blood – 1X05: Runaway

Correndo sem tropeçar!

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

O roteiro de Runaway, episódio que marca a metade do revival de Dexter, parece querer correr para compensar o tempo em tese perdido com uma história até aqui um tanto quanto lugar-comum, ainda que, como já disse várias vezes, com bom valor em razão da nostalgia de ter o serial killer que amamos de volta. E o que verdadeiramente surpreende no trabalho de Veronica West é que a roteirista consegue tirar leite de pedra ao usar de diversas conveniências narrativas de maneira razoavelmente bem concatenada para, sem enrolação, avançar diversos passos na história.

Mesmo que seja uma tradição os episódios de meio de temporada serem usados para estabelecer uma virada narrativa, não esperava que, neste aqui, houvesse uma ponte tão clara e tão precisa que levasse a xerife Angela Bishop a descobrir que seu namorado Jim Lindsay é o em tese finado Dexter Morgan. Imaginei que essa revelação viria um pouco mais para a frente e que, em Runaway, ficaríamos apenas com aquele comentário críptico, por um Harrison drogado, para Audrey sobre seu pai que levaria à grande revelação. Mas não. Essa indiscrição de Harrison foi combinada com a viagem de Angela e Molly para Nova York para falar com Matt Caldwell que leva a xerife a conversar com ninguém menos do que Angel Batista (David Zayas retornando brevemente ao seu célebre papel) e dele ouvir o nome de Harrison e pronto, um pouco de pesquisa e tudo vem à luz.

Foi sem dúvida um roteiro que facilitou esse caminho, mas que fez isso sem mão pesada exagerada, daquelas que sentimos nos empurrar. Há uma boa fluidez nos acontecimentos e, mesmo que eles evoluam muito rapidamente, acabam fazendo sentido se vistos em seu conjunto. Mas é claro que isso é apenas meio caminho andado, pois fingir a própria morte, ainda que possa ser considerado com crime de falsidade ideológica ou coisa semelhante, não é automaticamente uma ponte para a descoberta de que Dexter é um serial killer. E não há razão para Angela desconfiar disso, vale lembrar, pelo que, se ela confrontar Dexter agora, ele poderá se armar para entregar uma explicação fácil – na linha da citada Navalha de Ockham que determina que a explicação mais simples provavelmente é a verdadeira – e, com ela, esconder a improbabilidade de ele ser quem é.

O que realmente importa é que chegamos ao ponto de ruptura da série. É a partir de agora que New Blood poderá oferecer aquilo que a retirará definitivamente da zona de conforto. Não que Dexter ser caçado seja novidade, mas o que sempre aconteceu antes foi mais indireto e, agora, é possível que os eventos levem a algo mais direto, dependendo de como a xerife decidir lidar com a situação. E o melhor é que outras frentes foram abertas, com Kurt sendo definitivamente revelado como o serial killer de Iron Lake e o sargento Logan frustrando não uma, mas duas tentativas de assassinato por parte de Dexter, uma delas, a primeira, deixando o policial entrever o homem violento por trás da simpatia disfarçada.

Será interessante ver, também, como Harrison será encaixado nessa segunda metade, ou seja, que papel exatamente ele fará na medida em que seu pai se sentir cada vez mais acuado. Aliás, falando em Harrison, gostei bastante como a primeira metade de Runaway permaneceu centrada nele, de certa forma dando espaço para deixar claro que ele é alguém que faz esforço para se misturar às pessoas normais assim como seu pai e, ao mesmo tempo, sem nos dar mais pistas sobre o que exatamente aconteceu na escola no episódio anterior. Não tenho muitas dúvidas que o reencenamento da ação por parte de Dexter com o fantasma de Debra refletiu o ocorrido, mas me parece possível que haja mais detalhes ali para dar estofo – e até lógica – à possível psicopatia(?) do jovem.

Depois de um bom episódio, Runaway continua a pegada de qualidade, mas conseguindo quebrar de vez as correntes do passado e da nostalgia, mesmo que, ironicamente, tenha que ter trazido Angel deste mesmo passado para fazer isso. Agora é ver se Clyde Phillips desenvolverá esse viés que inverte o jogo usual de Dexter, colocando-o como caça e não apenas como caçador, e como isso será casado com a presença de Harrison bem ao lado de seu pai em meio a uma possível crise.

Dexter: New Blood – 1X05: Runaway (EUA, 05 de dezembro de 2021)
Desenvolvimento e showrunner: Clyde Phillips (baseado em obra de Jeff Lindsay)
Direção: Marcos Siega
Roteiro: Veronica West
Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones, Johnny Sequoyah, Alano Miller, Jennifer Carpenter, Michael Cyril Creighton, Steve M. Robertson, Fredric Lehne, Clancy Brown, Jamie Chung, David Zayas
Duração: 57 min.

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