Home QuadrinhosArco Crítica | Fim de Jogo (Doctor Who Magazine #244 a 247)

Crítica | Fim de Jogo (Doctor Who Magazine #244 a 247)

por Rafael Lima
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Equipe: 8º Doutor, Izzy Sinclair
Espaço: Stockbridge
Tempo: 1996

Quando foi lançado em 1996, esperava-se que o filme Doctor Who: O Senhor do Tempo, estrelado por Paul McGann em sua primeira aparição como o 8º Doutor fosse capaz de promover um revival da extinta série de TV de Doctor Who. Embora tenha falhado nisso, o longa metragem foi o pontapé inicial para uma grande mudança no universo expandido da série, com o Oitavo Doutor passando a encabeçar os livros e quadrinhos da franquiam em substituição ao 7º Doutor. Ainda que tenha feito a sua estreia em quadrinhos nas tiras da Radio Times, as principais histórias em quadrinhos de DW eram publicadas mesmo na Doctor Who Magazine, que a partir da edição 244 foi assumida pelo Oitavo Doutor com a publicação da primeira parte do arco Fim de Jogo.

Na trama, o Oitavo chega à pequena cidade de Stockbridge, aonde ele chegou a residir temporariamente durante a sua quinta encarnação. Mas a cidade caiu sob o controle de um antigo inimigo do Doutor, o Celestial Toymaker, forçando o Time Lord a se unir com seu velho amigo Maxwell Edison e com a jovem Izzy Sinclair para libertar Stockbridge.

Escrito por Alan Barnes, com arte de Martin Geraghty (finalizada por Robin Smith e Robin Riggs), Fim de Jogo é um bom começo para a série em quadrinhos do Oitavo Doutor. A exemplo do que foi feito no romance Os Últimos Dias, a HQ funciona como uma aventura de estreia mais efetiva para o Doutor de McGann do que o telefilme que lhe deu origem. Tal como no livro de Lance Parkins, o arco traz elementos mais tradicionais da mitologia da série, tanto da TV — com o uso de um vilão clássico — quanto da mitologia dos quadrinhos, com a utilização do cenário de Stockbridge bastante presente durante a fase do 5º Doutor na Nona Arte. O roteiro de Barnes é bastante simples, assumindo um caráter acertadamente introdutório para esta então nova fase das aventuras do Doutor, mas sem cair na armadilha do didatismo. A narrativa se move em um ritmo bastante ágil, ainda que Barnes se perca no clímax do arco, que soa desnecessariamente enrolado, com a introdução de um doppelganger maligno do Doutor.

Eu nunca havia parado para pensar que os quadrinhos são simplesmente a mídia perfeita para explorar um personagem como o Celestial Toymaker, por suas habilidades limitadas em criar cenários e criaturas surreais. São nos momentos em que explora o absurdo dos poderes do vilão, como a boa reviravolta envolvendo a verdadeira localização atual de Stockbridge, ou o bizarro jogo de forca humano que o Doutor é obrigado a participar, que a arte de Martin Geraghty tem os seus melhores momentos. Infelizmente, esses acabam sendo pontos isolados, com os desenhos meramente funcionais e burocráticos na maior parte do tempo, o que é uma pena vide o potencial oferecido por uma história com o Celestial Toymaker, repleta de monstros de brinquedo e conceitos surrealistas.

O roteiro de Barnes parece ter dificuldade em retratar o Oitavo Doutor de forma mais particular, tornando o personagem um pouco genérico ao limitar o personagem às características básicas de qualquer outra encarnação do Time Lord. A HQ também introduz uma nova companion na figura de Izzy Sinclair, uma garota geek e fã de velhos seriados de ficção científica. Não posso dizer que seja uma grande história de estreia para Izzy, já que o Doutor só encontra duas pessoas ao longo de toda a trama que não estão tentando matá-lo, e convida ambas para se juntar a ele no final (embora Maxwell recuse). A garota até ganha algum background, como sua sensação de falta de pertencimento por ser adotada, mas faltou uma construção melhor para a entrada da garota na tripulação da TARDIS, que acontece de forma abrupta demais.

No fim das contas, Fim de Jogo é uma história divertida, que cumpre o seu papel como uma “abertura de temporada” para as histórias do Oitavo Doutor na DW Magazine. Embora seja um bom entretenimento, o leitor fica com a impressão de um roteiro atropelado que perde tempo com algumas bobagens, e principalmente com uma arte por demais burocrática, tendo em vista o potencial oferecido pela história.

Doctor Who: Fim de Jogo (Endgame) – Inglaterra. 1992 – 1993
Editora: Marvel Comics UK
Publicação: Doctor Who Magazine 244 – 247
Roteiro: Alan Barnes
Arte: Martin Geraghty
Arte-final: Robin Smith, Robin Riggs
Cores: Adrian Salmon
Letras: Elitta Fell
48 Páginas

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