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Crítica | Dexter: Ressurreição – 1X10: E Justiça para Todos

E banalidades para todos.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as demais críticas do universo Dexter.

Depois de um episódio decepcionante, E Justiça para Todos encerra o primeiro ano de Dexter: Ressurreição com uma resolução completamente padrão, ou by the book como dizem os americanos, focada única e exclusivamente em como o protagonista consegue escapar do cofre de troféus na cobertura de Leon Prater, onde ele foi trancado juntamente com o corpo de Ángel Batista, personagem injustamente desperdiçado, com uma morte tonalmente deslocada. Clyde Phillips, que se ausentara da sala dos roteiristas durante Tocado por um Amjo, voltou por cinco minutos a tempo de evitar o desastre total nesse aqui. Foi um prazer ver o retorno de Christian Camargo como Brian Moser naqueles minutos de tensão? Sem dúvida alguma, mas mesmo esse momento do “diabinho no ombro esquerdo” com base em nostalgia, mas nostalgia boa, com sentido, foi célere demais, descartado na correria, sem realmente criar dúvidas ou mesmo um filete de drama real para Dexter.

A maior prova de que Phillips não participou de toda a discussão sobre o episódio está no fato de a fuga de Dexter depender de um telefone esquecido por Charley e Prater no casaco do finado Ángel Batista em um cofre forte que tem perfeita recepção de celular a ponto de permitir que Dexter faça não uma ligação tradicional para Harrison, mas sim um cômodo FaceTime que leva o filho do salão de festa – que ele leva literais cinco minutos para conseguir entrar –  até o andar onde o pai está preso, tudo em uma série cujo mote é “pai faz de tudo para proteger o filho do perigo”. Mas a coisa não fica por aí. O momento eureka em que Dexter descobre a senha do cofre, mas muda de ideia no último segundo foi, sem dúvida alguma, uma boa construção de suspense, com a escolha de Harrison em clicar no enter um elemento positivo a mais, mas mesmo isso foi muito pouco para o que veio em seguida, como a dúvida de Charley sobre seu chefe, dúvida essa derrubada pela pasta cheia de informações comprometedoras sobre ela que Prater guarda como seguro e, claro, a facilidade extrema com que Harrison livrou-se do bilionário, permitindo que seu pai o levasse para o ritual macabro e bem merecido, vale dizer. E tudo isso em meio a uma festa beneficente em que todos os policiais da cidade estavam, algo que não fez diferença alguma para Dexter, que fugiu como se ele estivesse escapando de uma criança de sete anos brincando de esconde-esconde com ele.

Na verdade, minto, pois os policiais serviram para uma função narrativa óbvia: facilitar a retirada do véu de Prater e de seu clube de serial killers, algo que gritou conveniência de roteiro de último episódio de temporada, feita com pitadas generosas de texto amador escrito por colegiado seguindo o manual dos roteiristas sem imaginação, mas com prazo, com tudo ocorrendo simultaneamente em um estalar de dedos, ali mesmo no meio da confusão, com direito à Detetive Wallace providencialmente “esbarrando” na pasta com o nome real do estripador de Nova York que Dexter deixara de presente para ela depois de levar o que queria levar e de apagar com velocidade que faria inveja ao Flash todas as evidências de que um dia esteve por ali.

Mesmo com minha abordagem negativa, não posso dizer que foi um final ruim, mas, por outro lado, depois de Tocado por um Ángel, qualquer coisa mal ajambrada que jogassem ali ficaria comparativamente melhor. E, entre Brian Moser ressurgindo, alguns bons momentos de tensão e, claro, a melhor cena de toda a série, que foi a detetive Wallace dançando Stayin’ Alive na coreografia imortal criada por Lester Wilson e Deney Terrio para John Travolta em Os Embalos de Sábado à Noite, algo que me fez ficar enfurecido quando o alarme do cofre tocou no meio da dança, interrompendo-a (é o obrigação da produção lançar a dança completa por Kadia Saraf!), E Justiça para Todos entregou um encerramento que, mesmo passando longe de fazer justiça para a série, pelo menos não terminou de afundá-la no rio Hudson onde Dexter foi navegar com seu novo iate gigante que ele conseguiu, pelo visto, furtar com todos os poderes do roteirismo. Agora é ver como é que a série continuará, pois a caçada dos demais serial killers terá que levar o protagonista a outros estados dos EUA, a não ser que, magicamente, todos morem em Nova York, o que seria uma suprema e hilária idiotice que, tenho para mim, Clyde Phillips não cometerá.

P.s.: Esse episódio confirmou a magnitude do desperdício que foi a escalação de Uma Thurman para o papel de segurança enfezada de Leon Prater. A atriz está precisando de um agente melhor…

Dexter: Ressurreição – 1X10: E Justiça para Todos (Dexter: Resurrection – 1X10: And Justice for All… – EUA, 05 de setembro de 2025)
Desenvolvimento: Clyde Phillips (baseado na série desenvolvida por James Manos Jr. e na obra de Jeff Lindsay)
Direção: Marcos Siega
Roteiro: Clyde Phillips
Elenco: Michael C. Hall, Uma Thurman, Jack Alcott, David Zayas, Ntare Guma Mbaho Mwine, Kadia Saraf, Dominic Fumusa, Emilia Suárez, James Remar, Peter Dinklage, Christian Camargo
Duração: 47 min.

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