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Crítica | Diabolik #900: Novecentos Minutos de Fúria

Diabolik chegada à sua 900ª edição.

por Luiz Santiago
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Publicada em 1º de fevereiro de 2022, Novecentos Minutos de Fúria é uma verdadeira edição-marco na saga de Diabolik, pois trata-se da revista de número 900 da série. É um número muito grande para um título que começou a ser publicado em novembro de 1962 (O Rei do Terror) e definitivamente prova o quanto o personagem é querido e o quanto ainda tem um número grande de leitores ao redor do mundo. Minha história com o personagem, infelizmente, não é muito longeva. Comecei a lê-lo apenas quando a Editora 85 trouxe-o novamente ao Brasil, com as histórias do Ano 54; e fora essas doze edições, li as duas primeiras tramas do personagem (O Rei do Terror e O Criminoso Indescritível), mais o remake de O Rei do Terror e mais uma história de 1973 chamada Terror no Pântano todas elas devidamente criticadas aqui no site por mim.

Mesmo tendo lido, até o momento, apenas 16 dos 900 volumes da série, eu não poderia deixar de conferir essa edição comemorativa e falar um pouquinho a respeito do que ela nos apresenta. A sinopse já abre o caminho para o suspense que encontraremos nessas páginas: “15 horas, 900 minutos no total. Não é a primeira vez que Diabolik tem que correr contra o tempo. Mas nunca antes o vimos tão feroz e determinado. E nunca antes ele enfrentou um oponente tão formidável“. Esse suspense vem acompanhado de um olhar para o passado, algo que leitores que conhecem mais tramas do título deverão aproveitar com um nível muito maior de cumplicidade e atribuição de significados. Não estamos, porém, diante de um tipo de história que só funciona para quem obrigatoriamente conhece esta ou aquela edição, esta ou aquela fase do personagem. Ela funciona para quem não teve contato com os momentos referenciados no texto ou na arte (falo aqui por experiência própria), mas com certeza encontrará um lugarzinho mais caloroso nos leitores assíduos da série.

Concebido por Mario Gomboli, Andrea Pasini e Rosalia Finocchiaro, o roteiro de Novecentos Minutos de Fúria coloca Diabolik em uma situação de grande tensão, inclusive com reloginho cronometrando o tempo (os tais novecentos minutos) num canto das páginas, tornando a leitura ainda mais tensa. Os flashbacks falam da relação de Diabolik com Ronin, dando detalhes necessários para o entendimento do problema no presente, servindo para que leitores novos tenham uma boa noção da importância desse personagem na construção do Diabolik que conhecemos hoje. Vemos também alguns elementos da prisão de Diabolik e volta-se a falar na figura misteriosa de Walter Dorian, tudo isso para contextualizar o roubo de um punhal e o contato do protagonista com o Cobra, um vilão inteligente, que antecipou bem os passos de seu opositor, mas que na reta final procurou dar um “golpe dentro do golpe“, desistindo de sua primeira intenção. Não chega a ser uma decisão frustrante, mas é inesperada em um sentido não tão positivo.

Os desenhos de Sandro Giordano (nas cenas do presente) trazem a agilidade necessária para esse tipo de história, mas não vão muito além disso. Já os quadros desenhados por Giuseppe Palumbo (nas cenas do passado) são bem mais ricos e indicam um momento de maior intensidade e violência. Por falar nisso, toda a história traz momentos marcantes de luta, tortura e assassinato, tendo a vingança como maior guia dos personagens. O tempo, nessa realidade, parece não curar nenhuma ferida. Todos aparentemente esperam o momento certo para se vingarem de algo terrível que lhes aconteceu. E nada melhor do que trazer esse acerto de contas para uma edição comemorativa, não é mesmo? Gosto dessa história, mas ela é, em linhas gerais, uma história simples. O plano do vilão funciona e faz Diabolik ter um acesso de raiva que eu não vi em nenhuma outra edição que li. É aquela situação: mexeu com quem a gente ama, a coisa muda completamente de figura. E Diabolik está aqui para provar, mais uma vez, a veracidade disso.

Novecento Minuti di Furore — Itália, 1º de fevereiro de 2022
Catalogação: Diabolik #900 | Ano 61 — Número 2
Editora original: Astorina
Roteiro: Mario Gomboli, Andrea Pasini, Rosalia Finocchiaro
Arte: Sandro Giordano, Giuseppe Palumbo
Arte-final: Jacopo Brandi
Capa: Matteo Buffagni
130 páginas

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