A importância de School Reunion para o cânone de Doctor Who é indiscutível. Só para começar, o episódio marca a estreia de Toby Whithouse, um dos melhores autores da Série Nova, responsável por alguns dos novos clássicos do show, como The God Complex e A Town Called Marcy. Além disso, o roteiro também marca o final definitivo de uma das grandes dúvidas dos fãs de longa data ao confirmar que essa nova série era de fato uma continuação direta da Série Clássica e não um reboot.
O destaque maior do episódio com certeza vai para a participação de Elisabeth Sladen no papel da jornalista Sarah Jane Smith. A atriz consegue fazer um trabalho brilhante ao trazer uma personagem que não era vista em tela há mais de 20 anos com tamanha leveza e transmitir de forma orgânica a mistura de sentimentos que invade a personagem com o reencontro com o Doutor. David Tennant, por sua vez, continua com uma maravilhosa interpretação, entregando cenas distintas que demonstram desde a genuína felicidade no primeiro encontro do Doutor com Sarah Jane até a tristeza presente no discurso melancólico sobre a maldição da vida longa dos Time Lords.
A associação imediata que é estabelecida entre a ex-companion e a atual é um dos melhores elementos do episódio. O modo como o autor debate sobre o que acontece com os companions depois da saída da TARDIS e a forma como Rose vê seu futuro refletido em Sarah Jane foi uma excelente forma de iniciar a preparação do público para fim de temporada e a para a inescapável despedida de amada companion. Outro elemento para a construção da temporada presente no roteiro é a maior participação de Mickey e a sua chagada como companheiro que, finalmente, iniciam o processo de desenvolvimento e amadurecimento do personagem, algo que se torna muito mais visível no decorrer da temporada.
Em termos técnicos, o episódio não apresenta grandes problemas, conseguindo criar um design de bom gosto para os Krillitanes. O cuidado que James Hawes trouxe nas cenas de diálogo foi algo essencial para o sucesso de uma história tão focada nos personagens, porém o diretor não esquece da ação, conseguindo apresentar também eficientes sequências de perseguição. Pode ser um problema pessoal, mas eu não deixo de me incomodar com o uso do ponto de vista do monstro nesse episódio. Em outras situações, como em histórias dos Daleks, é possível perceber uma importância no uso da visão subjetiva, mas aqui o recurso carece de utilidade e passa a ser meramente estético.
Entretanto, o principal problema de School Reunion reside no plot simplista e paradoxalmente complexo. Ao mesmo tempo que Toby Whithouse investe no diálogo e nos personagens, ele acaba nos entregando uma trama confusa que à primeira vista parece uma simples invasão, mas que acaba ganhando uma explicação complexa demais somente para justificar o pano de fundo escolar e então voltar com a simplicidade de uma resolução corrida. Outro problema do episódio é a subutilização dos vilões, que demonstram uma personalidade quase nula e acabam tendo sua principal característica, a heterogenia, utilizada apenas para que o Doutor não os reconhecesse em um primeiro momento (eu reconheço que a homogeneidade dos monstros deve ter sido utilizada para a economia em prol de outros episódios, mas isso ainda não justifica a absoluta semelhança entre todos os Krillitanes).
Quanto às referências e citações, o episódio presta diversas homenagens a Buffy, The Vampire Slayer, série que serviu como principal modelo para a Série Nova e o esquema de arcos por temporada. Uma das primeiras referências é o ambiente do episódio, uma escola misteriosa com eventos estranhos e assustadores que simula o ambiente principal da série americana. Outra citação vem no personagem Mr. Finch, interpretado pelo ator Anthony Head, que também deu vida ao personagem Rupert Giles, mentor da protagonista Buffy, de modo que ambos os personagens são professores/figuras de autoridade. Talvez a referência mais óbvia a Buffy seja a forma assumida pelos Krillitanes, que se baseia principalmente em morcegos.
As citações internas também não poderiam faltar, sendo as principais referentes ao debate sobre a nomenclatura correta dos acompanhantes do Doutor (companion ou assistant), sobre os diversos inimigos presentes na época de Sarah Jane na TARDIS, além do lugar errado onde o Doutor deixou a Sarah em The Hand of Fear. Apesar de seus razoáveis problemas, o saldo geral de School Reunion é extremamente positivo, sendo uma história que não se sustenta somente da nostalgia, marcada pelos diálogos e que seria a base para um spin-off de sucesso estrelando a amada jornalista Sarah Jane Smith.
Doctor Who – 2X03: School Reunion (Reino Unido, 2006)
Direção: James Hawes
Roteiro: Toby Whithouse
Elenco: David Tennant, Billie Piper, Noel Clarke, Anthony Head, Elisabeth Sladen, Rod Arthur, Eugene Washington, Heather Cameron, Joe Pickley, Benjamin Smith, Clem Tibber, Lucinda Dryzek, Caroline Berry, John Leeson
Duração: 45 min.
20 comentários
Acompanho o site faz alguns meses, primeira vez comentando. Bateu uma saudade de ver a nova who, por isso, revi a era do Matt e, depois que acabei, voltei para o David, então, estou basicamente fazendo a ordem inversa kkkkk
Lembro que amei esse episódio na época que vi na falecida TV Cultura com sua dublagem em que Rose tinha a voz de uma senhora de 50 anos. A volta de Sarah Jane aqui é muito bem vinda, e serve basicamente para mostrar à atual companion o futuro dela. Inclusive, acho bem provável que Rose tenha seguido o mesmo caminho investigativo de Sarah com o Dr. Humano na outra
Obs.: Eu tenho um TOC com a última cena em que pouco antes de Sarah entrar na Tardis, a câmera pega a fachada inteira com a porta da nave aberta, já que o Tennant sai da frente. Você claramente vê o papel de fundo colado dentro da parede da caixa para dar a impressão de maior por dentro vista pelo lado de fora. urghh…
Crítica muito boa, e concordo totalmente. Gostei bastante desse episódio e eu já estava pirando depois de ver New Earth e Tooth and Claw com a evolução que 2ª temporada teve em relação à 1ª. Esse ritmo rápido e aventuresco com referências e tiradas engraçadas estando juntos aos roteiros tão inteligentes me deixaram louco pela série. Mal sabia eu o que viria então em The Girl in the Fireplace! Mas esse episódio deu até vontade de ver a Série Clássica.
O melhor de todos excelente Ator muito bom
Saudades desse tempo q o Doutor era realmente “o Doutor “,nao uma Doutora
É o mesmo personagem.
Todo modo, você pode matar toda essa saudade com:
26 Temporadas Clássicas
1 Filme
10 Temporadas Novas
Acredito que tem testosterona o bastante aí para preencher esse vazio todo…
Q é o mesmo personagem eu sei,mas doutor mulher eu não aceito,é minha opinião.
Claro, claro.
Mas você curtiu Missy, a Mestra?
O Mestre é o mestre,não mestra,regeneração não deveria mudar o gênero ;e pra cidadã q acha machismo,o episódio “CLARA WHO” eu gostei muito,até mesmo da abertura q o nome dela vem antes do de Peter Capaldi;adoro a Rose Tyler,a eterna baDWolf;não julgue por apenas um comentário.
*3 filmes, tem os do Cushing.
Mais uma (palavrão censurado) de livros, HQs e áudio dramas.
Ridículo.Simplesmente achei o pior comentário, lamentável como ainda há pessoas tão machistas 🙄🙄
Eu já tenho alguns problemas com este episódio.
Não curti tanto a relação entre Rose e Sarah Jane, especialmente da parte da Rose, que está bem chatinha nesse episódio (que irritação com a cara que ela fez quando o Doutor aceitou Mickey na TARDIS). Claro, a cena em que Rose e Sarah Jane enfim se acertam e ficam rindo do Doutor é muito boa, mas não gosto do caminho feito até ela. O roteiro parece sugerir, que assim como Rose, Sarah Jane tinha alguma inclinação romântica em relação ao Doutor. Mas na Série Clássica, a jornalista não demonstrava nem sombra disso, com o Terceiro Doutor parecendo funcionar como uma figura paterna e o Quarto Doutor como uma espécie de “Tio Maluco”. É como se tivessem mudado o passado da Sarah Jane pra criar um paralelo mais próximo da Rose. De fato, acho que o Davies meio que pediu desculpas por isso quando Martha e Donna se encontraram na 4ª temporada, sem nenhum traços do ciumes irritantes que a Companion e Ex Companion demonstram aqui.
Concordo com a crítica em relação ao plano dos vilões que é desnecessariamente complicado, embora eu goste do trecho onde o vilão do Anthony Head tenta corromper o Doutor, oferecendo a ressurreição dos Time Lords.
Mas o melhor é mesmo a parceria entre o Mickey e o K9, Mickey nunca será um cão de metal tão bom quanto o K9. Hehehe
Ótima resenha @@denilsonsamaral:disqus
AHAHHAHAHAHHAAHHAHA eu ri demais!!!!
Todos nós! kkkkkk
Eu gosto bastante dessa história! ACHO que daria a mesma nota ou talvez só meia estrela a mais. A relação de Sarah Jane com Rose é excelente e eu ri demais com a piadinha que o Mickey faz disso…
A hora que o Mickey se dá conta que é um Tin Dog é de rir até o dia seguinte! O melhor é ver ele interagindo com o K9:
– Como nós vamos invadir essa escola?
– Nós estamos em um carro.
– Mas como isso vai ajudar?
– Nós estamos em um carro.
– Ahhhh!
Um ponto que eu simplesmente esqueci de comentar: além de marcar a volta da Sarah, também temos a volta do K9!
Tacando o tema da série “K9 & Companhia”
K9, K9!