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Crítica | Doctor Who: Tempo e Afins, de Kim Newman

Os primeiros passos do Doutor na Terra.

por Luiz Santiago
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Equipe: 1º Doutor, Susan
Espaço: Londres (Coal Hill School)
Tempo: 27 de março a 4 de abril de 1963

Time and Relative (2001) dá início à série literária Telos Doctor Who Novellas, que seria publicada pela editora Telos até 2005, com histórias protagonizadas por todos os Doutores da Série Clássica, além de dois livros sem Doutores específicos, muito embora o volume final, The Dalek Factor, tenha passado, depois de 2013, a ser atribuído ao War Doctor. Tomando o ponto de vista de Susan, que está a mais ou menos 5 meses na Terra, e pelas páginas de seu diário, vemos o desenrolar da primeira grande ameaça que assola a Terra na presença do Doutor desde que ele e sua neta fixaram residência em Londres, nos anos 60 — e aqui descobrimos que não foi exatamente por vontade própria, mas por um problema na TARDIS.

Kim Newman faz a narrativa do diário de Susan se engraçada e engajante, colocando o leitor como cúmplice de um segredo e, ao mesmo tempo, criando uma atmosfera interessante de “conhecimento de causa”, pois temos plena consciência do que ocorrerá depois. Nesse cenário, ver o 1º Doutor agindo de maneira rude e Susan perdida, praticamente desconsolada em sua escola, com professores autoritários e amigos que a deixam um pouco desconfortáveis é voltar para antes de An Unearthly Child e ver uma parte do cotidiano do Doutor e sua neta, cenário que não tivemos na série.

A apresentação de dois personagens, John “the Marcian” Brent e Gillian Roberts (que Susan acreditava que sofria abuso em casa [!]), é outro ponto instigante do livro. Nós sabemos que dois irmãos gêmeos com esses mesmos primeiros nomes se tornariam companheiros do Doutor em The Klepton Parasites. Pela cadência dos eventos aqui mostrados, fica cada vez mais fácil aceitar a ideia de que a presença deles viajando na TARDIS foi uma alucinação de duas encarnações diferentes do Doutor (1ª e 2ª). Ou isso, ou a coincidência em torno dos dois é tão absurda que torna tudo muito risível. Eu tentei ligar os quadrinhos da TV Comic a esta história, mas não há nenhuma forma de fazer isso coerentemente, nem considerando viagens no tempo.

O frio fora de época que assola a cidade de Londres, com uma criatura feita de neve que cria um Cavaleiro para matar gente (lembra um pouco The Snowmen) não chama a atenção do Doutor, que parece não dar a mínima para a Terra ou para os humanos. Ele também não parece ter aquele espírito de “cruzador das galáxias” que teria após viajar um pouco com Susan, Ian e Barbara. Depois dos momentos de apresentação para o dia a dia de Susan (ela saindo com Gillian para um pub é constrangedor!) e do Doutor, o livro passa a mostrar como o vilão The Cold — entidade que existia na Terra desde a Era do Gelo e foi acordada provavelmente pelo Projeto russo Novosibirsk ou pelas perfurações de petróleo dos Estados Unidos no Alasca — ganha força, corpo e sai destruindo tudo.

Existem personagens que gostamos de ver morrer, mas a narrativa através do olhar de Susan às vezes parece suave demais. Claro que entendemos isso, mas algumas partes poderiam ter um nível maior de sarcasmo, o que não encontramos no relato da neta do Doutor. De qualquer forma, muitos problemas vão aparecendo, como a paralisação da cidade, a morte de um personagem importante (ou mais ou menos importante) e como as várias tentativas de impedir o monstro, sem o Doutor, acontecem.

Com o apelo de Susan, o Senhor do Tempo enfim decide quebrar a promessa feita aos seus conterrâneos e interferir em uma questão terráquea. Ele leva o The Cold para Plutão, em um futuro distante. Sem saber, ele deu aqui a largada para olhar a Terra e a humanidade com olhos ainda mais simpáticos. Querendo ou não, este livro é uma espécie de continuação de Sob Forte Tensão, onde que ele e Susan encontram os humanos pela primeira vez (debate sobre as implicações dessa afirmação em DW aqui). Aparentemente tudo termina bem. Mas essa aparência pacífica não duraria muito tempo. Seis meses depois, Susan seria vítima de perseguições na escola, por pessoas possuídas por um alien, em Hunters of Earth. A jornada de resolver problemas entre os humanos e viver correndo de um lado para outro estava apenas começando para o Doutor.

Doctor Who: Tempo e Afins(Time and Relative) — Reino Unido, 23 de novembro de 2001
Autor: Kim Newman
Publicação: Telos Publishing
121 páginas

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