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Crítica | Escape Room (2019)

por Gabriel Carvalho
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“Sobreviver é uma escolha.”

Há uns meses essa seguinte afirmação não estaria tão incorreta: o nome de Adam Robitel, responsável pelo fraquíssimo Sobrenatural: A Última Chave, é um motivo de preocupação a ser considerado por qualquer entusiasta do gênero de horror, antes de comprar um ingresso para o cinema. Um artista que até agora não se mostrou competente no comando de uma peça cinematográfica conseguiria atravessar, para um conceito suficientemente interessante, as barreiras do genérico e esquecível? Ao explorar o popular jogo conhecido como Escape Room, em que um grupo de pessoas deve procurar pistas para desvendar cômodos e passar para os próximos, Robitel surpreende a crítica por conseguir, esporadicamente mesmo assim, concretizar visualmente e narrativamente os seus anseios por um entretenimento que conquista por não ser completamente ruim. Justamente quando se vê como diversão que Escape Room então entretém.

Contudo, não é nada surreal, perante o parcial sucesso em questão, apontar as ordinarices que aparecem equivocadamente no longa. Esse é um daqueles casos clássicos, por exemplo, em que uma premissa instigante, necessariamente coberta por mistérios, se encerra com uma explicação extremamente expositiva. A verborragia aparece assim que o clímax narrativo é alcançado. Além do mais, Escape Room, recorrendo a uma quebra de ritmo, permite em dois momentos os seus personagens simplesmente sentarem, pararem o jogo e contarem as suas histórias, portanto explicando as coincidências e as artimanhas. Anteriormente, a narrativa conseguia, no entanto, com muita sagacidade até, paralelamente à movimentação do entretenimento mais puro, explorar elementos externos ao jogo por si só. Ou seja, a condução do mistério, um porquê para o caos tornar-se realidade, acompanhava os quebra-cabeças recriados em cenários pautados no criativo.

Mas esse também é o caso de um horror que não resiste às convenções, como a desnecessária introdução para três personagens e que pouco acrescenta a cada um deles. Toda carga dramática do longa-metragem será disposta durante a execução do jogo, portanto, por que não apresentar o jogo de uma vez por todas? Os primeiros passos do projeto promove, porém, uma previsibilidade sobre quem é importante e quem não é. Taylor Russel, Logan Miller e Jay Ellis são os nomes mais importantes nessa obra e quem não perceber isso é ingênuo demais. Em contrapartida, Robitel é pontualmente mais sagaz nessa sua consciência de criar um senso puro do jogo pelo jogo, especialmente em como apresenta a primeira das salas. Caso o texto fosse mais inteligente, a sequência inicial construiria as relações – o enredo entende uma aproximação dos personagens – para prontamente aceitar a sua essência, um thriller “aventuresco” com ótimos momentos de ação.

E apenas uma reviravolta, por parte do roteiro, que transforma a obra, acrescenta à tensão muito própria do longa-metragem. Já o comando de Robitel, surpreendendo a todos, é o que engrandece outras passagens, como um embate psicodélico esteticamente fascinante no terço derradeiro de Escape Room. O que também pode diferenciar o conjunto de outros casos é uma emancipação do horror gráfico, simplesmente rejeitando o sangue como possibilidade dramática. Jogos Mortais possuía um interesse muito claro no gore, enquanto Escape Room, apesar de parecer ser uma versão repaginada do clássico, não se preocupa nenhum pouco com as mortes. Uma aventura para a família, o que não é problema algum. Em três dos cômodos apresentados, Robitel é um cineasta maior que si mesmo, explorando com entusiasmo a ótima cenografia, as dimensões de espaço e o desespero dos personagens. Um bar invertido é o auge desse escape cinematográfico.

Escape Room – EUA, 2019
Direção: Adam Robitel
Roteiro: Bragi Schut, Maria Melnik
Elenco: Taylor Russell, Logan Miller, Deborah Ann Woll, Tyler Labine, Jay Ellis, Nik Dodani, Yorick van Wageningen, Kenneth Fok, Adam Robitel, Jessica Sutton, Jamie-Lee Money, Dan Gruenberg
Duração: 100 min.

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