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Crítica | Doctor Who – 7X11: The Crimson Horror

Episódio divertido, mas irregular, funciona como boa vitrine para a Paternoster Gang.

por Rafael Lima
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The Crimson Horror é o segundo episódio da temporada a lidar com o horror gótico. Mas se Hide era uma reflexão sobre o subgênero, este episódio é mais uma homenagem às tramas góticas que o show produziu. Este tom reverente é típico dos roteiros de Mark Gatiss, cuja primeira contribuição para a série foi justamente uma história de horror gótico. Portanto, ainda que divertido, The Crimson Horror empalidece por ser posto tão perto da desconstrução de Neil Cross, e pelo próprio Gatiss já ter entregado homenagens diretas de forma mais eficiente.

Na trama, em 1893, a Paternoster Gang investiga um caso envolvendo mortes misteriosas, em que os corpos das vítimas são encontrados anormalmente rígidos e escarlates. Quando o rosto do 11º Doutor aparece gravado no globo ocular de uma vítima, o trio da Paternoster Gang deve correr contra o tempo para salvar o seu amigo, antes que o Doutor e sua companheira Clara Oswald sofram um destino pior do que a morte.

Inspirando-se em clássicos como Museu De Cera, The Carmesin Horror é uma história que exibe as suas imagens grotescas com orgulho, convidando o público a rir delas. Mas é na escolha por focar parte da trama não no time da TARDIS, mas na Paternoster Gang que está o diferencial da história. Vastra, Jenny e Strax têm uma dinâmica cômica fantástica, sendo uma alegria de assistir, carregando bem o episódio durante a ausência inicial de Clara e do Doutor. Além disso, é interessante observar que a Paternoster Gang são adversários muito oportunos para a vilã da história, vivida de forma acertadamente histriônica por Diana Rigg. Afinal, Gillyflower é mostrada como uma senhora conservadora, que, para preservar a moralidade da Inglaterra, está sequestrando pessoas e transformando-as em estátuas de cera. Logo, personagens de visual monstruoso como Strax, e não heteronormativos, como Jenny e Vastra, se colocam como oposições muito mais simbólicas para a antagonista da trama.

Ao mesmo tempo, o roteiro subverte a típica história de prestação de contas a família que se tornou comum na nova série, já que não é a presença do Doutor que causa espanto no núcleo familiar da Companion, mas a companheira que causa espanto na Paternostar Gang, dada a sua recorrência na série, atuando como núcleo familiar do Doutor, o que é uma forma inteligente de aterrar o protagonista e trabalhar o estranhamento do mistério de Clara. Apesar das boas ideias e da ótima dinâmica do trio, o episódio tem dificuldade para achar uma base dramática sólida dentro da proposta de comédia de horror gótico. A estrutura de Gatiss também tem problemas em transferir o protagonismo do trio que conduz a primeira metade do episódio para a dupla da TARDIS na segunda metade. Há inclusive uma sequência de flashback para explicar como o Doutor e Clara acabaram aprisionados por Gillyflower, que se vale de um humor não tão efetivo quanto o dos trechos da Paternostar Gang.

Quanto aos aspectos técnicos, o destaque vai para a direção de arte e para o trabalho da equipe de efeitos especiais do episódio. É quase chover no molhado dizer que a BBC sempre soube recriar o período da era vitoriana, mas farei isso, pois o trabalho de figurino e cenografia recria a época de forma econômica e precisa. O trabalho de maquiagem também é impressionante sem ser chamativo demais, explorando com habilidade o flerte com o Body Horror que o episódio promove, vide o sutil brilho ceroso na pele das vítimas de Gillyflower, ou a revelação da criatura parasita que vive no peito da vilã no clímax da história.

The Crimson Horror é, no fim das contas, uma experiência divertida de Mark Gatiss, mas que não parece ser levada às últimas consequências, ao tirar o foco da Paternoster Gang no trecho final da história depois de dedicar tanto tempo a eles. Fora isso, não consigo apontar nada objetivamente errado com esse episódio, mas as homenagens da ligação série com o gênero gótico já foram feitas de formas tão mais divertidas e inteligentes no passado, que não há como não ficar com a sensação de que The Crimson Horror fica um pouco pálido.

Doctor Who- 7X11: The Crimson Horror (Reino Unido. 4 De Maio de 2013)
Diretor: Saul Metzstein
Roteiro: Mark Gatiss
Elenco: Matt Smith, Jenna Coleman, Diana Rigg, Rachael Stirling, Catrin Stewart, Neve Mclntosh, Dan Starkey, Eve De Leon Allen, Kassius Carey Johnson, Brendan Patricks, Graham Turner, Olivia Vinall, Michelle Tate, Jack Oliver Hudson
Duração: 47 Minutos

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