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Crítica | Doctor Who: Dr. First, de Adam Hargreaves

O rabugento 1º Doutor.

por Luiz Santiago
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Roger Hargreaves foi um autor e ilustrador inglês, muito conhecido por suas séries infantis Mr. Men, Little Miss e Timbuctoo. Essas séries tinham a proposta de incentivar a leitura das crianças com aventuras narrativamente simples e conceitualmente bem-humoradas, sempre trazendo personagens chamativos. Uma das marcas dos livros do autor eram as ilustrações nada realistas e coloridas interagindo com diversos outros personagens estranhos, objetos do cotidiano e emoções que temos em nosso dia a dia. Após o falecimento do autor, em setembro de 1988, quem ficou responsável pela administração da marca Roger Hargreaves foi o seu filho, Adam Hargreaves, que depois de um período de relutância, passou a escrever e ilustrar aventuras seguindo o mesmo estilo criado pelo pai.

Entre 2017 e 2018, após um acordo com a BBC, Adam assumiu uma série de livros chamada Dr. Men, que visitava o Universo de Doctor Who a partir desse peculiar jeitinho de narrar e desenhar histórias infantis. Os livros da série recebem o nome de cada encarnação do Doutor, em numerais cardinais, excluindo encarnações especiais como a do War Doctor, por exemplo. Em Dr. First, lançado em abril de 2017, encontramos o 1º Doutor e Susan em uma TARDIS quebrada. O Doutor está de mau humor (e esta é uma característica do personagem que o autor irá explorar bastante  ao longo de todo o volume) e resolve se materializar na Terra, a fim de ter maior estabilidade para consertar a nave.

É claro que não há uma consideração canônica para essa história, mas se fôssemos fazer algum tipo de aproximação, talvez entendêssemos essa chegada como uma das primeiras paradas do Doutor aqui na Terra. É indicado no texto que ele já conhecia o planeta — e a TARDIS já está em forma de cabine de telefone –, mas pela maneira como toda a situação está posta, temos a impressão de que esta é uma trama que, num Universo paralelo ou numa outra forma de olhar para os fatos como conhecemos, ocorre antes de An Unearthly Child.

O enfrentamento com os Cybermen é, infelizmente, rápido demais. O livro se beneficiaria com algumas páginas a mais, mostrando uma maneira diferente de o Doutor enfrentar o perigo e também de os Cybermen se comportarem em Londres, talvez com um pouquinho menos de “fofurinhas” banais, como são mostrados aqui. Entendo que se trata de um livro infantil, mas daria para traçar uma linha menos bobinha para os vilões, com certeza. Gosto muito da primeira parte do livro, no entanto. Acho que o autor conseguiu criar um 1º Doutor, em muitos aspectos, bem similar àquele interpretado por William Hartnell na TV, com uma opinião, percepção de mundo e comportamentos típicos de um vovô rabugento, mas com um coração gigante, sempre capaz de sorrir nos momentos certos, mesmo que os sorrisos sejam seguidos de uma série de resmungos e murmúrios teimosos.

Doctor Who: Dr. First (Reino Unido, 25 de abril de 2017)
Autor: Adam Hargreaves
Editora original: BBC Children’s Books e Puffin Books
32 páginas

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