Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Robots of Death (Arco #90)

Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Robots of Death (Arco #90)

por Guilherme Coral
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estrelas 3,5

Equipe: 4º Doutor, Leela
Espaço: Storm Mine 4 (em um planeta desconhecido)
Tempo: desconhecido

Impossível assistir The Robots of Death e não pensar imediatamente no clássico de Agatha ChristieE Não Sobrou Nenhum. Por mais que o espectador não tenha tido qualquer contato com o livro, a história soará estranhamente familiar, em virtude das centenas de outras obras inspiradas no romance inglês. O arco aqui criticado leva esse cenário para outro planeta, insere robôs e, é claro, joga o Doutor dentro de uma série de assassinatos, que levam um a um os membros da tripulação de um gigantesco veículo minerador. Cabe, portanto, ao Time Lord, descobrir o que ou quem está por trás de tais ações.

Em apenas quatro episódios é interessante observar como a dinâmica dos personagens do arco vai gradualmente se alterando. No início presenciamos uma série de pequenas brigas, o que já, ao estilo de Christie, dá qualquer um o motivo por trás da matança. Todos são possíveis culpados e desde o princípio sentimos uma evidente insegurança em relação ao local. A tensão se constrói, então, gradativamente com a inserção do Doutor. Inicialmente culpado pelos acontecimentos, enxergamos que alguns parecem apenas querer se livrar de um fardo, escolhendo um bode-expiatório. A situação não melhora com os robôs na jogada, com um visual estranhamente perturbador que faz cada um deles parecer e soar como um frio serial-killer.

A trama ganha sua maior profundidade ao tratar outros pontos da ficção científica. De Agatha Christie passamos para Isaac Asimov — a lei primária dos robôs de Eu, Robô: um robô não pode, em qualquer circunstância, machucar um humano. Repetidas vezes ouvimos isso ao longo do episódio, fator que apenas insere mais uma camada de mistério à trama, ao mesmo tempo que, sabiamente, afunila os suspeitos para uma menor lista, ao passo que o culpado deve ter algum conhecimento de robótica.

The Robots of Death, porém, não é ausente de defeitos e seu desfecho deixa a desejar pela forma apressada como é conduzido. A complexidade apresentada ao longo do arco, ainda que estejamos tratando de um cenário bastante clichê para os padrões atuais, é abandonada, dando lugar para uma resolução que soa improvisada, quando não desleixada. O plano envolvendo gás hélio em ponto algum soa plausível e consegue apenas tirar risadas do espectador por razões óbvias. Aliado a isso, temos a participação totalmente apagada de Leela, que somente faz perguntas e não realiza qualquer ação digna de nota, sendo silenciada pelo próprio Doutor em um diálogo.

Dito isso, o 90º arco da série clássica de Doctor Who finaliza em um saldo positivo. Trata-se de uma história engajante que nos faz querer correr pelos episódios a fim de descobrir o culpado por trás dos assassinatos. Além disso, a titulo de curiosidade, conta com uma interessante explicação, por parte do Doutor, de como o interior da TARDIS é maior que o exterior. Não é uma obra-prima, mas certamente vale ser assistido por qualquer apreciador de um bom mistério.

The Robots of Death (Arco #90) — 14ª Temporada
Direção: Michael Briant
Roteiro: Chris Boucher
Elenco: Tom Baker, Louise Jameson, Russell Hunter, Pamela Salem, David Bailie, Rob Edwards, David Collings

Audiência média: 12,72 milhões

4 episódios (exibidos entre 29 de janeiro e 19 de fevereiro de 1977)

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