Home FilmesCríticas Crítica | Ender’s Game – O Jogo do Exterminador

Crítica | Ender’s Game – O Jogo do Exterminador

por Guilherme Coral
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estrelas 1,5

Confesso ter ido assistir Ender’s Game não esperando muito. Não li os livros nos quais foi baseado e tampouco sabia qualquer coisa sobre eles. Ainda assim consegui sair do cinema decepcionado.

O Jogo do Exterminador nos coloca a par de seu universo nos primeiros minutos de projeção. A Terra foi invadida por uma raça alienígena, os Formics. Após conseguirem, por pouco, expulsar os invasores do planeta, a raça humana passou a treinar crianças com grande potencial intelectual desde cedo para que se tornem comandantes das frotas contra os Formics.

Nesse contexto entra Ender Wiggin, o protagonista da história. No início do filme assistimos o jovem no primeiro estágio de seu treinamento e conforme o filme progride vemos uma etapa adiante. É uma premissa interessante e não posso dizer de seu desenrolar no livro – no filme, contudo, tudo é abordado de maneira muito rasa.

Desde o começo, Ender já é enxergado como especial por Coronel Graff (o responsável pela escolha dos futuros comandantes). Durante todo o desenrolar da trama parece que a ascensão de Ender é fruto do favoritismo do coronel, ao invés dos próprios méritos do garoto. Isso também é culpa da superficialidade das cenas de triunfo de Wiggin. O filme é ausente de evolução de personagem.

Definitivamente o maior problema do filme é sua falta de credibilidade. O treinamento e a retratação das crianças não passa nenhuma seriedade ao filme. Tudo parece como um vídeo-game e crianças liderando frotas estelares se portando e falando como adultos não é de fácil aceitação. Não há nenhuma explicação do porquê utilizam crianças para tal, ao passo que poderiam ser treinados por mais tempo.

O longa poderia ter realizado indagações, imposto perguntas relacionadas à banalidade da guerra (polemizando o uso de drones), o fato dos comandantes ficarem distantes do campo de batalha, controlando tudo como em um jogo e a seriedade de se colocar crianças para guerrear. Ao invés disso vemos problemas morais rasos, que somente no final dão um indício do que poderiam ser.

Os inúmeros clichés do roteiro também não ajudam, tirando qualquer inovação da trama. Isso é ainda mais acentuado pelo fato do filme inteiro se passar durante o treinamento de Ender, que acaba tirando a tensão e o sentimento de urgência dos tão falados Formics, que deixaram tantos inocentes mortos (isso é repetido quase o filme todo).

Não bastassem todos esses elementos que acabam tirando a imersão da obra, deixando-a entediante, o filme ainda conta com inúmeras cartas escritas por Ender à sua irmã. Em diversas cenas ouvimos a narração em off dessas cartas, que são inteiramente desnecessárias – uma explicação do que já estamos vendo na tela, como se não acreditassem na inteligência dos espectadores (algo como Gandalf tendo que falar “Sauron” em a Desolação de Smaug).

Para não dizer que o filme é uma total perda de tempo, ele conta com Ben Kingsley (não, Harrison Ford não se salva dessa) e uma trilha sonora agradável e, como eu já disse, uma boa premissa.

Ender’s Game: O Jogo do Exterminador é um daqueles filmes que “poderiam ser”. Ele introduz dilemas morais e não trabalha em cima deles, deixando uma narrativa vazia e tediosa. É um filme com crianças (atuando desconfortavelmente)  interpretando adultos jogando vídeo-games.

Ender’s Game – O Jogo do Exterminador (Ender’s Game) – Estados Unidos, 2013
Direção: Gavin Hood
Roteiro: Gavin Hood, Orson Scott Card ( escritor do livro)
Elenco: Asa Butterfield, Harrison Ford, Ben Kingsley,  Hailee Steinfeld
Duração: 114 min.

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