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Crítica | Ducktales – 3X12: Let’s Get Dangerous! 

por Roberto Honorato
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Ducktales tem sido um presente para os fãs da animação clássica, respeitando o material original e desenvolvendo novos personagens e aventuras tão divertidas quanto. Ao longo dessas três temporadas tivemos participações especiais de diversos personagens adorados que faziam parte da programação de animação matinal do canal Disney na década de 1990. Toda a programação conseguiu encontrar um lar nas TVs brasileiras, mesmo distribuída entre programas e emissoras diferentes no início (com a ascensão da TV paga, o Disney Channel brasileiro replicou o formato), ainda assim conquistaram o público com séries como Esquadrilha Parafuso ou Tico e Teco e os Defensores da Lei. Na grade de animações, uma das melhores era Darkwing Duck, as aventuras do pato super-herói de St. Canard. 

Com o revival de Ducktales, a equipe criativa fez de tudo para incluir o máximo de referências aos seus programas do especial matinal, e assim tivemos rápidas e pontuais participações dos Defensores da Lei, Pateta e alguns vilões como Mancha Negra, originalmente um adversário de Mickey Mouse. Do catálogo de animações matinais, Darkwing Duck foi a mais proeminente em alguns episódios do novo Ducktales, que deu espaço para personagens como Robô Pato e a organização secreta F.O.W.L. Com isso, era questão de tempo até que o personagem recebesse seu próprio episódio, e ele veio em grande estilo em um especial de maior duração, que provavelmente serve como um piloto para um spin-off futuro, ou assim espero. 

Let’s Get Dangerous! tem de tudo. Esperar boas piadas e sequências de ação de Ducktales já se tornou algo óbvio, então os roteiristas precisaram se superar de alguma maneira. Assim, trouxeram um elenco impressionante para a dublagem dos personagens, além de um arsenal de participações especiais e referências. Então, já aviso que daqui para frente essa crítica será um campo minado de spoilers, continue apenas se gostar do perigo, tanto quanto Darkwing Duck.

Assumindo de vez o manto de Darkwing Duck, Drake Mallard tem um novo companheiro no combate contra o crime, o desastrado motorista de Patinhas, Capitão Bóing. Com a chegada da família pato na cidade, Patinhas aproveita para se atualizar em um de seus investimentos, enquanto Zezinho procura filmar um documentário sobre a rotina heróica do terror que surge na noite, mas parece que a cidade de St. Canard não têm visto muito crime nas últimas semanas. Contudo, as coisas estão para mudar. 

Há muito o que explorar neste episódio, mas vamos por partes. O roteiro foi escrito pelo próprio Francisco Angones, um dos showrunners da série, e ele não economiza nas referências. Em certos aspectos, Let’s Get Dangerous! serve como um remake do episódio piloto da série original, trazendo de volta vários elementos. O primeiro deles é o principal mcguffin da trama, uma arma chamada Ramrod, que antes era poderosa mas agora é capaz de alterar realidades e dimensões. 

Outro elemento reaproveitado é a presença de Tauro Buba (dublado pelo magnífico James Monroe Iglehart, substituindo o incomparável Tim Curry, que infelizmente não pôde participar por conta de sua saúde debilitada), seu primeiro inimigo aqui, como foi no piloto de 1991. É curioso como também tivemos a participação dos vilões MegaVolt, Patoringa, Liquidador e Pato Planta, mas ao invés de serem liderados por Negapato, que já foi introduzido no episódio The Duck Knight Returns!, decidiram manter apenas Buba como chefe. Entendo a decisão e ela não afeta negativamente a história, mas seria ainda melhor se tivéssemos uma ponta do Negapato. Estou pedindo demais de um episódio que já tem o trabalho de servir de continuação para a jornada da família pato, além de reboot para uma série clássica e introduzir novos personagens? Talvez. 

Por falar em introdução de personagens, falta mencionar a assistente virtual W.A.N.D.A., dublada por Jameela Jamil (The Good Place), e a sidekick Gosalyn Waddlemeyer, com a voz de Stephanie Beatriz (Brooklyn Nine-Nine). Uma mudança bem-vinda foi mudar o sobrenome de Gosalyn e sua história de origem. Na versão original, ela é a filha adotiva do herói, mas aqui ela tenta salvar o seu avô, preso em outra dimensão por conta do Ramrod. Essa nova narrativa mantém o espírito aventureiro e o seu talento para batalhas e armas, mas também faz com que ela tenha um passado e motivações mais fortes. Se realmente tivermos um spin-off, isso pode render algumas subtramas emocionantes. 

Aproveitando o debate sobre os dubladores, é sempre bom ter Lin-Manuel Miranda retornando para emprestar sua voz ao Robô Pato, outra presença que deixou o episódio mais recheado de participações especiais do que o normal. E vale mais uma vez elogiar o trabalho de Chris Diamantopoulos, que consegue assumir a identidade de Drake Mallard e Darkwing Duck de forma tão natural quanto David Tennant e seu Patinhas. Até a habilidade para aliterações é a mesma, o que fez dos discursos do herói um dos pontos altos do episódio. 

Por conta da trama que envolve um portal dimensional, os roteiristas foram capazes de inserir mais uma ponta especial, dessa vez do personagem Bonkers, o que achei uma surpresa porque ele tem sido bem negligenciado pela própria Disney nos últimos anos, mas adorei ver o policial atrapalhado mais uma vez. Além disso, diversas piadas com a animação clássica, até mesmo recriando uma sequência de Catch as Cash Can, da primeira temporada do Ducktales original. Isso me fez questionar se a série de 1987 existe dentro do universo do novo Ducktales, ou se a dimensão exibida no episódio é a nossa dimensão, mas transmitida através das nossas televisões. Essa brincadeira metalinguística fica ainda mais complicada quando Capitão Boing começa a mencionar o nome de episódios “reais” de Darkwing Duck e o portal “sintoniza” na frequência da animação de 1991. É complicado, mas faz sentido na trama. 

Até a publicação desse texto, Ducktales não foi renovada para uma quarta temporada, o que indica que essa realmente esteja seguindo para seus episódios finais. Com Patinhas descobrindo os planos da F.O.W.L., podemos nos preparar para uma conclusão tão grandiosa, talvez maior, quanto a batalha de Moonvasion!. Let’s Get Dangerous! corria o risco de não conseguir estabelecer todos os elementos que introduz, mas acaba sendo a prova definitiva de que Ducktales não erra. 

Let’s Get Dangerous! (EUA, 19 de outubro de 2020)
Direção: Matthew Humphreys, Jason Zurek
Roteiro: Francisco Angones, Colleen Evanson
Elenco: David Tennant, Danny Pudi, Bobby Moynihan, Ben Schwartz, Lin-Manuel Miranda, Chris Diamantopoulos, Jameela Jamil, Stephanie Beatriz
Duração: 44 min.

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