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Crítica | Eli (2019)

por Fernando Annunziata
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“-Sabe o que aconteceu com o garoto que fez perguntas demais?

-Obteve respostas?”

Eli é mais um terror que promete muito, porém o roteiro preguiçoso, recheado de dilemas comuns ao gênero e jump scares que só assusta quem nunca assistiu um terror na vida, transforma o longa em uma grande vergonha. Além disso, a falta de comprometimento dos roteiristas em finalizar uma história coerentemente é uma grande falta de respeito com quem perde o tempo assistindo ao projeto.

Eli (Charlie Shotwell) sofre de uma rara doença que o deixa alérgico a quase tudo, incluindo o mundo exterior. Na tentativa de curar o filho, Rose (Kelly Reilly) e Paul (Max Martini) levam o garoto para a Doutora Horn (Lili Taylor). A médica utiliza métodos duvidosos, ao passo que cada vez mais afeta a sanidade de Eli.

Apenas destaco a brilhantíssima pauta. Com esse tema, seria possível construir uma história voltada ao terror psicológico, recheada de sequências claustrofóbicas, como a do garoto desesperado ao tocar o mundo exterior, por exemplo. Eli de fato se apropria dessa ideia, porém ela parece jogada no primeiro ato, não aparecendo mais depois, de modo que não influencia em nada no decorrer da história. Além disso, a doença do garoto não é desenvolvida em qualquer momento da narrativa, e é rapidamente deixada de lado com a desculpa de que a casa de Horn é totalmente livre de contaminação. A brilhantíssima pauta, enfim, foi só uma desculpa para deixar os protagonistas presos na casa e não os possibilitarem de saírem correndo desesperados.

O roteiro também não quis explorar brilhantíssimas ideias nas cenas de susto. Os jump scares são tão comuns que parecem ser escritos por uma criança: fantasmas sussurrando, vidros batendo, barulhos de madeira estalando, sombras em cortinas, entre outros. E isso não é só em momentos específicos do filme, o segundo ato é literalmente apenas disso. O pior de tudo é que o terceiro não precisava do segundo ato. Sim! assistimos grande parte do filme inutilmente.

SPOILERS!

Parece que os três roteiristas brigaram para cada um ter sua parte na trama. Se analisarmos o primeiro e o segundo atos com o terceiro, eles são completamente dissociáveis. No terceiro, partimos para uma história com poderes demoníacos, freiras, exorcismos, fantasmas do bem e… Satã!? Lembre que a premissa era de um garoto com uma doença rara…

O que salva o filme do desastre total são as atuações e o CGI. O trio de adultos atua com louvor, enquanto Shotwell e Sadie Sink, como Haley, seguram a barra durante toda a trama. Já o CGI é mais notável no final do terceiro ato, entretanto é algo que marca positivamente todo o filme. A cena em que Eli coloca três freiras de ponta cabeça e as queima, apesar de super pesada, é uma das mais belas da Netflix.

Eli é uma grande perda de pauta. O roteiro não se sustenta e parece uma briga de crianças para aparecer nas telas. Sorte que os efeitos visuais e as atuações salvam o filme da nota mínima. Tomara que roteiristas mais competentes se inspirem no tema e produzam uma obra digna da mesma pauta…

Eli – EUA, 2019
Direção: Ciarán Foy
Roteiro: David Chirchirillo, Ian Goldberg, Richard Naing
Elenco: Charlie Shotwell, Kelly Reilly, Max Martini, Lili Taylor, Sadie Sink, Deneen Tyler, Katia Gomez, Austin Foxx, Kailia Posey, Parker Lovein, Lou Beatty Jr., Jared Bankens, Nathaniel Woolsey, Mitchell de Rubira
Duração: 98 minutos.

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