Home QuadrinhosMinissérie Crítica | Dinastia M (Tie-In de Guerras Secretas – 2015)

Crítica | Dinastia M (Tie-In de Guerras Secretas – 2015)

por Ritter Fan
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estrelas 3

Obs: Leia a crítica da saga aqui e dos demais tie-ins aqui.

Em Guerras Secretas, saga de 2015, o Doutor Destino – agora Deus Destino – recriou o mundo ou, como agora é conhecido, Mundo Bélico, a seu bel-prazer, dividindo-o em baronatos, cada um refletindo de alguma forma um evento ou uma saga passada da Marvel Comics. Com isso, a editora, que, durante o evento, cancelou suas edições regulares, trabalhou como minisséries – algumas mais auto-contidas que as outras – que davam novo enfoque à situação anterior já conhecida dos leitores, efetivamente criando uma saga formada de mini-sagas, com resultado bastante satisfatório, muitas vezes até superior do que as nove edições que formam o coração de Guerra Secretas.

dinastia-m-guerras-secretas-2Uma das sagas clássicas que recebeu um novo tratamento foi Dinastia M, originalmente publicada em 2005, que acontecia não muito tempo depois dos eventos de A Queda, em que a Feiticeira Escalarte perde o controle de seus poderes. E que poderes! Afinal, em Dinastia M, com apenas um desejo, a mutante altera completamente a realidade, colocando seu pai Magneto como patriarca de uma família real (a dinastia do título) composta ainda por ela (porém sem poderes), seus dois filhos, seu irmão Pietro (Mercúrio) e sua meia-irmã Lorna (Polaris) em que os mutantes formam a classe dominante e os humanos apenas subsistem e, sob a liderança de alguns heróis, formam uma resistência. Ao fim da saga original, uma grande parte dos mutantes da “realidade normal” é exterminada depois que ela sussurra a famosa frase “no more mutants”, evento que, até hoje, de uma maneira ou de outra, afeta o Universo Marvel, em um raro exemplo de efeito duradouro em larga escala de uma saga.

O que tornava a saga original interessante era justamente compreender a vastidão do poder de Wanda Maximoff e as consequências dele. Sim, de certa forma toda a história se passa em uma “realidade paralela” (mas só de certa forma, pois era a única realidade do momento, assim como os baronatos de Guerras Secretas formam a realidade do momento) e tudo que é criado é desfeito depois do embate entre mutantes e humanos. Mas havia, ali, algo de perene que diferenciava a saga das demais.

A nova versão considera a realidade criada por Wanda como “a realidade”. Na verdade, essa realidade não foi criada pela Feiticeira e sim por Deus Destino, o que logo de cara tira a essência de Dinastia M, tornando-a mais uma versão distópica da realidade, não muito diferente do que A Era do Apocalipse, Dias de Um Futuro Esquecido e diversas outras dentro ou fora do universo mutante da editora.  Por si só, isso não é exatamente ruim, apenas, digamos… banal. O que vemos na nova Dinastia M é  um pout-pourri de “mais do mesmo”, com mutantes superiores lidando com humanos inferiores em um batalha desigual que conta com os Netos Reais (Célere e Wiccano, filhos de Wanda) do lado dos humanos que, aqui, têm como foco Misty Knight, Gavião Arqueiro, Gata Negra e Deathlocket, esta última controladora de um exército de “Deathloks” inacabados, formando um grupo inusitado, mas que funciona bem junto. Em meio à família real, Pietro que, na saga original, é o “arquiteto” da realidade idílica para os mutantes, trama um golpe de estado junto com Namor que, por sua vez, claro, trama por trás de Pietro.

Em outras palavras, não há muita novidade, mas o texto de Dennis Hopeless e Cullen Bunn (este a partir do segundo número, junto com Hopeless) é eficiente em passar as informações necessárias sobre este mundo sem tornar tudo muito didático. No entanto, diferente das demais minisséries tie-in de Guerras Secretas, Dinastia M é composto de apenas quatro números, o que obriga os roteiristas a tomarem atalhos, incluindo elipses que nem sempre funcionam de forma que eles possam abordar a grande quantidade de personagens necessários. Com isso, a “guarda real” encabeçada por Wolverine perde foco e importância e mesmo Namor é mal-aproveitado. Magneto ganha a atenção devida, mas há muito acontecendo ao mesmo tempo para que Hopeless e Bunn consigam criar a urgência necessária à história, o que acaba gerando certas padronizações, como a dúvida moral do personagem entre humanos e mutantes e a forma como ele lida com Pietro. Um pouco mais de espaço e talvez mais coragem para tomar decisões desagradáveis (ou menos simplistas) teria feito de Dinastia M uma grande minissérie. Do jeito que ficou, é apenas boa.

A arte ficou ao encargo de Marco Failla nos dois primeiros números e de Ario Anindito nos dois seguintes. Os artistas têm estilos interessantes e complementares. O primeiro trabalha muito bem rostos e corpos, às vezes pendendo para o caricato, mas de forma positiva e diferenciadora. O segundo, por sua vez, faz rostos que lembram de longe o estilo mangá e tem um esmero muito grande com detalhes, o que funciona bem nas sequências de luta. Ambos têm bom controle das sequências de quadros, o que suaviza o problema da velocidade vertiginosa do roteiro versus a quantidade e variedade de personagens que precisam ser trabalhados.

Dinastia M não traz nada de realmente novo e até mesmo se despe do que fez a saga original o que ela é. Mas o resultado – muito auto-contido, por sinal – é satisfatório e agradável, além de ser uma leitura muito rápida, talvez rápida demais para o seu próprio bem.

Dinastia M (House of M, EUA – 2015)
Contendo: Dinastia M (2015) #1 a #5
Roteiro: Dennis Hopeless (#1 a #4), Cullen Bunn (#2 a #4)
Arte: Marco Failla (#1 e #2), Ario Anindito (#3 e #4)
Cores: Matthew Wilson
Letras: Joe Caramagna
Editora original: Marvel Comics
Datas originais de publicação: outubro a dezembro de 2015
Editora no Brasil: Panini Comics
Data de publicação no Brasil: setembro de 2016 (encadernado – Guerras Secretas: X-Men #2)
Páginas: 100

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