Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Dreadstar – Uma Saga Cósmica (Marvel Graphic Novel #3)

Crítica | Dreadstar – Uma Saga Cósmica (Marvel Graphic Novel #3)

por Luiz Santiago
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Depois da extinção da Via Láctea em A Odisseia da Metamorfose e de uma história de origem que se ligaria com a vida de Dreadstar em O Preço, Jim Starlin voltou ao grande cenário cósmico, agora incluindo consequências do passado a perspectivas bastante aterradoras e movimentadas para o futuro.

Neste volume três dos one-shots da Marvel Graphic Novel, temos inicialmente a explicação para o que aconteceu com Dreadstar após sua última briga com Aknaton e como o povo do planeta Caldor o recebeu. A história não é inteiramente subtraída de citações de guerra e tragédias, mas o autor permite um pouco de paz ao personagem. Vanth conhece e se apaixona por Delilah, com quem tem um longo relacionamento, vivendo como agricultor no fértil planeta, auxiliando O Povo (humanoides felinos, resultado de experimentos da Instrumentalidade que não saíram exatamente como a Igreja queria) e fazendo amigos. Até que o destino liga-o à chegada de Darklock ao planeta, abrindo caminho para um novo capítulo na saga.

Starlin procura não repetir a problemática central e nem visitar os mesmos cenários que os volumes anteriores. Em vez disso, o autor nos faz conhecer pequenos detalhes do planeta Caldor e nos contar o bastante para que nos importemos com seus habitantes e com o local a ponto de lamentarmos o que lhes acontece na reta final da história. A mesma coisa se dá com a presença de Dreadstar no palácio real e com as diferentes espécies que vemos até ali. Basicamente o autor faz tudo aquilo que um bom roteirista deve fazer ao ter em mãos um bom universo: explorá-lo com cuidado e de uma forma que faça sentido dentro daquela história que está sendo contada.

O fato de Starlin ter servido no Vietnã dá toda uma perspectiva diferente para a forma como ele aborda a guerra nesse volume. A intensidade, as vias de acesso à batalha e os pontos de partida para algum enfrentamento são muito bem dosados e equilibrados, certamente um benefício vindo das experiências de guerra do escritor. E talvez pelo mesmo motivo a abordagem filosófica e sociológica que ele faz à guerra seja tão urgente e tão profunda.

Imaginem um conflito entre duas facções (aqui, a Igreja da Instrumentalidade versus a Monarquia) que dura tanto tempo a ponto de a economia de ambos os lados voltar-se unicamente para a guerra e nenhum dos dois lados querer que a guerra acabe, pois se isso acontecer, suas economias entram em colapso. E essa realidade, mais ou menos ligada aos detalhes econômicos tão bem conhecidos dos mais que reais “senhores da guerra”, entram na história com o já esperado tom antibelicista (só que colocado de forma irônica ou problematizada, dependendo da interpretação do leitor) e resulta na rendição de Vanth à Guerra, não só como um de seus mais mortais agentes, mas como um dos que tentarão trazer-lhe um fim.

Tanto a arte quanto a finalização e as cores desta história são bem melhor desenvolvidas que as de O Preço, a parte anterior da saga. Os quadros divididos por um dos personagens que sustentam o diálogo ajudam a montar um plano geral do papel de cada um, não falhando nem no contexto de localização deles no espaço, nem na representação do uso de seus poderes, dos horrores da guerra e das cores como matrizes emocionais para o leitor. Há menos misticismo no trabalho artístico e mais realismo (onírico), sombras e explosões de luz.

A semelhança com os acontecimentos de Odisseia da Metamorfose nos vem à mente em dado ponto da leitura, mas aqui tudo parece maior. Não que o plano anterior não tivesse sido, mas esta presente Odisseia abre espaço para uma longa jornada, um plano a ser executado a longo prazo e não uma tarefa já em execução, como no primeiro volume das aventuras do Guerreiro/Assassino das Estrelas. Paramos aqui na fronteira entre o fim de um segundo momento da vida de Vanth e o início de sua terceira fase, agora ao lado de Darklock e guiada por um sonho (quase uma utopia) em mente. Um prato cheio para o futuro de uma gigantesca ópera especial.

Dreadstar – Uma Saga Cósmica (Marvel Graphic Novel #3) — EUA, 1982
Roteiro: Jim Starlin
Arte: Jim Starlin
50 páginas

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