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Crítica | Dexter: Ressurreição – 1X07: Ajuste de Curso

As mil e uma utilidades de uma taça de vinho.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as demais críticas do universo Dexter.

Uma coisa que vem me incomodando em Dexter: Ressurreição é a facilidade extrema com que Dexter mata quem ele decide matar. Tudo bem que ele inegavelmente tem uma vasta experiência nessa “atividade”, mas ele, agora, está lidando com gente como ele, o que deveria significar mais obstáculos do que o normal. Eu entendo a lógica dessa velocidade e conveniência, já que, na premissa da temporada, existiam cinco outros serial killers, um colecionador de serial killers e uma capanga do colecionador de serial killers que precisavam ser eliminados em 10 episódios ao lado de outros acontecimentos, mas, mesmo assim, acho que a sofreguidão assassina dos roteiros tem desperdiçado essa ideia exótica que dá base para mais esse recomeço para Dexter.

Por outro lado, eu gosto que os roteiros têm sido criativos na forma como Dexter elimina seus alvos. Tivemos Red morto pelo método… hummm… tradicional, Lowell pela versão corrida do método tradicional, Mia sendo entregue à polícia para também servir de culpada pelo assassinato cometido por Harrison, Gareth no total improviso, com direito à troca de taças com tranquilizante, de forma a servir de trampolim para a “chocante” revelação de que ele tem um irmão gêmeo e, agora, o irmão gêmeo sendo assassinado de dia, literalmente à céu aberto e diante de todo mundo (ok, todo mundo como ele) e com uma taça de vinho quebrada enfiada no pescoço, mas sem esquecer do troféu, com o bônus de isso funcionar para colocar a culpa da morte de Lowell no recém falecido. Claro, continua sendo tudo muito fácil e muito rápido, com direito à conveniência máxima que é Leon Prater derreter-se pela forma como Dexter fingindo ser Red fingindo ser Dexter se abre para o grupo, criando um rapport que nos leva à origem do bilionário sociopata que fez amizade com o serial killer que matou seus pais e ficou triste quando ele morreu e praticamente elevando Dexter ao seu novo assassino em série favorito da vida. O que realmente importa no final das contas, porém, é que o saldo dessa abordagem quase surreal acaba sendo positivo.

Mas mais positivo do que isso é que, mais uma vez, a direção dá tempo ao tempo e, no meio da velocidade das mortes, para tudo para privilegiar os atores. A conversa entre Dexter e Leon no idílico banco do castelo do ricaço foi muito boa, assim como a breve interação de Dexter com Gareth 2 e, ainda mais brevemente, durante o curativo, com Charley, mesmo que Uma Thurman continue desperdiçada. E, claro, como não destacar o tenso e surpreendentemente franco tête-à-tête entre Dexter e Ángel, com os dois atores visivelmente transformados ali, um em um misto de decepção e raiva por agora ter certeza de quem o amigo de décadas sempre foi e o outro tirando a luva de pelica e deixando bem claro o que é capaz de fazer se esse caminho investigativo continuar a ser seguido. Quero só ver até que ponto isso vai, pois, como tive oportunidade de mencionar a alguns leitores nos comentários da crítica passada, uma coisa que nunca apreciei muito na série original foi a eliminação conveniente de todo mundo que sabe do segredo do protagonista. Veremos se Clyde Phillips encontrará uma saída diferente para o bom e velho Ángel.

A relação entre pai e filho continua firme e forte, aqui com o clichê do “pai atrasado para evento importante do filho”, mas com uma variante interessante, que é a presença surpresa da Detetive Wallace como palestrante na faculdade que Harrison deseja cursar que não só cria aquele momento bacana de tensão com os dois Morgans ali (bem melhor do que Blessing quase encontrando Gareth Prime morto na banheira), como também parece apontar para um caminho potencialmente interessante para o futuro de Morgan (o Dexter), talvez como consultor da polícia de Nova York sobre serial killers, já que muito tempo foi dedicado à revelação de que um desses assassinos nunca foi preso e que ele, apesar de ter parado de matar, continua aterrorizando psicologicamente os parentes de suas vítimas. Pode ser apenas um desejo impossível meu, mas, se é para Dexter continuar sendo reaproveitado, acho que seria muito interessante ressignificar sua presença, transformando em um caçador de serial killer sancionado pela polícia ou, pelo menos, por uma detetive em especial.

Ajuste de Curso é mais um bom episódio da temporada, ainda que não tão bom quanto os dois anteriores. Dexter: Ressurreição, com isso, vem se provando ser a primeira série dos revivals da franquia que não se apoia demais na nostalgia e, quando o faz, lida de maneira inteligente e lógica com ela, como é a presença ameaçadora de Ángel na cidade. Agora é aguardar para que Rapunzel, o último aperitivo de Dexter, seja eliminado, para que os dois pratos principais possam, espero, oferecer mais resistência do que o que temos visto até agora.

Dexter: Ressurreição – 1X07: Ajuste de Curso (Dexter: Resurrection – 1X07: Course Correction – EUA, 15 de agosto de 2025)
Desenvolvimento: Clyde Phillips (baseado na série desenvolvida por James Manos Jr. e na obra de Jeff Lindsay)
Direção: Monica Raymund
Roteiro: Hilly Hicks Jr.
Elenco: Michael C. Hall, Uma Thurman, Jack Alcott, David Zayas, Ntare Guma Mbaho Mwine, Kadia Saraf, Dominic Fumusa, Emilia Suárez, James Remar, Peter Dinklage, Eric Stonestreet, David Dastmalchian
Duração: 54 min.

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