Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who – 11X08: The Witchfinders

Crítica | Doctor Who – 11X08: The Witchfinders

por Luiz Santiago
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A caracterização de Alan Cumming como James I nesse episódio é simplesmente espantosa. E o enredo em si tem uma força diferente como história do passado, até então, o ponto alto dessa 11ª Temporada. Sendo exibido depois de uma série de rumores na imprensa britânica de que os dias de Chris Chibnall — e consequentemente, de Jodie Whittaker — na série estariam “contados”, The Witchfinders vem com uma aura mais do que propícia para os bastidores de Doctor Who e também para um tipo especialmente tóxico de pessoas que acompanham a série apenas para difamar absolutamente tudo o que é exibido. Muitos até colocam a culpa na Doutora, a “bruxa que veio estragar o legado da testosterona”, pela suposta “ruína” da série. Mas a realidade, ainda bem, é a prova cabal contra o delírio da horda.

A sensação ao assistir The Witchfinders é que o roteiro (de Joy Wilkinson) e a direção (de Sallie Aprahamian) pincelaram o maior número de condições históricas do período de Caça às Bruxas na Inglaterra do início do século XVII e meio que por acaso inseriram um vilão alienígena, os Morax, uma raça de um tipo de lama que estava presa na Terra, mas foi liberta da prisão inadvertidamente pela senhora das terras locais. Em estrutura, o capítulo não difere tanto assim da apresentação de momentos de terror que antes já tivemos no show, só que aqui existe um subtexto em evidência que torna muita coisa nova e mais interessante, só que infelizmente não muito bem finalizada (de novo!).

As investidas do rei diante de Ryan (quando ele chamou o jovem de “príncipe núbio” eu ri que nem um besta da cantada real, ainda mais quando entregue por Alan Cumming, que é um excelente ator e faz um retrato absurdamente coerente com o que conhecemos do rei James), a presença da Doutora e sua exposição dela à hierarquia, aos rituais e conceitos ligados à narrativa histórica de bruxaria na Europa como um todo + a forma como ela lida com esses obstáculos são coisas que mantém o nível do episódio em alta e nos entretém. Todavia, à medida que nos aproximamos do final, a sensação de que “falta alguma coisa” é cada vez maior. Então vem a revelação dos aliens. E eu não sei realmente como me colocar diante dessa situação.

De início, imaginei que a ameaça estaria o tempo inteiro “às escuras”, ou seja, agiria como se fosse ligada a atos de bruxaria e coisas de Satã, mas jamais se mostraria de verdade. A Doutora saberia que era alien e arranjaria um modo de lidar com ela, mas de maneira menos… “show de horrores“, entendem? Não é exatamente uma implicância total a minha posição contra esses Morax, tanto que eu acho que o lado fraco do capítulo que eles representam (quando se mostram de verdade, porque enquanto estavam só com as raízes de madeira ou nos “zumbis” eu gostava) não diminui tanto assim o episódio. E a decepção, nesse caso, é diferente da que tive em Kerblam!, porque não é um roteiro que atira para todos os lados ou insiste no anticlímax. Aqui, o impasse é a exposição de um vilão que já tinha funcionado bem como raiz e também como dominador de corpos. Não era mais necessário a aparição de um “General ou Rei dos Morax”. É como se Joy Wilkinson precisasse reafirmar que essa espécie também tinha hierarquia e era inteligente, ou algo do tipo. O resultado não foi lá muito bem. Nem os efeitos especiais, para dizer a verdade.

Faltam apenas duas semanas para o final da temporada e eu realmente gostaria que houvesse algum tipo de ligação entre temáticas ou pelo menos um gancho que desse maior organicidade a essa primeira fase da 13ª Doutora. Eu realmente não me importo nem um pouco com esse tipo de narrativa isolada, mais solta, desde que em algum momento os roteiros cimentem um pouco a experiência. Não é coisa de outro mundo e já vimos acontecer em inúmeras séries antes… Agora é esperar e ver como o novo showrunner vai nos guiar para o final da temporada, e o que nos reserva esse final.

Doctor Who – 11X08: The Witchfinders (Reino Unido, 25 de novembro de 2018)
Direção: Sallie Aprahamian
Roteiro: Joy Wilkinson
Elenco: Jodie Whittaker, Tosin Cole, Alan Cumming, Siobhan Finneran, Mandip Gill, Bradley Walsh, Cerys Watkins
Duração: 48 min.

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