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Crítica | Diabolik #2: O Criminoso Indescritível

por Luiz Santiago
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Em certa medida, O Criminoso Indescritível serve como uma continuação da atmosfera e do desenvolvimento de personagens vistas em O Rei do Terror — e o roteiro dessa segunda aventura de Diabolik não nos deixa esquecer um só momento disso. Tanto o nome “rei do terror” quanto a presença do jovem Gustavo Garian ajudam-nos a fazer essa aproximação, e já é possível notar um rigor maior no texto dessa história, com uma saga que envolve riqueza, roubo e corrupção em lugares mais “insuspeitos” da sociedade. E tudo começa quase despreocupadamente no Cassino da pequena cidade de Narbon, onde o Barão Massimo Riber está, como sempre, perdendo muito dinheiro. Rapidamente também se vê a figura do advogado Bonard, uma pessoa bem conhecida pelas suas boas ações e bom trato com os habitantes locais.

Há aqui uma forma muito instigante da autora em relacionar pessoas de diferentes classes sociais e expor os “ricos falidos” a situações de vexame, o que já abre os olhos do leitor para os possíveis problemas que isso pode trazer a inocentes e bem-intencionados ao redor dessas pessoas. Assim como no livro anterior, Diabolik parece demorar para entrar em cena, mas depois percebemos a verdadeira intenção do roteiro em retardar essa entrada. É bom perceber que essas histórias conseguem se sustentar tranquilamente com um bom suspense — e outras camadas de ação, crimes e ameaças — até que a grande e esperada estrela da trama apareça e faça o seu jogo. No presente caso, Diabolik está engajado em um roubo de jóias.

Considerando as intenções e o caráter dos crimes cometidos pelo personagem principal, não é de se espantar que ele tenha rastreado essas joias e empreendido um grande esforço para roubá-las. Essa relação entre o crime e os coadjuvantes nesta edição é feita de maneira bem mais fluída, sem longos espaços de ação que pouco acrescentam à linha principal, como vimos na aventura anterior. Toda a correria e todos os disfarces aqui são acompanhados de uma boa camada de ameaças e medo pelo próprio Diabolik, que admite mais de uma vez a perspicácia do Inspetor Ginko, alguém realmente muito sagaz e que se não coloca as mãos no criminoso que lhe deu fama, é porque Diabolik tem um número bem maior de cartas na manga à sua disposição. Mas é por isso que a briga de gato e rato entre os dois se torna ainda melhor. Ela tem um princípio lógico e mostra aquilo que cada um dos homens é capaz de fazer para conseguir seus objetivos.

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Assim como na primeira aventura, Angela Giussani solicitou que a história fosse redesenhada, por ocasião de sua primeira reimpressão. Os desenhos originais são de Calissa Giacobini (também conhecida como Kalissa), uma amiga de Luciana, e os novos desenhos são de Lino Brazzi (Aulo Brazzoduro), que fez um bom trabalho na criação de cenários, nos planos de conjunto e na movimentação dos personagens, mesmo que suas expressões faciais nem sempre sejam as mais… interessantes, por assim dizer. Como disse na crítica do primeiro livro, o modelo clássico das histórias de Diabolik (que a gente não vê no remake) exige um cuidado maior por parte do artista, já que existe um menor número de quadros por página e, mesmo com grandes balões ou retângulos de narração, ainda sobra bastante espaço para os desenhos — e é por isso que a versão colorizada desses clássicos, na minha opinião, são bem melhores no aspecto de demonstração da arte.

Ainda vale citar que nesta edição nós temos a estreia do carro caraterístico de Diabolik, um Jaguar E-Type, utilizado numa jornada de forças equilibradas entre o protagonista vilanesco e as forças da lei sempre na sua cola. Baseado em O Magistrado Ladrão (Le Magistrat Cambrioleur), uma das histórias de Fantômas — inclusive com a recriação da angustiante cena do homem no sino da igreja — O Criminoso Indescritível serve para marcar muito bem a relação entre Diabolik e Ginko e expandir um pouco mais o escopo de crimes, lugares de fuga e possibilidades para o protagonista. Embora não seja perfeita, é uma história melhor que a da estreia do personagem, e consegue nos manter atentos e interessados o tempo todo. Uma continuação muito boa de uma saga que estava apenas no início.

O Criminoso Indescritível (L’inafferrabile Criminale) — Itália, 1º de fevereiro de 1963
Catalogação: Diabolik #2 | Ano 2 (Primeira Série)
Editora original: Astorina
Roteiro: Luciana Giussani, Angela Giussani
Arte original: Calissa Giacobini
Arte da reimpressão de 1964 (aqui colorida): Lino Brazzi
121 páginas

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