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Crítica | Duro na Queda – 1X01 e 02: Piloto

Celebrando os dublês!

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna semanal dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 05
Número de episódios: 113
Período de exibição: 04 de novembro de 1981 a 02 de maio de 1986
Há continuação ou reboot?: Não, mas, na data de publicação da presente crítica, há um filme em produção baseado na série que, ao que tudo indica, será lançado em 2024.

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Depois de tornar-se um ícone da cultura pop como o homem biônico Steve Austin, em O Homem de Seis Milhões de Dólares, que foi ao ar entre 1973 e 1978 gerando uma série spin-off e três telefilmes, Lee Majors começou os anos 80 como o também icônico – ainda que bem menos – dublê hollywoodiano Colt Seavers que faz bico como caçador de recompensas, correndo atrás de fugitivos da Justiça. Dirigindo a inesquecível picape GMC K-2500 Wideside em dois tons de marrom e contando com a ajuda da também dublê e sua assistente Jody Banks (a inacreditavelmente bela Heather Thomas) e de seu sobrinho metido a galã Howie Munson (Douglas Barr), Seavers divide seu tempo entre arriscar sua vida nos sets de filmagem e na vida real, sempre usando suas habilidades para sair razoavelmente ileso de todas as encrencas em que se mete.

Provavelmente inspirada em Hooper, o Homem das Mil Façanhas, filme de 1978 estrelado por Burt Reynolds como um dublê já perto da idade de aposentadoria – o ator é até citado nominalmente na música-tema, Unknown Stuntman, que, aliás, é cantada pelo próprio Majors -, Duro na Queda (esse título em português é excelente!) é uma criação do prolífico Glen A. Larson, responsável pela versão original de Battlestar Galactica, Buck Rogers, Magnum e A Super Máquina, que escreveu um simples, mas bem cadenciado piloto em forma de telefilme, que era padrão na época, em que apresenta seu protagonista já como ele é, ou seja, um dublê maduro, que reclama que sua profissão não é reconhecida ou bem remunerada e que faz bicos como caçador de recompensas inicialmente para a afiançadora Samantha “Big Jack” Jack (Jo Ann Pflug). A chegada de seu sobrinho já adulto Howie Manson é que funciona como “evento de início”, já que Austin, que pagou seus estudos, achava que o jovem havia se força em alguma universidade de elite, mas que, na verdade, nunca se firmou em lugar algum e, agora, quer trabalhar com seu tio.

Em outras palavras, o telefilme piloto evita uma das armadilhas que assolam séries que começam com um longa-metragem, ou seja, o uso da primeira metade da duração para situar o espectador sobre seu protagonista e os principais coadjuvantes, estabelecendo um passo normalmente modorrento para a narrativa. Em Duro na Queda, não há preparação alguma e a narração inicial – semelhante à de Esquadrão Classe A, que estrearia dois anos depois – dá conta do recado, permitindo que a ação comece imediatamente já com Seavers sendo introduzido em suas duas profissões e sem perder tempo para já inserir Munson na história. O foco da ação é duplo, com duas missões para Seavers que são inicialmente semelhantes – achar fugitivos -, mas que têm panos de fundo bem diferentes e que o roteiro de Larson sabe entrelaçar e, lá pelo terço final, fazer convergir.

Na primeira missão, Seavers e Munson (infelizmente, Banks não ganha quase destaque algum aqui) precisam achar o músico Country Joe (Lou Rawls), conhecido de Seavers, que é obrigado a se tornar fugitivo para escapar de traficantes de drogas que usam seu ônibus itinerante para a distribuição do produto ilegal. Na segunda e mais onipresente, o aparentemente milionário Big John Cramer (Eddie Albert) atropela e mata uma criança – em uma sequência forte, considerando a época, o público alvo e o fato de a série passar em TV aberta nos EUA – e foge para sua cidadezinha no Arizona, onde ele é, na verdade, o xerife. São duas linhas narrativas bem diferentes entre si e inicialmente também completamente separadas, mas que, daquele jeito bem telefilme de ser, Larson dá um jeito de costurar, o que reduz aquela sensação de que a obra não passa de dois episódios costurados como um.

Como tornar-se-ia padrão na série, a abordagem é leve e Seavers é um durão de coração mole que sequer usa armas de verdade para se proteger, preferindo uma falsa de estúdio somente para assustar quem ele precisa assustar. Nem mesmo bom de briga ele é, já que ele apanha constantemente. Mas o carisma de Majors funciona sempre, mesmo que ele não seja lá um ator com alguma profundidade dramática, além de a presença bobalhona de Barr criar os alívios cômicos necessários. Além disso, tudo acaba em um festival de uso de dublês em sequências de ação e perseguição muito divertidas que acabam com Seavers usando um helicóptero para levar o carro dos traficantes de drogas para o topo de uma montanha no meio do lago em um daqueles exageros hilários que era comum na série. Ironicamente, porém, esse uso extensivo de dublês de toda sorte não ganha o reconhecimento que devia em uma série que é basicamente uma homenagem a eles…

Da mesma maneira, o piloto sedimenta outra tradição na série, que é a participação especial de atores e atrizes vivendo eles mesmos, normalmente em sets de filmagem em que Seavers é o dublê. Aqui, no início, temos uma breve aparição de James Coburn, ator de gênero famoso por Sete Homens e um Destino e Fugindo do Inferno, ao final, e de ninguém menos do que da estonteante loira Farrah Fawcett, que, à época, ainda era casada com Majors e havia estrelado em O Homem de Seis Milhões de Dólares, além da inesquecível primeira temporada de As Panteras.

Duro na Queda, assim como a série anterior de Majors, teria cinco temporadas (mas com um número total de episódios maior) e terminaria por sedimentar a imagem icônica do ator em Hollywood, ainda que ele nunca mais tenha conseguido real destaque em sua profissão. No entanto, seus Steve Austin e Colt Seavers marcaram uma geração inteira e poucos atores conseguem isso em relativamente tão pouco tempo.

Duro na Queda – 1X01 e 02: Piloto (The Fall Guy – EUA, 04 de novembro de 1981)
Criação:
Glen A. Larson
Direção: Russ Mayberry
Roteiro: Glen A. Larson
Elenco: Lee Majors, Douglas Barr, Heather Thomas, Jo Ann Pflug, Paul Williams, Eddie Albert, Lou Rawls, Tracy Reed, Carl Eller, Percy Rodrigues, James Coburn, Farrah Fawcett
Duração: 95 min.

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