Home QuadrinhosEm Andamento Crítica | Doomsday Clock #6: Para Realmente Rir

Crítica | Doomsday Clock #6: Para Realmente Rir

por Luiz Santiago
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Para realmente rir, você deve ser capaz de suportar sua dor e brincar com ela.

Charles Chaplin

Há SPOILERS! Leia a crítica de Watchmen aquiLeia as críticas de Antes de Watchmen aqui.E leia as críticas de todas as edições de Doomsday Clock aqui.

Chegamos ao meio dessa jornada do Relógio do Apocalipse e constatamos que Geoff Johns se rendeu a um tipo tardio de didatismo ou “pausa para respirar” que, sinceramente, faz pouco sentido aqui. Eu normalmente tenho uma maior paciência com tramas desse tipo, mas dado o tamanho da saga, os personagens que ela envolve e quem ela coloca em cena para “brigar” e definir coisas para a DC, me pareceu uma grande perda de tempo o que o autor nos traz nesta sexta edição, não pelo núcleo da história em si, mas por ela não estar inserida de maneira mais abrangente no contexto da série. Saímos, então, de uma grande descoberta e interação curiosíssima de personagens em Não Existe Deus, para uma jornada do Coringa, Marionete, Mímico e Batman (capturado e temporariamente paralisado) para um covil de reunião de vilões das mais diversas ordens.

Conceitualmente, entendemos que uma história de origem para Marionete e Mímico viria mais dia, menos dia. Aliás, isso já tinha acontecido com um o novo Rorschach em Andar Sobre a Água, então não é algo que nos pegou de surpresa. Aliás, conhecendo bem Geoff Johns, já era de se esperar a segmentação das origens dos novos personagens num tipo de separação parcial de caminhos (como uma lupa no meio de uma grande imagem) para focar rapidamente em um único ou numa pequena porção de personagens. Até aí tudo bem. A esta altura, a gente já sabe lidar com tramas desse tipo, com paradas rápidas em cenários mais ou menos contidos (lembram-se de Nem Vitória Nem Derrota?). O que não esperávamos era que a caminho da segunda metade da saga a gente tivesse uma edição mais… solta em relação ao todo. E sim, no final das contas, é um boa edição. A história de origem funciona a contento ao menos em sua função primária. Mas a falta um entrelaçamento com o todo não foi algo aplaudível. E não, o confuso diálogo sobre Adão Negro e suas ações “salvadoras” em Kahndaq não servem.

A reunião de vilões em uma grande “Liga da Vilania” é o “destino final” do Coringa e de seus acompanhantes. Tal abordagem pareceu apenas a criação de um ambiente de espetáculo, onde o Comediante poderia aparecer para “caçar” qualquer um que restasse do Universo Watchmen, encontrando aí, surpresa-surpresa, Mímico e Marionete. Perdendo a oportunidade de relacionar (e não apenas citar) o evento a algumas possíveis ordens do Dr. Manhattan, Johns cria uma trama de mistério que se conclui acima da média, mas diferente da outra história de origem que tivemos na saga até agora, não realiza um grande trabalho de continuidade narrativa, optando pela história mais contida e simples, talvez a que mais teve esse tipo de abordagem na série até o presente momento — e olha que estamos considerando Nem Vitória Nem Derrota!

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Gary Frank está mais solto aqui. Sua arte e diagramação sempre excelentes — aqui, gosto particularmente dos desenhos na loja de marionetes, seguindo bem as referências a Pinóquio propostas pelo roteiro –, dão bastante fluidez ao andamento da história, tornando até os pontos mais arrastados do texto bons espetáculos visuais, tendo aí a aplicação acertada de cores por Brad Anderson, que mesmo com esse tipo de enredo e com o lugar onde ele se passa (a velha armadilha claustrofóbica que não engana o colorista), não abusou de azuis nem de cinzas, fugindo do ambiente desnecessariamente sombrio reafirmando algo já descaradamente macabro. A escolha de cores, nesse sentido, ressalta a atmosfera de medo e suspense pelo contraste, um efeito visual muito bem construído ao longo da edição.

As suspeitas de que [um dos Coringas] é filho de Marionete e Mímico ganham aqui a confirmação definitiva. Será? Ou é isto, ou o roteiro segue jogando com a percepção do público, criando então uma promessa que deverá ser explicada no futuro: se não é um dos Coringas, então quem é e onde está o bebê? Quem sabe na próxima edição a história não volta avançar e tenhamos mais informações sobre isso? A propósito, essa “ação nas sobras” de “forças maiores” já encontra um ponto de saturação na série. Geoff Johns precisa nos entregar mais do que o básico desfile de personagens na próxima edição.

Doomsday Clock #6: Truly Laugh — EUA, 25 de julho de 2018
Roteiro: Geoff Johns
Arte: Gary Frank
Arte-final: Gary Frank
Cores: Brad Anderson
Letras: Rob Leigh
Capa: Gary Frank, Brad Anderson
Editoria: Brian Cunningham, Amedeo Turturro
30 páginas

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