Home QuadrinhosEm Andamento Crítica | Doctor Who Adventures Magazine #351 a 363

Crítica | Doctor Who Adventures Magazine #351 a 363

por Luiz Santiago
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Doctor Who Adventures Magazine (DWA), publicação da BBC direcionada ao público infantil de Doctor Who, começou a ser publicada em abril de 2006, trazendo para os jovens leitores uma revista com dinâmica parecida com a Doctor Who Magazine, ou seja, informações, história em quadrinhos e puzzles.

A edição 363 foi a última publicada pela Immediate Media Company London Limited. A edição seguinte da revista passou a ser publicada pela Panini Comics, que retornou ao número #1. Em algumas citações e classificações, vocês podem encontrar as nomeações DWA (Doctor Who Adventures) – 1ª Série e DWA (Doctor Who Adventures) – 2ª Série, referindo-se a essas duas fases de publicação.

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Swarm

Equipe: 11º Doutor, Clara
Espaço: Planeta Harber-Bosch 7
Tempo: Futuro distante

Um tempo atrás, numa palestra que assisti do grande escritor e teórico brasileiro da ficção científica, Bráulio Tavares, eu aprendi algo de enorme importância sobre o olhar crítico para as aventuras do gênero. Não importa o quão no futuro ou passado estejamos, sempre existirá uma repetição de padrões do presente nestes espaços onde os autores ambientam as suas tramas (e ele deu um ótimo exemplo de uma situação com astronautas, em órbita de um planeta na margem do Universo… fumando na nave). Se a gente somar isso à questão humana, sociológica e antropológica de que a Arte reflete questões pessoais de quem a produz + a atmosfera e o espírito geral de sua época, entenderemos muito melhor aquilo que Andrew Cartmel faz aqui em Swarm.

A trama se passa no planeta Harber-Bosch 7, num futuro distante. Um fazendeiro retira todos os animais do campo ao redor, a fim de ter muito espaço para plantar. O que ele não contava era com o fato de que, unidos, esses animais formavam um monstro assustador e destruidor. Se a gente desculpar a conveniência da presença do Doutor aqui, poderemos aproveitar bem melhor a crítica proposta pelo roteiro. Uma pena que é uma aventura muito curta e sem real contexto para as coisas exploradas, mas para o público infantil, serve como uma trama engraçada, com uma lição simples de que a gente deve manter o equilíbrio da natureza. Já para os adultos, dá para levar a questão para situações bem mais profundas.

DWA #351 (Reino Unido, julho de 2014)
Roteiro: Andrew Cartmel
Arte: John Ross
Cores: Alan Craddock

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Road Rage

Equipe: 12º Doutor, Clara
Espaço: Londres
Tempo: 2014

Ainda sem saber muito sobre a personalidade do novo Doutor, Trevor Baxendale teve a boa ideia de centrar a história em uma personagem já conhecida do público: Clara Oswald. No início da história ela está em sua moto, indo atender a um chamado do Doutor, que disse ter grande urgência em algo. Ao pegar trânsito no meio do caminho, ela acaba por se deparar com o Motorway Monster, um sugador de planetas. A história tem sua graça, é um pouco boba na estrutura, mas isso é esperado, porque estamos falando de tramas escritas para o público infantil. Também é interessante vermos como a trama coloca a resolução do problema em Clara e tira das mãos do Doutor o papel de herói do dia, um motivo dramático bastante frequente durante a 8ª Temporada.

DWA #352 (Reino Unido, agosto de 2014)
Roteiro: Trevor Baxendale
Arte: John Ross
Cores: Alan Craddock

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Chime Time

Equipe: 12º Doutor, Clara
Espaço: Cidade de um planeta não nomeado
Tempo: Indeterminado

O Doutor e Clara estão lutando contra os Sibro nessa aventura. Não sabemos exatamente onde eles estão, mas definitivamente não é a Terra. A temática aqui é bastante simples e funciona com uma boa pitada de humor no roteiro de Craig Donaghy. Os Sibro pretendem usar as 12 badaladas de um grande relógio para disparar uma arma sônica (que não afeta a eles) e destruir a cidade. O início da história nos apresenta a ação em andamento, um ponto de partida interessante e inteligente, já que, pelo modo e momento colocados, não precisa de muita explicação ou contexto. Ao final, com o uso da Goo Bomb, o humor reaparece, mas é algo leve. O Doutor evidentemente não está feliz com os Sibro (e promete levá-los para serem punidos em seu planeta), mas o fato de estar tudo coberto de meleca verde e a cara de nojo da Clara certamente tornam as coisas um tanto cômicas para o Time Lord e também para o leitor.

DWA #353 (Reino Unido, agosto de 2014)
Roteiro: Craig Donaghy
Arte: John Ross
Cores: Alan Craddock

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Once Bitten

Equipe: 12º Doutor, Clara
Espaço: Espaço e planeta não nomeado
Tempo: Indeterminado

A ideia de Andrew Cartmel para esse roteiro parte da eterna briga entre cães e gatos (pelo menos a maior parte deles) e nos leva para um lugar onde ambas as espécies evoluíram a ponto de andarem sobre duas patas e desenvolveram inteligência complexa, a ponto de fazerem máquinas, naves, criarem Exército e empreenderem guerras. No início, o Doutor e Clara estão sentados no teto da TARDIS, observando a guerra acontecer (algo meio mórbido, diga-se de passagem). Então o Doutor usa um apito para distrair os beligerantes, leva-os para um planeta próximo e apresenta a eles um inimigo que ambos têm em comum. É o bastante para cães e gatos se unirem, ao menos por um breve momento. O final não é tão interessante quanto o desenvolvimento da história, especialmente o final da primeira parte, mas ainda assim faz sentido em sua proposta e mais uma vez coloca um elemento de humor, desta vez “involuntário”, vindo por parte de Clara.

DWA #354 (Reino Unido, setembro de 2014)
Roteiro: Andrew Cartmel
Arte: John Ross
Cores: Alan Craddock

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Crash Landing

Equipe: 12º Doutor, Clara
Espaço: Factory Planet / Space Garage
Tempo: Futuro distante

Máquinas (ou criaturas) trabalhando sozinhas e desenvolvendo uma consciência neurótica em relação a seu ofício sempre incomodaram muito ao Doutor desde a sua primeira encarnação, como vimos em Flywheel Revolution. O conceito volta aqui quando o 12º Doutor tem um pouso violento em um planeta-máquina criado por humanos. Mais uma vez somos apresentados a um enredo objetivo e com um interessante fator de cumplicidade da parte do Doutor. Os desenhos de John Ross para o Doutor e Clara estão muito melhores do que nas edições anteriores e a constituição que ele dá ao planeta-máquina é bonita e interessante ao mesmo tempo. Faz sentido vermos um lugar onde reparar, arrumar e consertar coisas são as palavras de ordem terem máquinas-abelhas como representantes e um cérebro-administrador no comando. Mais uma inteligente forma de relacionar coisas que conhecemos com um espaço futurístico digno de Doctor Who.

DWA #355 (Reino Unido, setembro de 2014)
Roteiro: Andrew Cartmel
Arte: John Ross
Cores: Alan Craddock

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The Court of Birds

Equipe: 12º Doutor, Clara
Espaço: Planeta Hoopoe
Tempo: Indeterminado

Simon Guerrier tenta emular um ambiente mais ou menos parecido com o de Once Bitten, mas falha terrivelmente. Essa história nos apresenta um planeta habitado por pássaros falantes (e com uma antiquada ideia de exercício de justiça), gatos e camundongos. A história começa com Clara sendo levada a julgamento por ter andado sobre o solo, algo que, para os pássaros, só era permitido para o seu grande inimigo (os gatos) e o seu alimento (os camundongos). O quadro que eu escolhi para ilustrar essa pequena crítica, com o Doutor vestido de advogado-pássaro, é bizarro e ao mesmo tempo divertido. A história até que tem sua graça (não é ruim ao nível das edições da TV Comic) mas tem uma constituição geral bastante insossa.

DWA #356 (Reino Unido, outubro de 2014)
Roteiro: Simon Guerrier
Arte: John Ross
Cores: Alan Craddock

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More Than Meets the Eye

Equipe: 12º Doutor, Clara
Espaço: Londres
Tempo: 2014

De forma geral, essa história de Richard Cookson funciona muito melhor do que a dos pássaros magistrados da edição passada. A pedra no sapato do enredo está apenas no final, com o Doutor e Clara ajudando os Seevith, uma espécie de ladrões interestelares, a decolarem a nave que por algum motivo não dito na história estava aguardando reparos. Não que essa ajuda não faça sentido. Os Seevith, ao menos os civis, são pacíficos e razoáveis, segundo o livro The Galaxy’s Peskiest 50, ao qual o Doutor consulta para saber mais sobre a espécie. O problema é o modo como essa ajuda se dá. A breve perseguição, a constituição do “vilão”, o tom de amizade entre o Doutor e Clara, tudo isso é bem interessante na história (com direito à companion assumindo a voz de diálogo com o alien e ameaçando chamar os Judoon caso ele não devolvesse os objetos brilhosos que estava roubando pela cidade). A trama funciona bem até o último quadro, que serve como um grande balde de água fria em uma aventura que tinha tudo para ser bem mais interessante.

DWA #357 (Reino Unido, outubro de 2014)
Roteiro: Richard Cookson
Arte: John Ross
Cores: Alan Craddock

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Witch Work

Equipe: 12º Doutor, Clara
Espaço: Inglaterra, uma vila próximo a uma lagoa
Tempo: Século XVII

Mais uma história em que vemos um bom potencial desperdiçado. Andrew Cartmel, que escreveu Crash Landing, volta aqui com um roteiro ambientado na Idade Média inglesa, em uma aventura de compleição histórica. A primeira parte dos acontecimentos, com o Doutor e Clara tentando interromper o sacrifício de uma garota considerada bruxa pela população local e o sequencial encontro da dupla com um genial e zilionário cintista/viajante do tempo são bem escritos, mas a forma como a questão das bruxas se resolve e a fraquíssima afirmação final do Doutor estragam tudo. O pior é que o roteiro tinha tudo para estabelecer muito bem a presença das bruxas na Terra a partir dessa trama, mas Cartmel centrar-se e um micro espaço visto do ângulo mais obtuso possível.

DWA #358 (Reino Unido, novembro de 2014)
Roteiro: Andrew Cartmel
Arte: John Ross
Cores: Alan Craddock

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Gift Snatched!

Equipe: 12º Doutor, Clara
Espaço: Uma pequena vila (Terra) / Nave espacial de um Cephla
Tempo: 25 de Dezembro

Como era de se esperar, temos aqui uma boa história de Natal. Por ter sido lançada em dezembro de 2014, a trama carrega muita influência de Last Christmas, mas o leitor vai perceber que o clima entre o Doutor e Clara é mais amigável e não indica qualquer separação prévia. Isso tem uma explicação óbvia: os acontecimentos de Gift Snatched! se passam antes de LC, mais especificamente entre Mummy on the Orient ExpressFlatline. O Doutor e Clara chegam a uma pequena vila terráquea (provavelmente no Reino Unido) e percebem que tudo está silencioso e vazio. Um único presente é encontrado em uma casa e Clara descobre que se trata de um teletransporte plantado pelo Cephla, o ladrão de presentes. Existe um clima medonho de fofura na abordagem do vilão, que é razoável em sua caracterização e tem um motivo particular para fazer o que faz. O final, com uma confraternização amigável e Clara e o Doutor se enturmando cumprem bem o clima natalino necessário para uma trama lançada nesse período do ano.

DWA #359 (Reino Unido, dezembro de 2014)
Roteiro: James Hill
Arte: John Ross
Cores: Alan Craddock

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Petrified

Equipe: 12º Doutor, Clara
Espaço: Planeta não nomeado / Egito Antigo
Tempo: Indeterminado / Século 26 a.C.

Apesar de muito, muito simples, essa história de Andrew Cartmel é tremendamente interessante. A forma como o roteirista brinca com a alteração ou composição de eventos históricos a partir de uma ação do Doutor (e temos vários exemplos disso, em praticamente todas as encarnações) nos faz rir como cúmplices de mais essa rebeldia do Time Lord, que não deveria tomar a frente desse tipo de coisa. Temos aqui Clara e o Doutor em um planeta habitado por hipopótamos bípedes e cor-de-rosa que são transformados em pedra por uma espécie invasora. O Doutor maneja os acontecimentos e a partir daí fica fácil imaginar o que acontece. O fraco da história é mesmo a sua falta de expansão, mas, mesmo assim, não tem como não gostar dessa justificativa para a “construção” da Esfinge de Gizé!

DWA #360 (Reino Unido, dezembro de 2014)
Roteiro: Andrew Cartmel
Arte: John Ross
Cores: Alan Craddock

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The Wheelers

Equipe: 12º Doutor, Clara
Espaço: Planeta Spokinium
Tempo: Indeterminado

Fica difícil encontrar qual é o pior elemento dessa história: se os desenhos de John Ross ou as bizarrices do texto de Richard Cookson. O Doutor e Clara estão, no início da história, em um piquenique no exótico planeta Spokinium. Até que uma roda gigante vem rolando planície abaixo e os dois precisam correr para se safarem com vida. Até esse momento, nada de estranho, nada a reclamar. O começo da história, aliás, é bem divertido. O problema é o que vem depois. Os ratos desse planeta são carnívoros e tentam fazer churrasco do Doutor e Clara. Fica difícil aceitar, mas o leitor tenta engolir o sapo. O impasse é o ponto “revolucionário” que se coloca ao final, com os ratos voltando-se contra o Comandante da rataria vilã. Percebemos que existe uma parte do planeta que não fica rolando em rodas pelo terreno afora. E isso é tudo. Não tem como não rir de nervoso e raiva ao final da história. A DWA começou as suas publicações do ano de 2015 com o pé errado. Tomara que a edição de fevereiro traga algo mais interessante.

DWA #361 (Reino Unido, janeiro de 2015)
Roteiro: Richard Cookson
Arte: John Ross
Cores: Alan Craddock

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Five a Day

Equipe: 12º Doutor, Clara
Espaço: Lua Luna Schlosser
Tempo: Futuro (durante o Império Humano)

O Doutor e Clara chegam a uma Lua onde existe uma plantação de enormes frutas e vegetais. Famintos, os dois param para fazer um lanchinho (o Doutor atesta que a plantação é daquele tamanho para alimentar o grandioso Império Humano), mas acabam se dando mal, porque os frutos querem comê-los também… O elemento ridículo dessa história é o mais incômodo possível. Não há como gostar das coisas que aparecem nas páginas desses quadrinhos. Aqui e ali dá para dar umas risadas, mas é só. E para piorar a situação, a arte de John Ross tem uma figuração de extremo mal gosto. O roteiro termina com o elo mais fraco que o leitor podia imaginar e a tentativa de retomar o humor, no desfecho, não funcionou em nada. De todo esse longo bloco de 10 histórias, Five a Day é definitivamente, a pior.

DWA #362 (Reino Unido, fevereiro de 2015)
Roteiro: Simon Guerrier
Arte: John Ross
Cores: Alan Craddock

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The Very Hungry Snake

Equipe: 12º Doutor, Clara
Espaço: Cloud City, Mirmi 24
Tempo: Indeterminado

The Very Hungry Snake é a última história do Volume 1 da Doctor Who Adventures. De seu primeiro número, em 2006, até este #363, os quadrinhos da DWA foram publicados pela Immediate Media, que perdeu a licença para a Panini Comics do Reino Unido em março de 2015. A edição que foi às bancas em 23/04/2015, Empire’s Fall, já estava sob o selo da Panini UK e foi renumerada para DWA Vol.2 #1. Vale também dizer que a equipe criativa também mudou.

Quanto a The Very Hungry Snake, pouco de bom se tem a falar. A trama tem o mesmo padrão das histórias anteriores, em temos de simplicidade, mas é tremendamente estúpida para ser engolida por qualquer leitor, criança ou não. O Doutor e Clara então em Cloud City, Mirmi 24, quando uma cobra verde gigante aparece comendo tudo. Clara é quem salva o dia — da forma mais estranha possível — e ambos vão fazer o deveriam ter feito desde o início: tomar café da manhã. Definitivamente foi um bom negócio essa troca de editora. Resta saber se nas mãos da Panini UK, as histórias irão melhorar…

DWA #363 (Reino Unido, março de 2015)
Roteiro: Simon Guerrier
Arte: John Ross
Cores: Alan Craddock

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