Home QuadrinhosMinissérie Crítica | Doctor Who: Quadrinhos da “TV Comic” – 1º Doutor (1966)

Crítica | Doctor Who: Quadrinhos da “TV Comic” – 1º Doutor (1966)

por Luiz Santiago
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O presente grupo de textos traz as críticas para os quadrinhos de Doctor Who publicados na TV Comic entre 22 de janeiro e 14 de maio de 1966. Apenas 3 edições não foram localizadas para leitura, a saber: The Secret of Gemino (mai/jun, 1966), The Haunted Planet (jun/jul, 1966) e The Hunters of Zerox (jul/ago, 1966).

O leitor também pode acompanhar as publicações de quadrinhos do 1º Doutor anteriores a essa fase:

1 – Quadrinhos da “TV Comic” – 1º Doutor (1964 – 1965)

2 – Quadrinhos da “TV Comic” – 1º Doutor (1965)

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Prisoners of the Kleptons

Equipe: 1º Doutor, John e Gillian
Espaço-tempo: Planeta dos Kleptons, antes de 2999

O mínimo valor que essa história possui está no fato de ela trazer os Kleptons de volta a uma aventura do Doutor, que já tinha encontrado com eles antes, em um outro planeta. A premissa é excelente e daria ma baita história se não fosse a terrível forma como o roteiro é escrito e as ações do Doutor e especialmente de John, que de novo parece ser mais inteligente e mais ativo que o próprio avô, o que não combina nada com a idade do garoto.

Aqui descobrimos o por quê o planeta dos Kleptons desapareceu: ele se aproximou demais do sol. A invasão deles em The Klepton Parasites deixou claro que toda a espécie estava condenada e que todo o efeito de parasitar e boicotar a sociedade dos Thains era, para eles, uma forma de sobrevivência. Nessa aventura, eles tentam fazer com que astronautas da Espaçonave 0120 e o Doutor os ajudem a invadir o planeta Terra.

Diante da recusa do Doutor um meio de tortura é posto em ação, mas John consegue salvar todo mundo, afinal. Percebam que a história começa maravilhosamente bem e em dado momento descamba para soluções fáceis, abruptas e nonsenses. Uma pena, porque este poderia ser um dos melhores quadrinhos da série do 1º Doutor na TV Comic.

Prisoners of the Kleptons (Reino Unido) – 1966
TV Comic Annual – 1966
Arte: Neville Main
4 páginas .

The Caterpillar Men

Equipe: 1º Doutor, John e Gillian
Espaço-tempo: Terra, 2035

Então os Homens-Lagarta invadem o planeta Terra, capturam os mais notáveis cientistas, acabam pegando o Doutor também – por um golpe de sorte e péssima sequência de organização do roteiro -; para no fim, acabarem sendo mortos por um helicóptero controlador de pestes que jogou um inseticida potente neles. Me digam se uma coisa dessas foi escrita por um ser humano normal.

Desde o início temos uns pontos nada convincentes, como a chegada cada vez mais abrupta dos Homens-Lagarta ao planeta e o ataque direto aos cientistas, que, por uma ironia do destino, foram muito fáceis de capturar. Todavia, com um bom andamento da história, esses pontos poderiam ser relevados, o que nem e perto chega acontecer quando terminamos de ler a série.

Neville Main realiza aqui o seu último trabalho na publicação anual da TV Comic (1966). Seus desenhos acabam sendo a única coisa interessante dessa aventura, especialmente a parte em que temos a chegada do Doutor e seus netos numa área de floresta e os desenhos do “bunker” dos Homens-Lagarta. Quem dera o roteiro tivesse ao menos um pouquinho da simpatia desses desenhos!

The Caterpillar Men (Reino Unido) – 1966
TV Comic Annual – 1966
Arte: Neville Main
4 páginas .

The Didus Expedition / In Search of the Didus

Equipe: 1º Doutor, John e Gillian
Espaço-tempo: Planeta não nomeado, tempo indeterminado

O bacana dessa história é o exotismo geográfico e as possibilidades que ela nos apresenta, em termos de construção de histórias em elipse, por parte do leitor.

O Doutor chega com John e Gillian a um planeta sem nome e sem especificação de data, onde um homem tem um zoológico enorme e guarda ali uma fauna impressionante, incluindo animais extintos no planta Terra, como mamute, estegossauro, pterodáctilo e dodô (sabe-se lá por qual motivo usam o nome “Didus” e não “Dodô” para se referir ao animal nessa história).

Enquanto o Doutor e seus netos estão no zoológico, o dodô foge, deixando os ovos ali (o que é um mistério haver ovos, porque só havia um dodô na cela, e, embora haja possibilidades a serem consideradas, não ficou legal ver um ninho com ovos de dodô e apenas um pássaro na cela).

A busca pela floresta revela os “selvagens” nativos, homens negros que tentam matar John e impedir que os viajantes peguem aquilo que chamam de “o pássaro da sorte”.

Eu realmente fiquei esperando algo menos clichê aparecer, mas não teve jeito. Animais selvagens atacando, truques bobos do Doutor para enganar os selvagens, finalização fraca da história, tudo junto e misturado numa desinteressante viagem no tempo. Como eu disse no início, a proposta é a melhor coisa em The Didus Expedition simplesmente porque nos permite pensar e modelar uma realidade bem melhor do que nos foi apresentada.

The Didus Expedition / In Search of the Didus (Reino Unido) – Jan/Fev, 1966
História republicada na Doctor Who Classic Comics #24 (Setembro de 1994)
Minissérie em 4 partes Arte: Bill Mevin
8 páginas .

Space Station Z-7

Equipe: 1º Doutor, John e Gillian
Espaço-tempo: Estação Espacial Z-7, tempo indeterminado

Pelas barbas de Rassilon, que coisa mais ridícula essa história! Santo Dalek!!! Primeiro, não fica claro que tipo de “rebeldes” tomam a Estação Espacial Z-7; o leitor só vai descobrir que não se trata de um motim contra dominadores malvados bem mais tarde. Em realidade, a estação foi tomada por um grupo de fascistinhas que querem dominar o Universo através de uma ditadura. Como não há indicação de tempo e localização exata dessa estação, fica difícil estabelecer considerações nesse ponto.

O que realmente incomoda é a velha exaltação de John em detrimento do Doutor. O adolescente às vezes parece um adulto e se porta mais inteligente que o avô em alguns casos, tendo até aparência de um herói sem medo – guiando tanto uma parte das histórias quanto à sua irmã Gillian, que apesar de não ter o mesmo desprezo observado em edições passadas, parece estagnada em relação à narrativa.

O resultado final aqui observado é muito semelhante ao dos outros números: há uma premissa que vale a pena mas sua execução é descartável, especialmente o modo como os protagonistas se livram da ameaça ao fim da história. Mais uma sem a qual poderíamos passar muito bem.

Space Station Z-7 (Reino Unido) – Fev/ Mar, 1966
Minissérie em 4 partes
Arte: Bill Mevin
8 páginas .

Plague of the Black Scorpi

Equipe: 1º Doutor, John e Gillian
Espaço-tempo: Planeta não nomeado, tempo indeterminado

Mais uma vez o 1º Doutor chega a um planeta que está se aproximando do Sol. Os humanoides condenados que aqui vivem estão em uma crise de água e alimento, e ainda têm de lidar com pragas de escorpiões negros e plantações inteiras devastadas.

Mesmo que não seja uma boa história, é impossível negar que a trama diverte e, em algum ponto, mostra sinais de inteligência narrativa. O que de fato incomoda é o uso de “mágica” por parte do Doutor, que resume toda e qualquer ação como se fosse um truque de ilusionismo! Em algumas vezes, durante sua longa vida, o Doutor usou “truques mágicos” para resolver as coisas, mas ele é um homem de ciência, portanto, usar a palavra “mágica” para definir qualquer coisa que faz me parece bizarro. Isso caiu melhor no Curador de Summer Falls do que numa aventura do Doutor.

Outra coisa que não pareceu nada interessante na história foi o modo como a “chuva colorida” que matou os escorpiões negros e superfertilizou a terra caiu no planeta. Fica subtendido que o Doutor ligou um rádio (?) dentro de um prédio e uma grande nuvem se aproximou e precipitou no local. Seria essa a versão de ondas sonoras para a “dança da chuva”? O pior é que as coisas ficam por isso mesmo, nada é explicado após essa questão, nada é dito a respeito do “truque mágico”, apenas algumas gracinhas do Doutor e agradecimentos efusivos dos humanoides do planeta. Pelo menos a finalização da história é realizada de modo decente, sem saltos olímpicos de lugar para lugar e encerrando um ciclo aberto no primeiro quadro da história. Pelo menos isso.

Plague of the Black Scorpi (Reino Unido) – Mar/Abr, 1966
Minissérie em 4 partes
Arte: Bill Mevin
8 páginas .

The Trodos Tyranny

Equipe: 1º Doutor, John e Gillian
Espaço-tempo: Planeta Trodos, 2066

Pela primeira vez na história dos quadrinhos de Doctor Who na TV Comic, temos nomeados os dois responsáveis pela história a ser contada: o desenhista e o roteirista. Mas não isso fez diferença alguma na qualidade.

A situação do Planeta Trodos narrada nessa ventura começa quando um cientista que cria uma espécie de robô, os Trods, desenvolve neles uma espécie bastante aprimorada de consciência. Com o tempo, os humanoides (ou humanos, segundo uma fala de John, em dado ponto dos quadrinhos) do planeta passam a escravizar esses robôs, que conseguem reverter a situação e transformar seus subjugadores em escravos.

Roger Noel Cook não foge nem um pouco da armadilha sequencial observada nas aventuras anteriores. O ataque dos Trods acontece já no segundo quadro da história, ainda quando o Doutor e seus netos saiam da TARDIS. A abordagem não difere de nenhuma outra da série da TV Comic até o momento e só ganha algum valor pelo seu desenvolvimento mais maduro, com ações que, apesar de levemente absurdas, funcionam dentro da dinâmica proposta. Fora isso, os defeitos narrativos permanecem os mesmos: estranhos problemas para serem resolvidos, pouca modulação de ritmo, diálogos risíveis e finalização abrupta.

The Trodos Tyranny (Reino Unido) – Abr/Mai, 1966
História republicada na Doctor Who Classic Comics #8 (Junho de 1993)
Minissérie em 5 partes
Roteiro: 
Roger Noel Cook
Arte: John Canning
10 páginas .

Guests of King Neptune

Equipe: 1º Doutor, John e Gillian
Espaço-tempo: Terra, tempo indeterminado

Esta foi a primeira TV Comic Holiday de DW, e trouxe o Doutor e seus netos chegando à ilha do Mar do Sul, onde pretendiam passar férias. De imediato os planos deles são frustrados, porque um vulcão entra em erupção e uma onda gigante praticamente carrega os viajantes para o mar. Então, um gigante castelo de areia aparece e os viajantes conhecem o rei Netuno (ou Poseidon) e suas Sereias e acabam ganhando presentes valiosos do deus dos mares.

A história tem sua graça, mas é tremendamente ruim. Por ter duas páginas apenas, seria mais viável que Roger Noel Cook escrevesse um roteiro que não apelasse tanto para problemas a serem enfrentados. A história do vulcão em erupção, por exemplo, poderia ser tirada da trama, o que sobraria maior espaço para explorar a visita dos viajantes no castelo de Netuno, que é onde se concentra o maior atropelo de ações da história.

Os desenhos aqui são de John Canning, que assumia pela primeira vez a arte das histórias em quadrinhos do Doutor. O artista tem um traço e especialmente um acabamento muito diferente de Bill Mevin. Neste Guests of King Neptune, sua arte-final é crua, deixando mais evidente alguns rabiscos e traços livres e soltos. Pelo menos nessa história, seus desenhos estão aquém dos de Bill Mevin.

Guests of King Neptune (Reino Unido) – 1966
TV Comic Holiday 
Roteiro: 
Roger Noel Cook
Arte: John Canning
2 páginas

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