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Crítica | Duelo de Titãs (1959)

por Guilherme Coral
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Em Duelo de Titãs, o mais que experiente no gênero Western, John Sturges, nos traz uma história sobre vingança, família e amizade, colocando de encontro o velho Oeste com o novo. Temos aqui um filme consideravelmente simples. Estamos no apogeu do Western Clássico, no momento preciso de sua transformação e já podemos observar isso claramente nestes noventa minutos de projeção.

Após sua esposa ter sido estuprada e assassinada, o delegado Matt Morgan (Kirk Douglas) decide ir atrás dos culpados. As coisas, porém, não são tão simples e logo ele descobre que o filho de seu velho amigo, Craig Belden (Anthony Quinn), praticamente dono da cidade Gun Hill, foi o principal envolvido no ocorrido. Determinado a ver justiça, Morgan vai contra os desejos (e conselhos) do amigo e decide levar Rick Belden até sua cidade, onde será julgado. Recusando-se a desistir, Matt logo cria um grande adversário que coloca toda Gun Hill em seu encalço.

Duelo de Titãs não nos traria nada fora do comum quando se trata de um Western. Afinal, estamos ainda no período da montagem e da fotografia clássica, onde a linguagem convencional prioriza a total imersão do espectador, utilizando transições imperceptíveis. O longa-metragem se passa, principalmente dentro das cidades, portanto nada de grandes planos abertos de cavalgadas ou travessias das pradarias, como em Uma Cidade que Surge. Onde, então, a obra se destaca?

Como dito anteriormente, Sturges sabe muito bem trabalhar nesse período de transição e coloca o foco na construção de seus dois personagens centrais: Matt e Craig. O primeiro é o clássico herói do cinema americano – honrado, bondoso, corajoso, quase infalível. Enquanto que o segundo conta com uma crueza de espirito maior, um homem com a cidade em seu bolso e que não mede esforços para manter o respeito. O interessante ocorre no encontro entre os dois. Morgan, que representa um Oeste menos violento, mais novo acaba voltando para os velhos métodos, aos tempos anteriores às ferrovias. Ele luta para trazer a lei dentro desse cenário. Belden, por sua vez, reluta em agir violentamente quando vê o amigo e até o fim procura uma saída alternativa, como se, momentaneamente, trocassem de papéis.

Uma grande tensão é gerada por esse conflito de amizade que não define, necessariamente, um herói e um vilão – temos dois homens com os quais conseguimos simpatizar, ambos com seus motivos específicos para não andarem para trás. O roteiro de James Poe caminha por essa narrativa, tornando a problemática cada vez mais insustentável, garantindo nossa atenção a cada etapa do processo.

O mesmo êxito, contudo, não pode ser atribuído à trilha sonora. Funcionando contra o tom gerado pela história, a música de Dimitri Tiomkin soa desconexa dos eventos que transpassam na imagem. Muitas vezes a ação dramática é praticamente arruinada por melodias perdidas. Felizmente, tal característica se concentra, principalmente, na primeira metade da obra, voltando a aparecer com força somente nos momentos de maior agitação.

Relevando, a certo custo, esse deslize, podemos apreciar plenamente este filme de John Sturges. Com uma história simples e personagens bem construídos, o diretor consegue nos entregar uma história que nos prende do início ao fim, formando um efetivo drama que sabe exatamente se situar nesse período de transição do Western.

Duelo de Titãs (Last Train from Gun Hill – EUA, 1959)
Direção:
 John Sturges
Roteiro: James Poe
Elenco: Kirk Douglas, Anthony Quinn, Carolyn Jones, Earl Holliman, Brad Dexter, Bing Russell
Duração: 95 min.

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