Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who: Flux – 13X01: The Halloween Apocalypse

Crítica | Doctor Who: Flux – 13X01: The Halloween Apocalypse

Um turbilhão de mistérios em uma história assustadora e engajante.

por Luiz Santiago
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  • Há SPOILERS! Leia aqui as outras críticas da Nova Série. E aqui as críticas da Série Clássica. Para livros, áudios, quadrinhos e listas de Doctor Who, clique aqui.

Muita coisa mudou em Doctor Who desde Revolution of the Daleks. Aqui podemos citar o anúncio da saída do atual showrunner, o retorno do papai Russell T. Davis, a futura regeneração da Doutora e a nova estrutura aplicada à 13ª Temporada, que recebeu o subtítulo de Flux e terá um número mais curto de episódios, sendo toda a história completada por Especiais preparados para o ano de 2022. Nessa esteira de mudanças e anúncios, é claro que temos também um novo rumo narrativo, com Flux ganhando uma estrutura serializada a não autocontida, como tivemos na maioria esmagadora dos episódios da Nova Série. Se formos levar em consideração o trabalho de Chris Chibnall (autor de todos os roteiros dessa temporada) nesse formato serializado, temos um bom prognóstico. Fica então o desejo de que ele consiga dar um bom sentido para todos os mistérios abertos aqui em The Halloween Apocalypse e sair da série com pelo menos uma parte de sua Era muito bem organizada.

Para narrativas de fim de mundo como a que temos aqui, é realmente necessária uma grande abertura de núcleos narrativos, visto que os impactos dessa destruição precisam ser vistos através de diferentes lentes, assim como a resolução para o caso deve vir de diferentes fontes. Na Série Clássica nós tivemos uma abordagem similar, só que mais contida, no icônico episódio Inferno. Durante a 4ª Temporada da Nova Série, toda uma narrativa de destruição da realidade como a conhecemos também foi explorada, em grandiosa escala. Nos anos anteriores e seguintes, alguns episódios trouxeram coisas mais ou menos próximas disso, e em todas essas narrativas, o mistério dos grupos de pessoas envolvidas + a variedade de pontos de vista sempre estiveram presentes. Com o lançamento das sementes para essa temporada/arco de histórias, temos que lidar principalmente com uma tempestade destruidora à la Crise nas Infinitas Terras que está comendo tudo o que encontra pelo caminho. E aí é que encontramos interessantes personagens.

Tanto o roteiro de Chibnall quanto a direção de Jamie Magnus Stone (que usa aqui muito do ritmo aplicado, com a mesma alta qualidade, em Spyfall – Part One, estreia da temporada passada) faz valer o fato de que este é um episódio de Dia das Bruxas, apresentando uma realidade macabra dentro das muitas realidades correntes de cada núcleo, de Liverpool em 1820 até o tempo presente em vários locais da Terra e do espaço. Nós sabemos que essa exposição de localidades e de um bom número de personagens desconhecidos em pouco tempo é uma caraterística de Chibnall como autor e como showrunner, e aqui ele consegue utilizar isso a favor do episódio, primeiro começando com a Doutora e Yaz tentando fugir de uma armadilha de Karvanista (indivíduo da espécie Lupari e único membro vivo da Divisão, caçado pela Doutora para dar a ela informações sobre a organização) e depois conectando ao enredo a ameaça do vilão Swarm, que é responsável pelo Flux, descrito por Karvanista como “um furacão rasgando a estrutura do Universo“.

Ver a 13ª Doutora com um roteiro sólido para trabalhar é um verdadeiro presente, não é mesmo? Infelizmente Jodie Whittaker não teve muitas oportunidades assim ao longo de sua jornada, mas aqui é possível ver um tom dramatúrgico diferente. A partir de Fugitive of the Judoon eu vim percebendo elementos mais imperativos na voz, ações, olhares, gestos e modo de encarar as coisas por parte da Doutora, personificação que pudemos ver de maneira fixa de The Haunting of Villa Diodati para frente. Essa variação de comportamento se alinha bem com a personalidade de Yaz, e exceto pequenos momentos de um certo silêncio ou estranheza no trato entre as duas, a dinâmica companion-Doutora está muito bem azeitada nesse episódio, ganhando uma aura diferente — no sentido positivo — com a chegada de Dan (John Bishop), de quem já gostei desde o início. O jeito desprendido do personagem e a forma inteligente como ele foi apresentado — fazendo as perguntas certas e ajudando a história avançar, algo que infelizmente não tínhamos com os outros dois homens na TARDIS — deu fluidez à “parte terráquea” de The Halloween Apocalypse, não estando aqui apenas com o propósito de “mostrar o novo companheiro” mas de utilizar essa pessoa como algo útil dentro do enredo.

Para os apressadinhos que sei que vão aparecer por aqui, chamo a atenção para o fato de que esta não é a primeira vez, na história da televisão em nosso planeta, que uma temporada começa com novidades nos acontecimentos e nos personagens, trazendo dezenas de perguntas e nenhuma resposta. As respostas devem ser dadas ao longo do projeto e, principalmente, no Finale. Até lá, nós ficamos torcendo para que mais esse “fim de mundo” em Doctor Who tenha as suas pontas bem amarradas; que a identificação dos personagens seja satisfatória e que tenhamos um bom caminho aberto para a regeneração da Doutora. E por falar em regeneração, vocês entenderam que o Swarm, quando aparece pela primeira vez, “se regenera“? A face que ele tinha enquanto prisioneiro era uma, e depois que ele mata a primeira oficial que vai vistoriar sua prisão, ele utiliza algo similar à energia vital da mulher para ganhar nova vida, como se fosse um tipo de regeneração também. Tiveram a mesma interpretação?

A trilha sonora desse episódio é um dos elementos técnicos mais destacáveis, mantendo a atmosfera macabra juntamente com a direção de fotografia e a montagem, perfeitamente coordenada para nos fazer respirar em alguns pontos e nos fazer quase explodir de tensão em outros. Nota-se também um incremento (mais uma vez!) no orçamento da série, pois a direção de arte e os efeitos especiais estão incríveis. Estou verdadeiramente muito animado para essa temporada. Com mais tempo disponível para desenhar todo um novo projeto, talvez Chris Chibnall consiga se redimir. Caso contrário, pelo menos ele logrou fazer com que a gente tivesse esperanças, entregando um episódio com essa qualidade e com esse mutirão de possibilidades. Tomara que chegue a um final coeso e igualmente interessante.

Doctor Who: Flux – 13X01: The Halloween Apocalypse (Reino Unido, 31 de outubro de 2021)
Direção: Jamie Magnus Stone
Roteiro: Chris Chibnall
Elenco: Jodie Whittaker, Mandip Gill, John Bishop, Steve Oram, Nadia Albina, Sam Spruell, Rochenda Sandall, Jacob Anderson, Jonathan Watson, Dan Starkey, Matthew Needham, Sarah Amankwah, Charlie Oscar, Richard Tate, Paul Leonard, Heather Bleasdale, John May, Gunnar Cauthery, Barbara Fadden
Duração: 50 min.

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