Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Doctor Who: Quadrinhos da “TV Comic” – 2º Doutor (1967) – Parte 2

Crítica | Doctor Who: Quadrinhos da “TV Comic” – 2º Doutor (1967) – Parte 2

por Luiz Santiago
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Seguimos aqui com as críticas para os quadrinhos da TV Comic publicados em 1967, estrelando o 2º Doutor. A edições aqui comentadas tiveram suas publicações entre 3 de junho e 23 de dezembro de 1967. A única história dessa fase que não temos nesse bloco é The TARDIS Worshippers.

O leitor também pode conferir a primeira parte dos quadrinhos desse ano clicando aqui.

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The Monsters from the Past

Equipe: 2º Doutor, John e Gillian
Espaço-tempo: Nova York, anos 60

Uma mistura de ciência maluca, histórias de terror B, incoerências e uma espécie de Grand Theft AutWHO, com direito ao Doutor dirigindo de maneira completamente criminosa pela 47th Street, esta história nos mostra o pior do pior que pode ser produzido para um cenário contendo um Doutor como protagonista. Sem contar que ele chama um brontossauro de MAMÍFERO (!!!) em certo ponto da história, atira ácido em uma pantera e Gillian mata o vilão da história, mesmo que indiretamente…

Absolutamente nada se salva nesse conto. Nem a arte de John Canning consegue segurar as pontas desta vez, até porque só tem bons quadros nas grandes páginas de abertura. E quanto ao roteiro, uma única coisa a dizer: Roger Noel Cook devia odiar escrever para DW, por isso resolveu acabar completamente com a dignidade do Doutor nessas histórias.

Roteiro: Roger Noel Cook
Arte: John Canning

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Space War Two

Equipe: 2º Doutor, John e Gillian
Espaço-tempo: Planeta Verno, século 30

Arborge Quince, um criminoso terráqueo, foi enviado ao planeta Verno para lá cumprir pena pelos seus crimes. Embora a história não especifique isso em detalhes, fica mais que evidente que o local é uma colônia prisional. Em seu planeta-prisão, Quince consegue desenvolver uma alta tecnologia, inventar um tipo de robô, atacar a Terra para se vingar e começar a II Guerra Espacial, que ele acaba perdendo.

Os questionamentos aqui são muitos, a começar pela pergunta: por que diabos um planeta-prisão vai ter uma organização capaz de deixar seus prisioneiros livres para desenvolverem tecnologia de altíssimo nível a ponto de fazer iniciarem uma Guerra Especial? Nesse ponto da civilização humana, era de se esperar que um sistema prisional intergaláctico fosse, no mínimo, eficiente.

A participação do Doutor aqui é a de salvar a Terra, algo que o coloca como o “herói do dia”, mas isso não cativa o leitor. Nem a arte de John Canning mantém aqui os bons quadros que temos na maioria de seus desenhos em edições anteriores. Embora a ideia geral seja minimamente interessante, o produtor final não decola.

Roteiro: Roger Noel Cook
Arte: John Canning

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Egyptian Escapade

Equipe: 2º Doutor, John e Gillian
Espaço-tempo: Egito, 1880

O que poderia ser uma interessantíssima aventura no Egito, próximo ao Nilo, em um momento fora da Antiguidade, se tornou uma ridícula demonstração de preconceitos étnicos, desconhecimento cultural e histórico e mais uma descaracterização do Doutor feita por Roger Noel Cook em mais um vergonhoso roteiro.

Durante todo o início da história eu me peguntava por quê o Doutor não desmaterializou a TARDIS e saiu do lugar onde ele estava. No início da aventura, achamos que tudo seria apenas um pequeno mal entendido, já que a nave apareceu no meio de uma partida de críquete entre soldados britânicos. Mas o aparecimento de um povo denominado como “árabes” no texto, faz os soldados correrem e resulta na apropriação da TARDIS pelos “árabes”, que é carregada para um acampamento.

Já em avançado momento da saga o Doutor resolve ajudar os soldados britânicos, avisando-os do ataque surpresa programado pelos inimigos, mas até ali, toda a história não se sustentava. E a partir desse ponto, as coisas ganham um teor anti-climático que nos faz querer que o texto acabe logo e que nos vejamos livres de tamanha estupidez narrativa.

Roteiro: Roger Noel Cook
Arte: John Canning

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The Coming of the Cybermen

Equipe: 2º Doutor, John e Gillian
Espaço-tempo: Planeta Minot

Numa ação contra os vilões que mais atormentaram a encarnação do 2º Doutor, era de se esperar algo bom, com uma justificativa plausível, ações inteligentes do Doutor e finalização no mínimo aceitável. Mas nenhuma dessas coisas podemos encontrar nessa presente história.

Ao se materializar no Planeta Minot, o Doutor diz aos netos que já esteve lá e que o planeta não era habitado por ninguém, pelo menos que ele soubesse ou conhecesse. Acontece, porém, que uma nave Cybermen caíra no planeta estava em processo de reparos. Logo que o Doutor deixa os netos na TARDIS e vai investigar sozinho o que acontece, a nave dos nativos de Mondas milagrosamente é reparada e decola com o Time Lord dentro. O que se segue é a tentativa do Doutor em voltar para seus netos e também desarmar uma mega bomba destinada a destruir a Terra. Como nenhuma dessas ações são capazes de nos prender e entreter, o resultado final da aventura é daqueles que queremos esquecer para sempre.

Roteiro: Roger Noel Cook
Arte: John Canning

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The Faithful Rocket Pack

Equipe: 2º Doutor, John e Gillian
Espaço-tempo: Arizona, EUA, 1988

Seria menos descarado e mais honesto da parte de Roger Noel Cook se ele colocasse um título nessa história que tivesse a palavra “soviéticos” no meio. Porque é justamente disso que se trata essa horrenda trama: uma luta do Doutor contra os soviéticos (embora nunca sejam referidos ou chamados assim no texto) que estavam sabotando testes aéreos nos Estados Unidos, fazendo aviões caírem em uma região chamada de Dead Zone e, claro, matando os pilotos dessas aeronaves.

Se deixássemos de lado o ponto gratuito da aventura, teríamos o terrível e inaceitável problema da aceitação simples e estúpida do militar americano. Como é possível que um terráqueo aceite tranquilamente a presença de um velho acompanhado de duas crianças e que diz ter uma licença galáctica de piloto de nave espacial válida até o século 23? Desde quando terráqueos não mostram espanto em relação a esse tipo de coisa? Desde quando uma base militar dotada de alta tecnologia não tem a ideia de rastrear a presença de uma força gravitacional anômala no local de frequentes acidentes?

Todas essas questões, que não são respondidas, nos dão motivos de sobra para zerar a avaliação da história, que ainda conta com falas estúpidas de John, dentre elas, o dito de que nenhum outro lugar do Universo se parece com o deserto do Arizona…

Roteiro: Roger Noel Cook
Arte: John Canning

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Flower Power

Equipe: 2º Doutor, John e Gillian
Espaço-tempo: Planeta não nomeado

Mais uma trama contra os Cybermen que consegue ser tão ruim quanto as anteriores.

A TARDIS se materializa em um planeta com semelhanças terráqueas, especialmente pela vegetação e quantidade de insetos. Um certo pesquisador chamado Professor Gnat aparece voando em uma nave em forma de vespa e se revela estar ali apenas para fins científicos. Mal o Doutor, John e Gillian lidam com o professor meio maluco, aparece um Cybermat morto e, em seguida, um grupo de Cybermen prontos para deletar quem estivesse na frente.

O roteiro adota o caminho das “consequências que jamais seriam”, fazendo com que os ciborgues fossem nocauteados pelo cheiro de uma certa flor e então morressem. Por mais que em seguida o texto tente consertar as coisas, levando o Doutor e os netos (que aqui ele chama de “amigos”) em uma perigosa missão de resgate ao professor Gnat, nada do que está nos quadros agrada ou pode ser considerado bem feito ou mesmo minimamente inteligente. As publicações de 1967 terminam de uma forma burra e odiosa para Doctor Who, na TV Comic.

Roteiro: Roger Noel Cook
Arte: John Canning

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