Home TVEpisódioCrítica | Doctor Who – 2X07 e 8: Mundo do Desejo (Wish World) e A Guerra da Realidade (The Reality War)

Crítica | Doctor Who – 2X07 e 8: Mundo do Desejo (Wish World) e A Guerra da Realidade (The Reality War)

Ok...

por Luiz Santiago
4,K views

Indiferença” é a palavra que pulsa, para mim, cada vez que penso mais a respeito deste arco de encerramento da 2ª Temporada de Doctor Who, que agora também se revela o encerramento da Era do 15º Doutor. Não vou perder tempo discutindo sobre os 940 rumores que envolvem este fim de Era, mas o fato é que houve uma mudança de planos de última hora e também uma refilmagem de parte do último episódio para acomodar a regeneração. Com o resultado medíocre que tivemos no conjunto do arco, apenas a explicação de remendo feito às pressas explica, de forma menos humilhante, tal resultado. E mesmo se tudo isso realmente tenha sido o propósito dos produtores da série, não importa. Pelo segundo ano consecutivo, após boas temporadas (essa, ainda melhor que a anterior), tivemos um arco final desprezível. Logo, acaba não importando o motivo, uma vez que tivemos o mesmo resultado em contextos diferentes.

Minha imensa má vontade de escrever essa crítica me impede de analisar elementos canônicos do roteiro de Russell T. Davies e da direção de Alex Pillai para Mundo dos Desejos e A Guerra da Realidade. Digo apenas que a volta de Rani, em O Festival Interestelar da Canção me deixou em um grandioso estado de felicidade, pois eu via, com ela, a oportunidade de o showrunner explicar a bagunça temporal e de realidades que estávamos presenciando desde o 14º Doutor (já se esqueceram do Newton indiano e da “mavidade”?). Rani é uma cientista com planos egoístas, sem nenhuma consideração para com qualquer forma de vida além de seu plano, e é por isso que seria a personagem perfeita para “arrumar a casa”. Em Mundo dos Desejos, que eu acabei gostando — com ressalvas –, isso ainda parecia possível, embora o longo caminho tomado pelo texto me parecia desnecessário. Ali, a estética funcionava bem e muitas possibilidades narrativas se apresentavam. Era coisa demais, mas um sóbrio Finale endireitaria tudo. Contudo, isso não aconteceu. Ao contrário: o Finale piorou tudo. 

Os figurinos e a fotografia são os meus setores técnicos favoritos aqui, seguindo-se a trilha sonora. Já na dramaturgia, temos o problema de infantilidade do roteiro, especialmente na segunda parte, que acaba abraçando ideias que não resistem a uma única pergunta de falseamento (por que Rani não usou a Sra. Flood para recriar os Time Lords a partir de Omega?) e cai na simplificação idiotizada que só faz o espectador odiar o que tem diante de si: Omega virou um monstrão caveiroso lento e vencido a toque de caixa; a excelente Archie Panjabi perde seu papel como Rani, devorada por Omega como uma vilãzinha qualquer; Poppy já era um enigma/conceito ruim desde o início, mas ficou ainda pior com os remendos explicativos (Davies tentando brincar de Flashpoint…); os cameos pareceram jogados e roubados de sua própria essência, principalmente o da 13ª Doutora, que conseguiu me arrancar um sorriso, mas estava lá aleatoriamente; Susan virou uma nota de rodapé incoerente, uma citação vazia; a birregeneração foi “explicada” em 3 segundos e ainda muito mal (só faltou jogarem um Lungbarrow no fenemê desenfreado); Conrad era só um mero canalizador de sonhos; e o processo de regeneração teve uma cadência desprovida de vida, ganhando alguma beleza apenas no momento em que o Doutor abre a porta da TARDIS e se dirige a Joy.

Para além de tudo isso, tivemos Billie Piper aparecendo como a 16ª Doutora (ou será isso mais um truque que nunca será bem explicado?), deixando em mim uma contradição hipócrita que admito com orgulho. Por ser fascinado pela atriz, eu não consigo esconder o meu lado emocional e de curiosidade para vê-la como Time Lady. Já o meu lado crítico e racional não esconde a insatisfação com a escolha, uma estratégia de marketing que já tinha ultrapassado todos os limites com David Tennant e que aqui parece um grito de desespero apelativo. Desde Flux eu não terminava uma temporada de Doctor Who com um sentimento tão ruim no peito e com tanta indiferença diante do status da série. Se for pra seguir assim, que o hiato (se for ter) dure até 2030. Eu me contento tranquilamente com a Big Finish

Doctor Who – 2X07 e 8: Wish World e The Reality War (Reino Unido, 24 e 31 de maio de 2025)
Direção: Alex Pillai
Roteiro: Russell T. Davies
Elenco: Ncuti Gatwa, Anita Dobson, Archie Panjabi, Susan Twist, Nila Aalia, Leni Adams, Atilla Akinci, Alexander Devrient, Millie Gibson, Michelle Greenidge, Jonah Hauer-King, Bonnie Langford, Ruth Madeley, Sienna-Robyn Mavanga-Phipps, Jemma Redgrave, Varada Sethu, Jonathan Groff
Duração: 44 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais